Prova Brasil, ANA, Ideb... Saber analisar os resultados das avaliações externas para refletir sobre as práticas pedagógicas da escola e aprimorar o ensino e a aprendizagem é um desafio para todo gestor.
Enfrentá-lo exige que diretores, coordenadores pedagógicos e técnicos da secretaria adotem uma série de ações: fazer a leitura e a análise detalhada do boletim com os resultados, reunir a equipe para debater as informações obtidas e, com base no diagnóstico e nas reflexões realizadas, preparar um plano para transformar tudo isso em trabalho efetivo na escola.
Nas próximas páginas, você encontra dicas importantes sobre como colocar essas ações em prática. É ao passar por todas essas etapas – leitura de dados, diagnóstico e plano de ação – que será possível obter mudanças reais no ensino e na aprendizagem.
Este material foi elaborado com base no Programa Avaliação e Aprendizagem, iniciativa da Fundação Itaú Social com coordenação técnica da Comunidade Educativa Cedac e cujo objetivo é contribuir para ampliar o uso pedagógico dessas avaliações.
Desde 2011, o programa desenvolveu estudos sobre os usos das avaliações externas com as secretarias municipais e estaduais de Educação, oficinas em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), ações de formação para gestores e técnicos das equipes de várias redes e publicações para educadores.
A atuação ocorreu em Goiás, São Paulo, Minas Gerais, no Ceará, Paraná, Pará, Espírito Santo, Tocantins e Maranhão.
Parâmetros essenciais
Foi em 1988 que o Ministério da Educação (MEC) criou o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Desde então, foram várias as mudanças, da adoção de novas metodologias que permitem a comparação de dados ao longo do tempo à inclusão de informações para aumentar a relevância pedagógica do material fornecido às escolas e aos sistemas de ensino.
A análise dos resultados das avaliações possibilita a criação de um painel da Educação no país, ferramenta fundamental na elaboração de políticas públicas para a área. Em uma perspectiva política, elas contribuem para definir qual o direito de aprendizagem básico que todo aluno deve ter assegurado. Esses parâmetros são essenciais para que as redes e as escolas reflitam quais são as estratégias para promover uma Educação de qualidade.
São muitas as perguntas que surgem após o diagnóstico feito com base nesses resultados. Onde melhoramos e quais práticas permitiram isso? Como mudar os pontos em que não houve avanço? Precisamos dar mais atenção à formação dos docentes? Criar grupos de apoio aos alunos com dificuldades?
Vale lembrar que, apesar das avaliações serem feitas com os estudantes que estão no fim de cada ciclo do Ensino Fundamental e Médio, elas não se referem apenas àqueles anos. Elas refletem um percurso que se inicia na Educação Infantil. Para os alunos chegarem aos anos finais dominando as competências exigidas, há um trabalho desenvolvido ano a ano. Por isso, é importante envolver todos os docentes, independentemente da área e do ano de atuação, nos debates sobre os resultados. As ações propostas devem considerar as condições de ensino e aprendizagem ao longo da escolaridade, assegurando que todos se corresponsabilizem pelo processo.
Há, porém, limites. Avaliação externa não acompanha o aluno individualmente. Daí ser essencial a avaliação interna, que permita saber o desempenho de cada um, e também analisar as práticas pedagógicas e as condições gerais da escola. É a articulação de todas essas informações que dará um retrato completo para gestores e docentes melhorarem o processo de ensino e garantirem o direito à aprendizagem de cada e toda criança e jovem.
1
nível sócio
econômico |
2
formação docente
|
|
anos iniciais |
anos finais |
|
grupo 3 |
41.10% |
19.30% |
5º | 9º | |
3
alunos que realizaram a prova
|
30 | 54 |
4
taxa de participação da escola
|
90.91% | 100% |
abaixo do nível 1 | nível 1 | nível 2 | nível 3 | nível 4 | nível 5 | nível 6 | nível 7 | nível 8 | nível 9 | nível 10 | |
3
sua escola
|
3.33 | 10 | 36.7 | 10 | 30 | 6.7 | 3.33 | 0 | 0 | 0 | 0 |
4
escolas similares
|
16.6 | 19.12 | 24.5 | 19 | 10.6 | 6.5 | 1.9 | 1.28 | 0.37 | 0 | 0 |
total município | 14.86 | 21.63 | 24.3 | 19 | 10.5 | 5.4 | 2.71 | 1.16 | 0.1 | 0 | 0 |
total estado | 18.93 | 19.23 | 23.4 | 18.3 | 10.6 | 5.6 | 2.58 | 0.94 | 0.3 | 0.13 | 0 |
total Brasil | 5.81 | 9.04 | 15.19 | 18 | 17.21 | 14.35 | 10.12 | 5.91 | 2.87 | 1.4 | 0 |
O plano de ação é uma ferramenta essencial para planejar e colocar em prática o trabalho necessário considerando o diagnóstico obtido com base na análise dos resultados das avaliações externas e internas. A meta principal é assegurar a melhoria das condições de ensino e aprendizagem e não apenas aumentar a nota da escola nessas avaliações.
O primeiro passo é feito pela dupla gestora. Diretor e coordenador pedagógico devem sistematizar os dados de aprendizagem dos alunos relacionados aos resultados de Leitura e de Matemática na Prova Brasil (ou em outro exame externo) e também nas avaliações de sala de aula (em geral, realizadas bimestralmente). A sugestão é que as ações e discussões propostas para cada disciplina sejam feitas em momentos distintos. Com essas informações reunidas dá para os gestores seguirem com as ações abaixo:
Como foi feita a pesquisa “Uso da Avaliação Externa por Equipes Gestoras e Profissionais Docentes: um Estudo em Quatro Redes de Ensino Público”?
GIMENES – A pesquisa aconteceu nas redes do Espírito Santo e das cidades de São Paulo, Castro, no Paraná, e Sorocaba, no interior paulista. Ao todo visitamos 16 escolas. Escolhemos esses lugares para avaliar como sistemas de tamanhos e abordagens diferentes se apropriavam do uso das avaliações externas. O município de Castro possui uma rede pequena, mas conta com sistema próprio de avaliação. Já o estado do Espírito Santo é uma rede de porte médio que também conta com o próprio sistema de avaliação. A rede da cidade de São Paulo foi selecionada pela extensão e complexidade. E, por fim, fomos a Sorocaba porque se trata de um município que, apesar de não possuir um sistema de avaliação, desenvolveu a própria política de avaliação ao sistematizar os dados do Sistema de Avaliação da Rede do Estado de São Paulo (Saresp) e da Prova Brasil. Durante a pesquisa, trabalhamos em duas dimensões. Em uma delas, analisamos o uso das avaliações externas pela secretaria e pelos órgãos intermediários de gestão. Em outra, investigamos o uso feito pelas escolas.
Quais foram as conclusões?
GIMENES – Primeiro que existem diversas interpretações dos resultados das avaliações externas por parte dos atores educacionais. Quando falamos em atores, estamos nos referindo, por exemplo, às secretarias de Educação, aos gestores de escola e aos professores. Para se ter ideia, uma das escolas visitadas se apropriou da escala de proficiência em Matemática e Língua Portuguesa (avançado, básico e abaixo do básico) para também avaliar o comportamento dos alunos. A escola vai se apropriando dessa estrutura e pode gerar equívocos do ponto de vista pedagógico, como o que acabei de citar. Outra conclusão é que há lacunas nas políticas de formação inicial e continuada para fazer o uso pedagógico dessas avaliações e também poucas discussões entre secretarias e escolas em relação aos resultados.
Quais são os principais entraves para que as secretarias de Educação, os gestores de escola e os professores possam tirar proveito pedagógico das avaliações externas e internas?
GIMENES – Para começar, muitos dos cursos de Pedagogia e licenciatura, como Letras e Matemática, que formam os professores para o Ensino Fundamental e Médio, pouco falam e discutem sobre as diferentes dimensões de avaliação. Ou seja, muitos professores saem da faculdade sem nada sistematizado nesse sentido. Em 2008, fizemos uma pesquisa (“Formação de Professores para o Ensino Fundamental: Instituições Formadoras e seus Currículos”2) em parceria com a Fundação Victor Civita para analisar currículos de cursos de Pedagogia e licenciatura em Letras, Matemática e Ciências Biológicas. Descobrimos que em apenas 2% deles se falava de avaliação.
Em relação às avaliações externas, percebemos durante a pesquisa que o órgão gestor (como as secretarias de educação) e as escolas se apropriam delas de maneira particular. Isso porque faltam orientações claras a respeito de como uma escola ou secretaria poderia utilizar melhor essas avaliações. O sistema de avaliações externas se iniciou com mais força no Brasil nos anos 1990, sem a pretensão de trazer resultados específicos de cada escola, mas sim revelar dados mais amplos acerca das políticas de Educação pública implementadas pelas secretarias estaduais e pelo Governo Federal.
Entretanto, em 2005, surgiu a Prova Brasil com caráter censitário. Ou seja, todas as escolas públicas com o 5º e 9º anos passaram a ser obrigadas a participar da avaliação e também a contar com o resultado particular. Agora, o Governo Federal e as secretarias estaduais querem que as escolas se apropriem e façam uso desses dados, mas há pouca orientação sobre como efetivamente utilizar os resultados dentro do âmbito escolar, embora notamos cada vez mais esforços na criação de mecanismos para a melhor apropriação das informações obtidas nessas avaliações. Por exemplo, o Inep tem uma plataforma online chamada de Devolutivas Pedagógicas que traz informações valiosas para as escolas.
Então falta informação?
GIMENES – Mais que isso: falta formação. A informação até existe, mas a grande dificuldade é saber se apropriar e trabalhar com esses dados de diferentes maneiras. Inclusive, em muitos casos, isso exige uma formação específica para analisar tabelas e gráficos, por exemplo. Vamos supor que a média da minha escola seja 5.6. O que isso significa de fato? Quais outros dados, além do resultado na Prova Brasil, podem ajudar a explicar aquela nota?
Quando falo que existe informação me refiro ao fato de algumas redes reunirem os professores em um ginásio esportivo para ouvir uma palestra de duas horas de algum especialista como se isso fosse capaz de orientá-los a fazer uso mais sistemático das avaliações. O ideal é oferecer uma formação de longo prazo e caráter prático. Não adianta só passar teoria ou então tirar apenas um dia para avaliar esse assunto. A questão das avaliações precisa estar inserida no cotidiano da escola como um todo, precisa estar articulada a outros programas e projetos da rede.
Como instituir nas redes e nas escolas uma cultura de interpretação pedagógica dos resultados?
GIMENES – Como disse, é preciso investir na formação dos recursos humanos, tanto da equipe da secretaria, quanto da escola. E, a meu ver, o profissional chave para implementar de fato a política de formação em avaliação dentro da escola é o coordenador pedagógico. Durante a pesquisa, percebemos que as escolas com maior domínio em avaliação tinham um coordenador pedagógico sintonizado com essa temática, que sempre colocava o assunto em pauta durante as reuniões com os professores. Além disso, capacitar o coordenador pedagógico pode ser uma boa estratégia para redes maiores, que possuem uma grande quantidade de docentes. No caso, é mais fácil formar os coordenadores pedagógicos, que são em menor número.
De que maneira essas avaliações podem auxiliar e qualificar o trabalho pedagógico realizado?
GIMENES – A primeira coisa é saber que as avaliações externas não anulam a importância das avaliações preparadas e aplicadas pelo professor em sala de aula. Elas são complementares e precisam ser vistas de maneira articulada. Outra questão é que os resultados das avaliações externas são um dos componentes que ajudam na hora de fazer uma avaliação mais ampla. Ou seja, é preciso articular esse resultado com outros dados, como o nível de distorção idade/série e as condições de trabalho dos professores, para se chegar a uma análise mais ampla e consistente da escola e da rede. Para deixar mais claro, gosto de usar o seguinte exemplo: o termômetro é a medida para que eu possa avaliar se uma criança está com febre. Com base na informação de que essa criança está com temperatura corporal de 38 graus vou tomar uma decisão para combater aquele quadro febril. Nesse sentido, as avaliações de desempenho são o termômetro para que a escola e a rede pensem em ações educacionais amplas e efetivas.
Qual a importância de se analisar os resultados da Prova Brasil?
SILVA – A grande maioria das secretarias sabe que os resultados existem, mas não os conhece de forma aprofundada. Os técnicos se ressentem de falta de formação, não sabem como esses resultados são compostos, como fazer a divulgação deles nas redes. Essa, inclusive, era a situação da nossa secretaria. Mas hoje sabemos que os resultados não são meros números. Eles mostram a situação em que a rede se encontra e, no nosso caso, fez com que a equipe da secretaria saísse da zona de conforto ao se deparar com os dados do município.
Por que a secretaria de Educação de Miranda do Norte resolveu fazer uma leitura mais detalhada dos resultados da Prova Brasil?
SILVA – A história começa em 2009. Naquele ano ficamos muito incomodados com os baixos resultados da rede: caímos 0,5 ponto no Ideb e a maioria das escolas não conseguiu alcançar a meta prevista pela secretaria. Daí resolvemos tomar uma atitude em relação a isso. Já em 2009 passamos por oficinas de formação oferecidas por um programa de formação e começamos a entender, por exemplo, o que era Ideb, o significado dos resultados da Prova Brasil e como o MEC chegava a esses dados. Isso abriu a cabeça da equipe da secretaria.
Em 2012, de posse desses conhecimentos, começamos a analisar de maneira mais profunda os resultados da Prova Brasil em reuniões internas com a equipe da secretaria para descobrir o que havia por trás daqueles dados. As reuniões aconteceram quinzenalmente ao longo de seis meses e contaram com a participação da subsecretária, de todos os coordenadores e também dos sete técnicos da secretaria.
Qual foi o próximo passo?
SILVA – Foi levar essa discussão para as escolas ainda em 2012. Em reuniões mensais e conjuntas com os diretores e os coordenadores pedagógicos da rede a gente apresentava o que era o Ideb, discutia, entre outros assuntos, qual era o papel da secretaria, da dupla gestora da escola e dos professores no desempenho da instituição na Prova Brasil. Discutíamos também porque a nota da rede estava baixa e quais medidas poderíamos tomar em conjunto. A gente também começou a realizar reuniões nas escolas com o diretor, o coordenador pedagógico e os professores. Essa parte representou um desafio bem maior para a secretaria.
Por quê?
SILVA – Nas escolas, ninguém assumia a própria parcela de responsabilidade naquele resultado. Em geral, os diretores e coordenadores pedagógicos colocavam nos professores a culpa pelos baixos resultados da escola na Prova Brasil. Já os docentes colocavam a culpa nos pais dos alunos ou então nos próprios estudantes. Outro empecilho: os professores ficavam com o pé atrás em relação ao trabalho que a secretaria queria fazer, achavam que não ia adiantar nada, que era perda de tempo, que a situação da Educação nunca mudaria de fato em nosso município.
A gente, então, trabalhou essas questões nas reuniões mensais com diretores e coordenadores pedagógicos e depois em reuniões bimestrais com os docentes. Nessas oportunidades, mostrávamos que todos nós, secretaria e escola, tínhamos grande responsabilidade naqueles resultados da Prova Brasil. Um ponto importante foi mostrar que a secretaria era parceira e não inimiga da escola.
Outro item fundamental em nome de uma relação harmoniosa entre todos os envolvidos: antes de levar qualquer assunto para os professores, a gente discutia previamente a questão com a equipe gestora da escola.
Atualmente os diretores e coordenadores pedagógicos têm autonomia para realizar os encontros com os professores sem a presença dos técnicos da secretaria. De qualquer maneira, continuamos indo bimestralmente nessas reuniões para ter um envolvimento maior com a escola e poder acompanhar as ações mais de perto. Visitamos todas as instituições da rede ao longo de duas semanas. Em escolas com poucos alunos a reunião pode durar uma manhã e em escolas com muitos alunos se estende pela manhã e tarde.
Vale lembrar que em 2014, após a participação no programa Avaliação e Aprendizagem, passamos a discutir de maneira mais objetiva na rede o que são as avaliações externas, quais disciplinas precisavam ser acompanhadas mais de perto e resolvemos focar nossos esforços em Leitura e Matemática, passando a oferecer aos alunos uma série de atividades lúdicas para melhorar o nível de aprendizado nas escolas.
Como desdobramento desse processo, em 2015, institucionalizamos em nosso município a prática do conselho de classe. É importante para a rede deixar estabelecidas em documentos oficiais as diretrizes que garantem a regularidade das formações e dos conselhos de classe. Esses documentos podem ser portarias regulamentando ou os próprios projeto político-pedagógicos (PPPs) das escolas. No nosso caso, algumas ações foram colocadas diretamente no Plano Municipal de Educação. Agora serão realizadas quatro reuniões anuais e não apenas uma no final do ano. Assim, os alunos e os pais não são pegos de surpresa com os resultados.
Vocês fazem plano de ação?
SILVA – Sim! No início do ano, determinamos no plano quais as demandas da rede e as medidas necessárias para resolvê-las. Por exemplo, se, durante a observação de uma determinada escola, percebemos que o acervo de livros não está sendo utilizado, programamos reuniões na escola para discutir a importância de incentivar o hábito de leitura entre os alunos. As reuniões são estabelecidas no plano de ação e no calendário escolar para criar assim uma rotina na rede.
Em nosso município, o plano de ação da rede é aprimorado ao longo do ano por meio das visitas e das reuniões com diretores, coordenadores pedagógicos e professores. As equipes das escolas enviam bimestralmente para a secretaria relatórios das ações e reuniões realizadas e, na sequência, os técnicos encaminham uma devolutiva para a escola.
Com base na análise dos resultados da Prova Brasil, vocês conseguiram otimizar os recursos aplicados na rede?
SILVA – Nas idas às escolas, percebemos que a prática de leitura era feita pelo professor para acalmar a turma em momentos mais agitados ou então às sextas-feiras, sempre no final da aula. Como os resultados da Prova Brasil da rede apontavam déficit em leitura, instituímos que os professores deveriam ler todos os dias para as crianças, fazendo com que aquele momento fosse uma experiência prazerosa para todos e um momento de ensino. Adotamos também outras medidas como uma sacola com livros que vai para a casa dos alunos, um varal de poesia nos pátios e cantinhos de leitura nas salas de aula.
Outro ponto importante foi olhar para as práticas de matemática dentro da escola: quais recursos as escolas possuíam, se eram utilizados ou não. Orientamos também realização de práticas lúdicas, como jogos ou a simulação de um supermercado. Percebemos que hoje os gestores das escolas estão mais ligados aos resultados das avaliações externas, o que é bom, claro! Mas nosso desafio é mostrar que o papel da escola é formar integralmente o aluno e não apenas para que ele faça a Prova Brasil.
Ainda temos muito o que melhorar, mas é gratificante perceber o avanço nos resultados da Prova Brasil em nossa rede: em 2009, o índice nos anos iniciais era 3.5, em 2013 subimos para 4.3 e chegamos a 4.8 em 2015. Em relação aos anos finais, tínhamos em 2009 a marca de 3.2, em 2013 fomos para 3.8 e estamos com 4.0 em 2015.
Qual é o segredo?
SILVA – Ao longo desses anos, percebemos que não existe fórmula mágica. O segredo é fazer um trabalho pautado pela organização, formação de pessoal e acompanhamento das ações da rede. Secretaria e escolas precisam trabalhar de forma integrada.
Qual a importância da análise dos resultados das avaliações externas?
BARBOSA – Ela é mais uma ferramenta para nos ajudar a avaliar as práticas pedagógicas da escola e, ao mesmo tempo, o aprendizado dos alunos. E isso nos possibilita buscar estratégias para aprimorar o processo de ensino e aprendizagem.
Há uma conversa com os professores sobre os resultados?
BARBOSA – Sim. Tabulamos e analisamos os dados, que são apresentados em reunião entre a dupla gestora e os professores. Então, todos expõem suas opiniões e traçamos metas para melhorar.
Vocês compartilham essas informações com a secretaria municipal de Educação?
BARBOSA – Sim. Elaboramos um relatório, que é encaminhado à secretaria, com o que identificamos como pontos positivos e negativos entre as ações realizadas para a melhoria da aprendizagem dos alunos. Também procuramos estar sempre presentes nas reuniões da equipe da secretaria com os gestores de escolas do município. Nessas ocasiões, em geral, comparecem a dupla gestora e cada uma apresenta os resultados de sua escola. Depois há um debate. É uma ótima chance para verificar se a dificuldade que identificamos é a mesma das outras instituições ou conhecer as ações de quem conseguiu melhorar. Assim nosso trabalho não fica isolado e fortalece a parceria não apenas com a secretaria, mas com toda a rede municipal de ensino, que inclui escolas rurais e urbanas.
Vocês fazem plano de ação com base no que foi debatido?
BARBOSA – Sim. Fizemos um Projeto de Leitura e um projeto de Matemática, envolvendo todas as turmas, do maternal ao 9º ano. Montamos um cantinho da leitura em todas as salas. As leituras eram feitas diariamente, mas de maneira diversificada, com rodas de leitura, leitura compartilhada, leitura livre ou dirigida e atividades de interpretação, contextualização ou produção textual. Nas aulas de matemática, trabalhamos os conteúdos também de maneira diversificada, com jogos educativos e músicas.
E quais as mudanças conquistadas?
BARBOSA – Sabemos que o aprendizado é um processo lento e que precisa ser acompanhado por todos e também pela família. Mas percebemos melhorias na leitura, na escrita e na resolução de cálculos. Alguns alunos apresentaram também melhoria no comportamento em sala e as aulas tornaram-se mais dinâmicas e interessantes.
Vocês apresentam aos pais as análises dos resultados das avaliações externas?
BARBOSA – A cada término de período, quando temos as avaliações internas, ou após recebermos resultados de avaliações externas, reunimos o conselho de classe para discutir os dados e depois apresentamos aos pais e alunos. É muito importante esse intercâmbio entre escola e família para que seja apresentado o nível de aprendizado dos alunos, as dificuldades e as possíveis soluções definidas pela escola para melhorar a aprendizagem.
Perguntas para direcionar a análise
Leia sugestões sobre o que discutir com os professores
Na reunião com os professores para debater sobre o que os alunos ainda não aprenderam, os gestores devem apresentar o levantamento dos dados de Matemática e de Língua Portuguesa das avaliações externas e também informações das avaliações de sala de aula.
No caso de resultados muito distintos entre as duas avaliações, pensar nesta diferença e na necessidade de rever a proposta curricular em relação aos conteúdos e maneiras de ensinar. Perguntas para direcionar a análise:
Coloque a matemática no cotidiano
Dicas de ações para melhorar o ensino da disciplina na escola
Considerando a aprendizagem a ser apropriada pelos alunos em Matemática, proponha a discussão de possíveis encaminhamentos na rotina diária dos estudantes para melhoria dessas competências. Seguem alguns exemplos:
Para monitorar as aprendizagens
Veja exemplos de instrumentos para ajudar nesse trabalho
O que apresentar
Leia quais informações fornecer à secretaria
Uma ação importante da dupla gestora é compartilhar com a secretaria os resultados das avaliações externas e internas. Isso pode ser feito em encontros exclusivos ou de maneira coletiva, em reuniões gerais com gestores escolares. Depende da rede. Alguns materiais podem ajudar nesses momentos:
Como envolver a comunidade
Use os projetos institucionais a favor da escola
São várias as etapas para a elaboração de um projeto institucional. Aqui você obtém informações sobre como construir um. Nesta reportagem, o foco é um projeto institucional para incentivar a leitura na comunidade.
O lúdico na matemática
Veja dois exemplos de jogos para o ensino da disciplina
Caminhos para a formação
Leia sugestões para trabalhar as necessidades dos professores
A atuação conjunta do coordenador pedagógico e da equipe docente é fundamental para melhorar o planejamento e as aulas de Leitura e Matemática. Para colaborar nesse processo, separamos estratégias para elaborar um plano de formação [baixar] e também quatro exemplos práticos de projetos do tipo:
Qual a articulação entre as avaliações externas e a BNCC?
Até o fim do ano, o Brasil pretende estabelecer os conhecimentos e habilidades essenciais que deverão fazer parte dos currículos de todas as escolas, da Educação Infantil ao Ensino Médio. É a chamada Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Sua implantação certamente precisará se articular com as avaliações externas. Isso porque a BNCC define a matriz básica do que é direito de aprendizagem dos estudantes brasileiros, algo que deve estar em comum acordo entre ambas as políticas.