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Como incluir alunos com altas habilidades?

A professora Eliane Moraes conta as lições aprendidas com 20 anos de prática

POR:
Pedro Annunciato

SOB MEDIDA: Eliane oferece estímulos específicos em sintonia com as áreas de interesse de Fellype. Crédito: William Olivato

Talentos invisíveis

Professora da rede pública de Bauru (SP), Eliane Moraes trabalha há 20 anos com estudantes com altas habilidades. “Embora a lei garanta atendimento específico, a crença de que eles não precisam de ajuda faz com que não desenvolvam todo o potencial”, diz. Ela identifica e propõe intervenções para alunos como Fellype Luz Vento, 6 anos, que lê e escreve sem dificuldade, mesmo com pouco acesso a livros.


Como descobrir um superdotado?

Quando visita as escolas da rede para identificar os alunos com altas habilidades, Eliane varia as estratégias conforme o caso, mas realiza sempre três ações essenciais:

Diálogo com os professores

Ela conversa sobre a performance em desenho, matemática, leitura e música e sobre o comportamento, que pode tender ao isolamento.

Conversa com a família

Alunos com altas habilidades costumam gastar horas tentando resolver problemas, tendem a
se relacionar com pessoas mais velhas e a brincar.

Atividades diagnósticas

São propostas atividades que suplementam o currículo na área de interesse do aluno (desenho ou leitura, por exemplo) e ajudam no diagnóstico.


Inteligências múltiplas: O que se passa na cabeça deles

As pesquisas sobre superdotação ganharam impulso a partir da década de 1970, com as teorias do psicólogo americano Joseph Renzulli. Anos depois, outro americano, o psicólogo Howard Gardner, identificou nove inteligências múltiplas, rompendo com a ideia de que só a inteligência lógico-matemática (medida pelo teste de Q.I.) pode ser chamada de “inteligência”. Um relatório publicado pelo Ministério da Educação (MEC), em 2008, descreve algumas características, listadas abaixo. 


HABILIDADES

  • Vocabulário acima da média para a idade.
  • Enorme bagagem de informações sobre um assunto específico.
  • Memória excepcional e grande capacidade de estabelecer relações de causa e efeito ajuda a confirmar as hipóteses da investigação.

CRIATIVIDADE

  • Senso de humor sarcástico.
  • Espírito de aventura e atitude contestadora distinta dos colegas.
  • Imaginação aflorada.

MOTIVAÇÃO

  • Obstinação em procurar informações sobre tópicos de seu interesse.
  • Demonstração de envolvimento intenso quando trabalha certos problemas.
  • Requer pouca orientação dos professores.

Para saber mais: Acesse a página do MEC e baixe o material completo: bit.ly/mec-superdotado


A OPINIÃO DE QUEM ENTENDE

"É um erro pensar que superdotação é algo raríssimo ou coisa de família rica. Estudos apontam que quase 20% da população tem altas habilidades"

Rosemeire Rangni, doutora em Educação Especial pela UFSCAR

"Propus ao Fellype identificar vogais em um exercício simples, e notei que ele já sabia ler contos! A partir daí, tive que rever todo o meu planejamento"

Sônia Garofa, professora

"As professoras são muito atenciosas, conversam muito comigo e com ele. Hoje o Fellype é uma criança sociável"

Salete Luz Vento, mãe de Fellype


Projetos referenciais de altas habilidades

  

1) Paraná

O Núcleo de
Atividades de Altas Habilidades/
Superdotação opera, há
14 anos, em parceria com
municípios. São 143
pessoas, entre professores
e outros profissionais,
que desenvolvem
atividades com os
estudantes no contraturno.
Em Londrina, onde fica
o maior polo do estado,
são 26 salas de recursos
e 295 alunos.

2) Amapá

O Centro de Atividades
de Altas Habilidades/
Superdotação do estado
possui 26 salas de
Atendimento Educacional
Especializado, que atendem estudantes no contraturno,
vindos de 20 escolas estaduais.
São 31 professores, além de pedagogos, psicólogos e
assistentes sociais. O centro
é responsável por acompanhar
os alunos e as famílias.