Por que a consciência fonológica causa tanta resistência entre os professores?
Especialistas falam sobre formas de explorar essa capacidade e ao que professores devem estar atentos
POR: Naiara AlbuquerqueA Base Nacional Comum Curricular (BNCC) defende que a consciência fonológica seja trabalhada em sala de aula com as crianças em alfabetização. Mas como o professor enxerga esse processo e quais são as resistências?
A consciência fonológica é a percepção que as crianças têm dos sons, explica Sônia Madi, especialista em alfabetização. Para a pesquisadora, a capacidade a ser desenvolvida durante a alfabetização ajuda a perceber a peculiaridade ou dificuldade que cada criança tem durante o processo. "Perceber que uma frase tem palavras e que elas são independentes entre si faz parte dessa consciência de palavras", diz.
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Para Mazé, consultora em metodologia de Língua Portuguesa, a principal resistência que aparece entre os professores é motivada por uma possível confusão entre consciência fonológica e método fonético.
Segundo a especialista, a formação do professorado brasileiro foi muito baseada nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e em cartilhas que nasceram durante o século 20. Desde então, livros didáticos e práticas escolares mudaram, mas o terreno sobre métodos de alfabetização ainda é polarizado.
A ideia ao trabalhar com a consciência fonológica é olhar para a palavra e o som da fala. "Tem uma reflexão de natureza metalinguística com esse método e não apenas usar a língua como situação comunicativa", afirma Mazé. Para ela, essas reflexões são importantes durante a alfabetização, já que são capacidades que exercitamos sem perceber ao falar e ao escrever.
O texto continua tendo papel central durante a aprendizagem mas, como explica Mazé, "a língua tem outros aspectos também. E é necessário olhar para outras unidades que fazem a linguagem", afirma.
Explorar essa criatividade e curiosidade presentes durante a alfabetização são grandes aliados dos professores. Trava-línguas e cantigas são atividades que podem despertar a consciência fonológica de alunos. É preciso também saber dosar, nessa fase, atividades maçantes de repetição, por exemplo, com outras atividades. “Além de pensar em boas práticas para as crianças pensarem em como se escreve e em como se lê sem priorizar nenhuma técnica específica", afirma Mazé.
Leitura indicada pela especialista: Concepções e metodologias de alfabetização: Por que é preciso ir além da discussão sobre velhos métodos
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