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O que é essa tal de cidadania digital?

A BNCC explora habilidades e competências que visam acessar, analisar, avaliar e criar conteúdos na internet. Entenda como o conceito de cidadania digital se relaciona com esses processos

POR:
Débora Garofalo
Crédito: Getty Images

Você já ouviu falar em cidadania digital? O termo tem sido bastante utilizado e está relacionado à ética e segurança na internet. As tecnologias oferecem possibilidade para uma maior democratização de acesso ao conhecimento, interação e produção de conteúdos. Com o uso mais intenso delas, especialmente entre os jovens (que são os mais habilitados no domínio dessas tecnologias), é necessário ter alguns cuidados. Já falamos sobre a necessidade de orientar os estudantes para que eles sejam capazes de identificar o que é confiável do que não é (releia aqui). Mas, além disso, a escola pode trabalhar com outros conceitos relacionados ao comportamento na internet e que levam a um uso mais responsável e saudável do espaço digital.

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Conceitos como cidadania digital, ciberativismo e tecnologia assistiva foram introduzidos há pouco tempo na sociedade. Eles são advindos das tecnologias e da nossa interação com ela através de e-mails, redes sociais, blogs e outros espaços em que os usuários tecnológicos (cidadãos inteligentes) podem ser vítimas ou até mesmo cometerem atos ilícitos ao não seguirem padrões de segurança. A partir de tais atos, são geradas consequências a todos os envolvidos. Essas consequências podem ir desde ter seus dados roubados ou ter sua imagem denegrida na internet, para as vítimas, até ser responsabilizado por um crime digital e punido com prisão e/ou multa, no caso de quem não faz um uso responsável.

Cidadania digital é o uso da tecnologia de forma responsável. É direito e dever de todos saber usar corretamente as inovações tecnológicas que surgem ao nosso redor. Para o especialista Mike Ribble, caberia aos professores e líderes de tecnologia conscientizar e preparar os usuários para utilizar as tecnologias de maneira ética e segura.

Ciberativismo utiliza as redes como Facebook, Twitter, YouTube, e-mail e podcasts para propagar ideias como instrumento de ativismo digital sobre determinado tema.

Tecnologia assistiva agrupa dispositivos, técnicas e processos para prover assistência, reabilitação e melhorar a qualidade de vida de pessoas com deficiência.

Dentro deste contexto, é necessário refletirmos o papel da escola e dos nossos alunos. Muitos deles não são apenas consumidores de tecnologia, mas também produtores ao gravarem e disponibilizarem vídeos em redes sociais e no Youtube, ao criarem jogos no power point ou no scratch, entre outras atividades. Por isso, abordar o dialogo acerca da cidadania digital na sala de aula é preparar os estudantes para lidar com o mundo digital.

Cidadania digital na sala de aula

Abaixo elenco alguns tópicos que podem ser apresentados, esclarecidos e discutidos dentro do tema com os alunos. Vale aqui envolver a experiência das crianças e jovens para levantar essa conversa.

Senhas: no dia a dia utilizamos senhas para tudo. Mas os nossos alunos sabem criar senhas seguras? Fomente o dialogo ressaltando a importância de ter uma senha segura e os riscos em usar a mesma para todas as plataformas. Também é possível trazer para o debate, os gerenciadores de senhas através de aplicativos, como o LastPass, que é seguro.

Privacidade: conversar sobre proteção de informações privadas como endereço, telefone e e-mail é muito importante. Recomendo o vídeo e conversa sobre o curta produzido pela Tele Amigas, Você tem privada de verdade.  Além disso, nas principais redes sociais existem recursos que selecionam a privacidade das publicações. Assim, é possível restringir quem vê e interage com suas publicações. Ao acessar “configurações” e selecionar a opção “privacidade”, no Facebook, por exemplo, é possível selecionar tanto o público das suas postagens, como desabilitar a identificação geográfica.

Crédito: Getty Images

Direitos autorais: são os direitos de reprodução de um trabalho e ou a geração de licença da sua própria criação e ou trabalho, respeitando a propriedade de quem criou. Muitas vezes os alunos copiam imagens e ou textos de sites sem citar a fonte como referência. É fundamental elucidar aos estudantes que sites de pesquisas, como o Google, reúnem conteúdos de variadas fontes e que é necessário solicitar permissão para usar imagem e no caso do texto é necessário citar o autor. Ao explicitar as licenças existentes para o uso de imagens, é possível entender as variações de direitos autorais mesmo entre as licenças creative commons.

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Proteção: explicar o que são vírus e como eles agem pode ajudar os alunos a estarem mais atentos a movimentações suspeitas. Vale dizer que eles funcionam de forma similar ao vírus biológico, que ataca o hospedeiro (no caso o computador), infectando-o e também usuários interligados a eles, destruindo a identidade. Os tipos mais conhecidos são malware, phishing e ransomware.

Os estudantes estão em processo de formação de opinião e familiarizados com os meios digitais, tornando-se essencial conversar sobre o uso da internet segura e das redes sociais. Habilidades e competências descritas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) visam envolver, acessar, analisar, avaliar e criar conteúdos na internet. Devemos ensinar essas habilidades e orientar os alunos a enfrentarem situações em que se aplicam esses conhecimentos. Cidadania deve ser entendida como função de cumprir o nosso papel como cidadão agora também no mundo digital.

E você, querido professor, como lida com a cidadania digital em sua sala de aula? Conte aqui nos comentários e ajude fomentar práticas docentes.

Um abraço,
Débora Garofalo

Professora da rede Municipal de Ensino de São Paulo, Formada em Letras e Pedagogia, Mestranda em Educação pela PUCSP, colunista de Tecnologias para o site da NOVA ESCOLA.