Planejando o trabalho em grupo orientado para o ensino da equidade
O livro Planejando o Trabalho em Grupo – Estratégias para Salas de Aula Heterogêneas descreve passos importantes para usar em sala de aula
POR: Instituto Sidarta
O livro Planejando o Trabalho em Grupo – Estratégias para Salas de Aula Heterogêneas (Editora Penso), de Elizabeth Cohen (1932-2005) e Rachel Lotan, da Universidade de Stanford (Estados Unidos), apresenta orientações para a prática em sala de aula e também toda a teoria para que o professor consiga planejar, desenhar e avaliar de forma efetiva.
A definição de trabalho em grupo é apresentada no início da obra: “Alunos trabalhando juntos em grupos pequenos de modo que todos possam participar de uma atividade com tarefas, claramente, atribuídas. Além disso, é esperado que os alunos desempenhem suas tarefas sem supervisão direta e imediata do professor”. Ou seja, ele prepara os estudantes para tenham autonomia. As autoras ressaltam também o que não corresponde a esse tipo de tarefa: “Não é a mesma coisa que agrupamento por habilidade”, tampouco “agrupamentos temporários, utilizados para ensino individualizado de leitura ou ensino personalizado”.
Para ser bem executado, o trabalho em grupo precisa cumprir alguns princípios:
– Delegação de autoridade aos alunos para que se esforcem sozinhos e cometam erros.
– Cooperação entre eles, pois precisarão uns dos outros em algum momento para completar a atividade.
– Subsídios para que conversem entre si com autonomia.
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O livro descreve passos importantes para concretizar o trabalho em grupo, guiando o professor no percurso, sem desprezar sua inteligência ou capacidade profissional. “Pelo contrário, o respeito a esses profissionais e à complexidade de seu trabalho diário motivaram as autoras a escrever o livro. Portanto, a obra pretende colocar a teoria e a pesquisa a serviço do trabalho em sala de aula e do aprendizado de todos os alunos”, afirma Paula Louzano, doutora em Política Educacional pela Universidade Harvard (Estados Unidos).
Ainda na análise de Paula Louzano, “o trabalho em grupo, na perspectiva da obra, leva em conta questões já mapeadas pela pesquisa na sua estratégia de preparo e implementação (status, papéis no grupo, normas, tipos de atividades, entre outros). Portanto, a intervenção do professor em sala de aula é, diligentemente, preparada e implementada visando à participação equitativa e a democratização de um aprendizado relevante e rigoroso. A obra nos ensina como colocar isso em prática por meio de sugestões concretas de como os professores podem pensar e organizar seu trabalho: passo a passo, atividades, protocolos etc. Essa é a contribuição mais profunda e relevante da obra para o contexto educacional brasileiro”.
O ensino para equidade (expressão em português para complex instruction, que nasceu da interpretação do que Rachel Lotan entende ser a essência da proposta com o trabalho em grupo para salas heterogêneas para a promoção da equidade) é concebido com base no trabalho teórico da socióloga Elizabeth Cohen ampliado e, posteriormente, refinado com os conhecimentos pedagógicos de Rachel Lotan. O Ensino para Equidade transformou milhares de classes nos Estados Unidos e em todo o mundo.
Segundo Linda Darling-Hammond, da Universidade de Stanford, que assina o prefácio da terceira edição, “mais que um processo eficaz para envolver os alunos uns com os outros, o ensino para equidade atua produzindo grandes ganhos na aprendizagem – e para reduzir a desigualdade”, pois a proposta de trabalho em grupo parte do pressuposto de que quanto maior a interação, maior a aprendizagem e o papel do professor, enquanto mediador, é equalizar a participação para que todos possam ter a mesma oportunidade para aprender dentro dos grupos e, assim, obter maiores ganhos de aprendizagem. Estudos comprovam que, com essa abordagem de ensino, todos os alunos ganham em aprendizagem.
A obra oferece percepções sobre como criar tarefas adequadas ao trabalho em grupo que deem condições para aprendizagem profunda e participação igualitária, expandindo a percepção sobre como utilizar o Ensino para Equidade para desenvolver a compreensão dos estudantes da linguagem acadêmica.
O objetivo de construir salas de aula e escolas equitativas é particularmente importante nos dias de hoje, uma vez que as escolas estão introduzindo novas estruturas curriculares, padrões, currículos e avaliações que exigem uma Pedagogia mais efetiva, que coloque o aluno no centro do processo de ensino e aprendizagem.
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SOBRE O INSTITUTO SIDARTA
O Instituto Sidarta busca contribuir com as políticas públicas educacionais brasileiras por meio de pesquisa, publicações e formação de educadores da Educação Básica. Fundado em 1998, o Colégio Sidarta - a escola de aplicação do Instituto Sidarta -, faz uma Educação que tem como foco desenvolver o apreço pelo conhecimento por meio da aprendizagem pela experiência.
Acreditamos que cada ser humano é dotado de potencial ilimitado. Nosso objetivo principal é nutrir cada aluno e despertar o seu mais alto potencial. Para isso, pautamos nossas ações em três princípios:
- Teorias não substituem experiência de vida.
- Sabedoria é reconhecer a unidade que existe na diversidade.
- É essencial estimular a consciência do serviço à sociedade.
O Instituto Sidarta também investe em pesquisa, documentação e formação de professores. Ao longo de seus 20 anos de existência, importantes projetos e programas, que tiveram grande impacto na educação, foram feitos em parceria com parceiros relevantes.
Mais recentemente, em 2015, conhecemos o trabalho das professoras Rachel Lotan e Elizabeth Cohen, ambas da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Elas criaram o conceito de Instrução Complexa para salas de aula heterogêneas. Assim como nos sistemas sociais, as salas de aula revelam que determinado status social é considerado melhor do que os outros.
Considerando que a Matemática é uma das áreas em que a percepção do status é mais fortemente destacada, pois os sistemas educacionais promovem essa ideia de sucesso, aliamos ao trabalho de Instrução Complexa à abordagem das Mentalidades Matemáticas, proposta da professora Jo Boaler, também de Stanford. Jo Boaler estabelece que a Matemática deve ser ensinada como uma matéria aberta, criativa, visual, e não apenas um conjunto de procedimentos a serem memorizados.
A premissa do Instituto Sidarta no Programa Brasil Mentalidades Matemáticas é o de aliar a melhoria do desempenho dos alunos e promover salas de aula mais equitativas. Para isso, já cumprimos as seguintes etapa:
- lançamento de três livros de referência (dois deles na Biblioteca Essencial do Professor: Mentalidades Matemáticas e Planejando o Trabalho em Grupo)
- tradução da página youcubed.org
- produção do Seminário Mentalidades Matemáticas
- implantação de dois projetos pilotos (um em escola privada e outro em escola pública)
- formação continuada de mais de 300 professores de Ensino Fundamental e médio.
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