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A história da diretora que superou as barreiras da baixa visão

Diretora de escola pública de São Bernardo do Campo compartilha como é lidar com a baixa visão no dia a dia do trabalho docente

POR:
Ingrid Yurie
Acolhimento: A gestão de Ellen trouxe mais segurança às famílias de alunos com deficiência. Crédito: Andris Bovo/Nova Escola

“Não é melhor escolher outra carreira?”, ouviu Ellen Pouseiro, 34 anos, quando decidiu estudar Pedagogia. No entanto, ela já sabia, graças às professoras que cruzaram seu caminho na infância, que a baixa visão severa não era um impedimento para ler, escrever ou sonhar com o futuro. Há 13 anos, pisou em sala de aula pela primeira vez. Alfabetizou tanto crianças em Língua Portuguesa quanto adultos em Braille até assumir a direção da EE Jacob Casseb, em São Bernardo do Campo (SP). “Tenho força para lidar com as barreiras da visão, mas o preconceito às vezes desanima”, lamenta. “Temos medo do desconhecido, por isso sempre digo o que tenho e como faço”, diz. Um dos docentes, por exemplo, ficou surpreso ao ser reconhecido de longe até a diretora explicar que foi pela audição. Na escola, o receio se desfez à medida que se aproximou dos professores. Já as famílias de alunos com deficiência sentiram-se mais seguras de que seus filhos teriam tratamento adequado.


Adaptações

Inclua pessoas com deficiência visual

No Brasil, 6 milhões de pessoas têm baixa visão, porém menos de 13% delas trabalham. Para que isso seja possível, algumas modificações são necessárias:

1) Para ler e escrever
Os computadores precisam ter a opção de aumentar a resolução da tela e o contraste, bem como a função de narrador. Para os teclados, colar adesivos com letras e números maiores também ajuda. Já para as mídias impressas é preciso usar folhas com pautas.

2) Mobilidade
Utilizar sinalizações claras e faixas com textura ou cor diferenciada nos pisos e degraus da escola é fundamental para a mobilidade. Também vale atenção a objetos que obstruam as passagens ou mudem de lugar eventualmente.

3) Dia a dia da escola
Ao dirigir-se a uma pessoa com deficiência visual, é importante chamá-la pelo nome, identificar-se e mencionar quando for se retirar. Os professores podem oferecer ajuda, por exemplo, para digitar documentos muito extensos ou para acompanhar os intervalos.


Palavras de especialista

Educadores com deficiência: nem vítimas nem heróis

Eliana Lima, da Fundação Dorina Nowill, explica o impacto da presença de educadores com deficiência visual para as escolas

Quebrando estereótipos
A presença de educadores com deficiência pode impulsionar a implementação da Educação Inclusiva na escola como um todo, além de desconstruir estereótipos como o de vítima ou de herói e enriquecer a experiência dos alunos.

Escola acessível
Uma escola inclusiva deve estar preparada para receber tanto alunos quanto professores com deficiência. No caso do profissional, de forma geral são necessários os mesmos recursos de acessibilidade de qualquer outro ambiente (piso tátil, rampas etc.).

Auxiliar e materiais didáticos
No caso da deficiência visual, o educador pode optar por um auxiliar de sala. Há ainda gargalos para professores cegos ou com baixa visão, como a pouca disponibilidade de materiais didáticos em Braille.


Aqui é uma
escola de
periferia, muito
desafiadora. Mas
para a Ellen não
há barreiras, ela
consegue tocar
o lado humano
de todos, sendo
firme, mas
também gentil.

Rosana dos santos


Professora na ee professor jacob casseb

É um orgulho
que aquela
minha aluna
adolescente,
cheia de sonhos,
agora é minha
colega de
trabalho, uma
profissional
brilhante.

lOURDES aPARECIDA DE ALMEIDA


pROFESSORA NO SERVIÇO DE APOIO À PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL 

Fonte: Eliana Cunha Lima (Fundação Dorina Nowill para Cegos) Instituto Benjamin Constant e Ellen Tousiro