Turbinando as aulas de Matemática a distância
Confira como utilizar recursos e ferramentas digitais com a sua turma
POR: Selene ColettiA incerteza do momento presente traz uma grande certeza para todos nós da Educação: nossas aulas não serão as mesmas pós-pandemia. Pelo menos para a grande maioria dos professores, uma vez que com o intuito de se aproximarem dos seus alunos, diminuindo as distâncias, procuraram aprender novas formas de ensinar.
Para isso, os professores não têm medido esforços para vencer seus medos, principalmente em relação as tecnologias que vieram para ficar. Organizaram “turmas digitais” via aplicativos para conseguirem continuar o seu ofício de ensinar. Dentro do quadro que temos, cada um está, ao seu modo, se reinventado e estão conseguindo fazer a diferença.
Então, hoje, vamos conversar sobre o uso das tecnologias nas aulas de Matemática.
A tecnologia em sala de aula:
Vale lembrar que a tecnologia aparece na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) na competência geral de número 5:
“Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.”
E na competência específica de Matemática, dentre outras áreas, que aponta “utilizar processos e ferramentas matemáticas, inclusive ferramentas digitais disponíveis, modelar e resolver problemas cotidianos, sociais, de outras áreas do conhecimento, validando estratégias e resultados.”
Assim, ela deve estar presente nas salas de aulas. No entanto, se dermos um zoom nas práticas “presenciais”, veremos que usar a tecnologia como uma aliada do processo de ensino e aprendizagem é visto, ou era visto, por muitos profissionais como um grande problema.
A pandemia está mostrando que é possível e das mais diferentes formas. É só olharmos o Facebook, por exemplo. A tecnologia, inclusive, está se tornando uma grande aliada para a formação dos próprios professores. Há cursos, lives, congressos, palestras, bate-papo, muitas alternativas para se aprender sempre mais. Aqui no site de NOVA ESCOLA há inúmeras sugestões como o Educação em Rede, que trouxe uma série de dicas práticas relacionadas a tecnologia.
Voltando no nosso foco, que são as aulas de Matemática, como utilizar todas essas ferramentas disponíveis?
Já falamos em outros momentos sobre o uso do Facebook e do WhatsApp. Estes permitem estabelecer a conexão com nossos alunos para podermos explicar, por meio de vídeos ou gravações de voz, sobre as propostas que planejamos ou até mesmo para conversar com os pais e garantir ajuda quando necessário.
Recebi um vídeo de uma professora explicando um jogo de bingo para as crianças e os pais de uma forma bastante detalhada, que certamente permitiu a compreensão por parte de todos. Uma excelente dica para aqueles que trabalham com jogo.
Aqueles que preferem dar aulas “ao vivo” podem dispor de diferentes aplicativos gratuitos que permitem um contato mais próximo com os alunos, com a possibilidade de fazer as intervenções e questionamentos feitos na aula presencial. É mais rico para poder introduzir ou rever conteúdos, socializar alguma tarefa enviada previamente.
O Google Meet e o Google Sala de Aula são ferramentas que permitem realizar esse tipo de aula, além de possuírem vários recursos para enviar arquivos, imagens, vídeos, textos. Explore-os, se não os conhece, vai descobrir inúmeras possibilidades. Se não conseguir, procure tutoriais no próprio Google de como utilizá-los ou nesse curso gratuito de NOVA ESCOLA. Você não vai se arrepender!
A tecnologia como aliada do processo ensino e aprendizagem
Além de aproximar os alunos nesse momento, a tecnologia pode contribuir para o processo de ensino e aprendizagem, na atual circunstância em que nos encontramos. Trago aqui três ferramentas entre as muitas disponíveis:
> Google Forms
O Google Forms é um aplicativo do Google Drive para criar formulários online, onde se pode produzir pesquisas de múltipla escolha ou questões abertas.
Pode ser utilizado para facilitar o processo de ensino e aprendizagem mesmo a distância para trabalhar gráficos a partir de uma pesquisa respondida pelos alunos. Você poderá criar questões abertas ou fechadas. Se quiser trabalhar a matemática juntamente com Ciências, por exemplo, poderá fazer perguntas do tipo: quantas vezes você lava as mãos durante o dia? Você usa máscara ao sair de casa? Sua mãe higieniza as compras que traz do mercado? Então, elabore as questões, crie o link e o envie para seus alunos que o acessarão e irão responder as perguntas.
Depois que todos responderem, a própria ferramenta elabora os gráficos referentes a cada pergunta. Daí você poderá compartilhar os resultados com seus alunos, na própria ferramenta ou, copiar os gráficos e elaborar algumas questões para serem analisadas com a turma. Até mesmo fazer algumas suposições referentes as respostas, isto é, se tantas pessoas a mais respondessem X para tal questão, o que aconteceria com o gráfico.
> Paint
O paint é um software destinado à criação de desenhos simples e também para edição de imagens. É um acessório do sistema operacional Windows, da Microsoft.
Se estiver trabalhando, por exemplo, um jogo ou propôs alguma brincadeira para ser feita em casa, poderá solicitar que as crianças os representem, por meio do desenho, utilizando o Paint. As crianças gostam muito de trabalhar com essa ferramenta. Em sala de aula, quando eu a utilizava era sempre um sucesso.
> Padlet
Outra possibilidade é usar o padlet, uma ferramenta online que permite criar um mural onde se pode inserir conteúdos (textos, imagens, vídeos, hiperlinks) e compartilhar com outras pessoas. Se clicar aqui irá descobrir essa maravilha e ficará encantado ou encantada como eu fiquei. Estou utilizando nas formações virtuais.
É usada para as aulas invertidas, que é uma possibilidade se for adepto das metodologias ativas. Se quiser trabalhar, por exemplo, formas geométricas, poderá produzir um padlet colocando uma história que trate de formas geométricas (O texto “As três partes” de Edson Luiz Kozminski, por exemplo); um vídeo que ensine a fazer uma dobradura (para poder posteriormente relacionar com uma das “três partes”); um texto informativo que fale sobre as formas geométricas que aparecem na história.
Seus alunos terão que acessar o padlet para realizar as propostas que irão subsidiá-los a responder posteriormente, atividades mais complexas a partir do que foi apresentado.
Você também poderá utilizar a ferramenta somente para propor as atividades. Como no exemplo anterior, apresentar o livro e algumas propostas para serem feitas a partir dessa leitura.
Para ilustrar o que escrevi, produzi um padlet (estou apaixonada como podem ver!) utilizando o exemplo dado. Clique aqui, conheça o que fiz e utilize com seus alunos (é só enviar o endereço para eles), adaptando conforme a turma. Pensei num terceiro ano.
Não é um espetáculo?! Se ficou curioso e quer experimentar essa ferramenta, criando o seu próprio padlet, confira aqui para conhecer um tutorial sobre como usá-la.
Evidente que todas essas proposições ou sugestões poderão ser colocadas em prática, se toda a turma possuir conexão com a internet.
Então você deve estar pensando: se nem toda escola está seguindo o caminho tecnológico para estar presente com seus alunos, estamos colaborando com as desigualdades. E eu questiono, será mesmo? Será que essas desigualdades já não existiam na sala de aula? E continuarão existindo pós-pandemia? São reflexões que todos nós precisamos fazer.
É importante pensarmos na equidade, ou seja, precisamos colocar em igualdade de condições as pessoas desiguais, precisamos sempre ter um olhar para os alunos que apresentam dificuldades em todos os sentidos do termo, seja no atual cenário ou quando retornarmos às aulas presenciais. Um grande desafio não só da Educação!
Mas voltando ao nosso tema, outro ponto para pensarmos é sobre qual o lugar que a tecnologia ocupava em nossas salas de aula? Como a víamos? E como veremos após esse período? Será que continuará sendo um problema? Ou será uma nova oportunidade para turbinar nossas aulas? Vamos pensar....
Até a próxima,
Selene
Selene Coletti é professora há 39 anos na rede pública. Atua na Educação Infantil e foi alfabetizadora por 10 anos tendo trabalhado do 1º ao 5º ano. Recebeu, em 2016, da Fundação Victor Civita, o Prêmio Educador Nota 10 com o projeto “Mapas do Tesouro que são um tesouro”, na área de Matemática. Foi diretora de escola e recebeu, em 2004, o Prêmio “Gestão para o Sucesso Escolar”, do Instituto Protagonistes/Fundação Lemann. Atuou como coordenadora do Núcleo de Formação Continuada do município. Atualmente é formadora da Educação Infantil, na Prefeitura de Itatiba.
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