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Registro reflexivo: 7 dicas para incluí-los na rotina

Professores compartilham dicas e formatos possíveis para fazer uma documentação no dia a dia e facilitar o acompanhamento, avaliação e revisão das práticas docentes

POR:
Ana Paula Bimbati
Crédito: Getty Images


Registros são ferramentas que possibilitam o exercício reflexivo das ações planejadas, estimulam a escuta e o olhar atento para as intervenções realizadas pelas crianças e adultos no cotidiano escolar”, explica Thalita Rodrigues, orientadora pedagógica da CEI Maria Batrum Cury, em Campinas (SP).

Todo fim de bimestre ou do ano fala-se da importância de revisitar os registros feitos ao longo dos meses

para avaliar e aprimorar a prática diária docente.

Mas, para isso, é preciso incluir esta documentação como parte da rotina já que deixar tudo para retomar de memória no final de um ciclo pode comprometer a análise do processo e deixar de fora a consideração de informações relevantes para o replanejamento. Para te ajudar a incluir esse hábito na sua rotina, listamos sete boas práticas para começar este ano:

1. Tenha em mente que você sempre vai sentir falta de registrar algo

Antes de partir para dicas mais práticas é preciso saber que nem sempre será possível registrar todos os detalhes de uma aula ou projeto. “Sofro muito porque sempre penso, ao olhar o que escrevi e o que ficou documentado, que faltou algo”, comenta a professora de Educação Infantil Joyce Recco Forni, da Escola Antônio Aparecido Magalhães, em Guarulhos (SP). Para ela, este também é um aprendizado.

A orientadora Thalita também sugere que o professor reserve um tempo para olhar para as tarefas antes delas acontecerem. “É importante ter planejado antecipadamente seu dia. Assim, o registro simplesmente acontece, torna-se uma necessidade e suporte para as próximas ações”.

2. Faça um diagnóstico no início do ano

Se você não sabe nem por onde começar, uma boa dica é fazer um diagnóstico com a sua turma no início do ano. A professora Jussara Schmitz, do Anos Iniciais do Fundamental da EEB Frei Godofredo, Gaspar (SC), faz isso todo começo de ano letivo com a nova turma para entender tanto as questões socioemocionais, muito importantes nesse período de pandemia, mas também cognitivas.

é uma forma de conhecer melhor seus alunos e ter isso documentado por escrito”, conta Jussara. O diagnóstico é um instrumento bastante usado pelos professores e fácil de ser incluído na rotina para servir como registro também.

3. Se não puder anotar na hora, crie mecanismos para lembrar

Com a correria e dinâmica de uma aula nem sempre é possível anotar tudo no momento que acontece. Por isso, é preciso criar formas de não deixar passar as anotações importantes. Para que o registro seja lembrado posteriormente, a professora Joyce costuma deixar algum lembrete para si mesma de que existe uma pendência de anotação. “Já escrevi em um papel pequeno palavras-chave, pedi para algum aluno deixar uma bolinha marcada na lousa e até troquei o anel de mão para relembrar em algum momento que não consegui escrever”, conta.

Para aqueles que apenas um marcador de lembrete é insuficiente para retomar os acontecimentos merecedores de registro, vale deixar um papel ou caderno sempre às mãos pra anotar as palavras-chaves do que será necessário ser registrado mais tarde. Uma dica de registro é aproveitar os espaços entre uma aula para escrever o que ocorreu.

4. Fotografe, grave e abuse do audiovisual!

Não há dúvida que a tecnologia invadiu as aulas depois da pandemia. “Por isso, a gente precisa usar todo o ferramental que adquirimos para fazer registros em diferentes formatos. Sempre filmo, pego o depoimento de uma criança por vídeo, gravo áudios, faço fotos”, conta Joyce. A professora Jussara indica até que é possível usar o mesmo material para apresentar a conclusão de um projeto para as crianças. “Elas adoram se ver nas fotos!”.

E para armazenar esse material, uma indicação é utilizar os programas do Google (como o Drive), principalmente se sua escola continuar no formato remoto. “Gravar as aulas online, printar as telas dos celulares com as expressões e movimentos pode ser muito rico, aponta a orientadora pedagógica.

Quais são os tipos de registros?

Há uma diversidade dos tipos de registros que podem ser feitos pelo professor durante o ano. Na escola de Thalita, os professores têm como documentação de registro os planos de trabalho, relatórios, entrevistas com as famílias, diário de campo e de classe, relatórios individuais das crianças, registros dos tempos pedagógicos, desenhos, fotografias, gravações, áudios, portfólios, livros da vida. Em geral nas escolas, os mais utilizados pelos professores são os relatórios com frases e momentos da aula ou de um projeto. Além disso, os recursos audiovisuais passara, a ser muito utilizados desde o início da pandemia. 

5. Tenha um momento de diálogo com a turma e com os colegas

Só as anotações escritas e audiovisuais podem não ser suficientes para sua documentação pedagógica. No caso da professora Jussara, para ampliar o olhar sobre sua prática, ela também separa um momento de diálogo com seus alunos. “Conversamos se eles gostaram de aprender determinado conteúdo, se têm sugestões isso, inclusive ajuda na criatividade – e quais são suas dúvidas. Além de ser usado na análise docente, tudo isso pode ser passado para o portfólio individual deles”, explica.

O diálogo sobre as práticas pode se estender com os outros professores. “A gente aprende muito mais na prática da escola e os colegas podem trocar suas experiências, isso tem muito valor”, complementa Joyce.

Dica para gestores escolares 

Reuniões pedagógicas entre professores e a equipe gestora e outra ações realizadas pelos coordenadores, orientadores e diretores também merecem registro. Na CEI, onde a orientadora pedagógica Thalita atua, os docentes usam um caderno e fazem um revezamento da escrita da ata nas reuniões de trabalho coletivo. “Nas formações, temos dois tipos de registro: o escrito, que eu mesma faço, e um artístico, em que as professoras podem desenhar, apresentar fotos, vídeos, imagens de revistas que dialoguem e representem nosso momento”, explica. A documentação desenvolvida pelos professores é utilizada como forma de abrir as reuniões seguintes e retomar um pouco do que foi o último encontro. No final do ano na escola, o material é exposto na escola, quase como um portfólio público das formações.

6. Construa um diário de bordo com todos os alunos

Quer ter impressões mais pessoais dos estudantes e até das famílias? As professoras indicam a construção de um diário de bordo ou caderno do mascote, como é chamado na escola da professora Joyce. O material é basicamente um caderno que, a cada semana, uma criança diferente leva para casa com um questionamento a ser respondido pelos alunos ou famílias sobre um projeto ou atividade que foi realizado naquele período. Assim, toda semana, ela ganha um feedback de um aluno ou família diferente. “Essa é uma forma de registro para ter as percepções dos pais e ter essa troca com os alunos também”, aponta Jussara.

Para baixar: ficha para registro de atividade

Material permite aos alunos ordenarem e compararem o que observaram durante a experiência. 

acessar ficha

7. Desenvolva um portfólio físico ou online

Tradicional e bastante conhecido entre os professores, o portfólio dos alunos pode ser um bom pontapé para os educadores que querem começar o ano arrasando nos registros. Para inovar é possível fazer o portfólio individual em site, no Google Drive ou até mesmo como um arquivo em Word. “Quando chega o fim do ano, a gente tem todas as atividades documentadas e de uma forma muito fácil de acessar”, conta Jussara. Com isso, revisitar as ações, avaliá-las e replanejar em cima delas também se torna um processo mais simples e rico devido ao compilado que foi feito.

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