Crie sua conta e acesse o conteúdo completo. Cadastrar gratuitamente

Educação Infantil: 5 propostas para o uso de tecnologias com bebês e crianças pequenas

Confira sugestões de atividades que unem a exploração de espaços com a utilização de recursos digitais – sempre visando favorecer o protagonismo dos pequenos

POR:
Paula Sestari
Crédito: Getty Images

O período de pandemia foi, e continua sendo, desafiador, mas algo que pudemos notar é que as interações por meio das tecnologias foram uma barreira muito maior para nós, adultos, do que para crianças. Esse fato se relaciona a um debate bem pertinente: os impactos das interações com aparelhos tecnológicos na primeira infância. Sabemos, por exemplo, que o consumo diário de telas é alto em muitos lares, o que pode até comprometer a socialização com os pais e limitar outras aprendizagens importantes. 

É interessante notar que essas discussões também aparecem na própria escola. Houve um tempo em que o espaço principal nas instituições para a infância era a sala de televisão – e mesmo hoje, vivências a partir de conteúdos como vídeos e imagens se fazem presentes, como forma de instigação e ampliação de repertório. Porém, a concepção atual de aprendizagem centrada na ação da criança nos levou a favorecer outras possibilidades, como o trabalho em espaços estruturados com diversidade de materiais, e em locais abertos, com a possibilidade de intensificar o contato dos pequenos com a natureza. 

Dessa forma, partindo dessas reflexões iniciais, resolvi trazer na conversa dessa semana propostas que unem tudo isso: por um lado, contam com espaços de exploração intencionalmente preparados; e por outro, incorporam o uso de recursos de tecnologia – sempre tendo como foco favorecer o protagonismo dos bebês e crianças pequenas. 

Trata-se de vivências que eu já tive a oportunidade de desenvolver em sala de aula, mas que não se efetivaram de maneira isolada, e sim, como continuidade de investigações e de momentos organizados para a sensibilização das crianças e para a criação de diálogos com o espaço e o tempo em que estavam inseridas.

O papel do WhatsApp e dos recursos digitais na Educação Infantil

Esse Nova Escola Box focado em transformação profissional vai mostrar como a professora Sandra Waragai e outros educadores se reinventaram para se comunicar e acolher os pequenos no contexto remoto

Proposta 1: Praia na escola

Essa vivência envolve a construção de cenários híbridos na sala de aula, em que  espaços e materiais podem dialogar com imagens e vídeos. Na proposta para crianças de dois anos, trouxemos alguns elementos para a sala que lembravam a praia e o mar, incluindo o uso de computador e datashow para projeções de imagens de ondas que iam e viam. 

Em determinado momento, uma das crianças suspirou forte e fez um movimento como se quisesse pular uma das ondas que se aproximavam, foi mágico! Observa-se, assim, que esse tipo de proposta se alinha com muitas abordagens e processos investigativos – eu particularmente sempre busco me desafiar no planejamento desses contextos, tendo inclusive estudado isso na minha dissertação de mestrado. 

Proposta 2: Movimento e projeção de sombras 

A possibilidade dos bebês e crianças pequenas experimentarem os efeitos da própria sombra, como a sua ampliação ou redução conforme se deslocam pela sala, é fascinante. Certa vez, projetamos um vídeo de um espetáculo de dança em que os movimentos dos bailarinos exploravam diferentes possibilidades corporais. Em certo ponto, os bebês se levantaram e passaram a acompanhar essas movimentações, criando seus próprios gestos e observando os efeitos das suas próprias sombras sob a luz, enquanto se movimentavam. 

Nessa linha, é possível também apostar em contextos investigativos com a projeção de sombras com lanterna ou retroprojetor, as quais podem ser de brinquedos, materiais vazados, elementos da natureza ou de outros objetos de contato diário das crianças.

Atividades de Educação Infantil: Planejamentos alinhados à BNCC

Neste curso você conhecerá experiências e sugestões que ajudam a realizar um planejamento alinhado à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e voltado aos interesses e à perspectiva das crianças que frequentam a Educação Infantil. 

Proposta 3: texturas na mesa de luz

A mesa de luz tem se destacado como um importante recurso nas vivências com os bebês e crianças bem pequenas. Já tive a oportunidade de proporcionar a essas faixas etárias o contato, nesse equipamento, com diferentes texturas como a areia, a terra, e até a observação de pequenos animais colhidos no jardim e horta. 

Com isso, as crianças se envolvem em momentos de curiosidade, imaginação e construção de saberes, tanto pelo contato individualizado, quanto na interação com seus pares em descobertas conjuntas. Esse recurso também se alinha com variados processos investigativos e campos de experiências como traços, cores e formas, quantidades, relações e transformações. 

Proposta 4: movimentos e construção de histórias 

Essa vivência é muito interessante e envolve momentos de representação das crianças, que captam movimentos em fotos, vídeos e até de trechos de áudio, e a partir disso iniciam um processo de construção de histórias. 

Em sala de aula, já brincamos com a gravação de vídeos com movimentos das crianças representando a história clássica dos sete cabritinhos, utilizando tecidos e outros adereços. Além disso, já gravamos (com o celular mesmo) a voz das crianças em cantigas – e nessa fase de primeiras expressões por meio da fala, a possibilidade de ouvir a própria voz, ou mesmo seu balbucio e choro, permite que bebês e crianças elaborem ideias sobre si mesmos ao se observarem por uma outra perspectiva. 

Proposta 5: vibrações

A última sugestão é uma brincadeira com microfones e caixas de som, em que as crianças possam, além de se escutarem, também sentir a vibração de suas vozes. Essa também é uma boa oportunidade para trabalhar com diferentes ritmos e até mesmo sons do cotidiano, como de animais, para que as crianças façam suas experimentações tentando acompanhar, expressar, imitar e mesmo reagir ao que estão ouvindo.

Vamos aprender ao ar livre?

Nesse Nova Escola Box,apresentamos aos gestores e professores da Educação Infantil os benefícios e possibilidades da aprendizagem em ambientes externos, que devem ser priorizados neste momento de retomada das atividades presenciais de acordo com os protocolos sanitários. 


Com isso, queridos professores e professoras, gostaria de enfatizar que todas essas possibilidades envolvem recursos simples de tecnologias – é possível adaptá-las para o uso com notebook ou celular, por exemplo – e podem ser potencialmente significativas no vasto campo das relações horizontais, simulacionais e híbridas com os bebês e crianças bem pequenas. 

Afinal, propostas como essas são experiências que envolvem sensibilização, interações com outros locais e culturas, e observação do espaço que habitam – e tudo isso contribui principalmente para o conhecimento de si mesmos, permitindo que se cumpra a premissa da Educação infantil: consolidar experiências significativas para as crianças. 

E vocês, possuem experiências com o uso de recursos tecnológicos em sala de aula, com essas faixas etárias? Sintam-se à vontade para relatar vivências e sugerir outras possibilidades, escrevendo aqui nos comentários. 

Um abraço e até a próxima.

 

Paula Sestari é professora de Educação Infantil da rede municipal de ensino de Joinville (SC), com 10 anos de experiência nessa etapa, e mestre em Ensino de Ciências, Matemática e Tecnologias. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, e foi eleita Educadora do Ano com um projeto na área de Educação Ambiental com a faixa etária das crianças pequenas.