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Educação Infantil: recesso escolar e saúde mental dos professores

Momentos de pausa focados em cuidar do corpo e da mente são muito importantes para que os educadores recuperem suas energias – e se preparem para os desafios do próximo período

POR:
Paula Sestari
Foto: Pixabay

Olá, professoras e professores! Estamos na metade do ano, e aqui entre nós: levanta a mão aí quem já está pensando em colocar na lista de presentes do Papai Noel, no final do ano, uma coluna nova para um corpo cansado? Com o retorno ao ensino presencial no momento pós-pandemia e com os novos desafios que esse período nos impôs, houve toda uma demanda para os educadores – e não apenas física, como também mental. O cansaço, assim, se torna inevitável. 

Agora, estamos diante da habitual pausa no mês de julho. Há quem diga que esse período de recesso é um privilégio da nossa categoria profissional, sendo que, na verdade, ele é mais do que necessário para nos recompormos minimamente. Por isso, resolvi trazer para a conversa de hoje alguns pontos a respeito desse momento de parada e da importância de cuidarmos do corpo e da mente. 

Um olhar para a saúde mental dos professores

Segundo uma pesquisa intitulada Vozes Docentes, realizada pela rede Conectando Saberes com educadores de todo o país e divulgada em 2021, as questões mentais afetam a atuação docente: 47% dos entrevistados destacam que há uma carência de espaços de escuta e desenvolvimento profissional para ampliar suas competências nessa área, e 53% sentem que falta um maior envolvimento das famílias nas rotinas escolares das crianças, o que acaba sobrecarregando a figura do professor com relação a condução de questões emocionais com as turmas. 

Atividades de Educação Infantil: Planejamentos alinhados à BNCC

Neste curso você conhecerá experiências e sugestões que ajudam a realizar um planejamento alinhado à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e voltado aos interesses e à perspectiva das crianças que frequentam a Educação Infantil.

Aliás, muitas vezes parece que, na ideia de algumas pessoas, os professores moram na escola – até se assustam quando nos encontram em espaços externos, não é mesmo? Trata-se de uma demonstração do tanto de horas, dias, semanas e meses que nós, educadores, passamos em um prolongado atendimento de um público que, além de diverso, possui necessidades específicas. Somado a isso, encaramos diferentes desafios interrelacionais, além das questões burocráticas e gerenciais do trabalho. Assim, tanto os dados da pesquisa quanto as nossas vivências mostram que o recesso está longe de ser uma mera bonificação. 

Lá no começo do ano, eu trouxe algumas dicas para aproveitar o período das férias (sendo descansar a primeira e mais importante delas!), com sugestões de boas leituras e bons momentos. Tudo isso segue valendo, porém o intervalo de agora é um período diferente, estando mais para um momento de retomada de fôlego. 

É interessante também, se possível, separar alguns instantes e olhar para o percurso, analisando o que já foi construído neste ano e mesmo recordando as expressões e os movimentos das crianças nos dias que antecederam essa pausa. Encare isso como uma contemplação a distância, como quem observa o mar a partir de um farol – para então, no segundo semestre, realizar as alterações necessárias para que o barco continue a navegar da maneira planejada.

Vamos aprender ao ar livre?

Neste NOVA ESCOLA BOX, apresentamos aos gestores e professores da Educação Infantil os benefícios e possibilidades da aprendizagem em ambientes externos, que devem ser priorizados neste momento de retomada das atividades presenciais de acordo com os protocolos sanitários.

Mente sã, corpo são

E nós, professores, que olhamos tanto para as demandas das famílias e das crianças, que tal aproveitarmos esse tempo para escutar as nossas próprias necessidades? Já se dedicaram a observar como seu corpo e sua mente estão respondendo a toda essa demanda? E pensaram em fazer algumas pequenas resoluções de metade do percurso? 

Tentar incluir atividades físicas na rotina é um bom começo. Considerem a possibilidade de frequentar uma academia, praticar caminhada ou corrida em alguns dias da semana, frequentar aulas de ioga ou de pilates, nadar, dançar ou encontrar alguma prática esportiva agradável. Posso testemunhar que o pilates mudou minha vida: aprendi a me alongar, ganhei flexibilidade e força muscular e descobri como tratar dos problemas oxigenando o cérebro com uma sequência de respirações adequadas. É algo que me relaxa e contribui para meu bem-estar e minha qualidade de vida. 

Aliada a um corpo que se movimenta, é preciso uma mente que se encanta e se enaltece com belas palavras. Então, gostaria de sugerir o autor Rubem Alves e seu livro O Amor que Acende a Lua, de 1991 – especialmente o poema Escutatória. Ali, há uma importante ponderação sobre a essência da escuta, permitindo às professoras e aos professores que o leem um momento de deleite e escuta das emoções e sentimentos. 

Por último, cabe frisar aqui que as políticas públicas para a Educação e os programas de gestão dos municípios e escolas devem ter como prioridade ações efetivas para a saúde mental dos professores da Educação Infantil, contemplando formações continuadas, espaços e materiais adequados para desenvolver seu trabalho com os bebês e crianças pequenas. Paralelamente, nós, educadores, temos de nos preocupar com as nossas maiores ferramentas de trabalho, que são corpo, voz e mente – e com isso, no encerramento do ano, nem precisaremos solicitar uma coluna nova para o Papai Noel. 

Um bom descanso e até breve! 

Paula Sestari é professora da Educação Infantil da rede municipal de ensino de Joinville (SC), com dez anos de experiência nessa etapa, e mestre em Ensino de Ciências, Matemática e Tecnologias. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, e foi eleita Educadora do Ano com um projeto com crianças pequenas na área de Educação Ambiental.

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