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Diagnóstico e planejamento para o segundo semestre de aulas

Após um período desafiador, é hora de identificar as lacunas e encontrar caminhos para vencer a defasagem de aprendizagem

POR:
Ivonete Dezinho
Foto: Getty Images

Estamos retornando às aulas depois de um semestre desafiador, não? Apesar de desafios sempre estarem presentes na rotina de todos os educadores, este ano, em especial, retomamos as atividades presenciais após longos dois anos de ensino remoto, e isso trouxe novos obstáculos a todos que direta ou indiretamente estão envolvidos com a Educação.

Esse retorno veio cercado por vários sentimentos; entre eles, o medo e a ansiedade, pois a pandemia ainda não terminou. A insegurança e a incerteza eram nítidas nos olhares, nos discursos e nas ações.

Por isso, tivemos de acolher e ser acolhidos. Reafirmar os laços afetivos e sociais foi essencial perante às várias crises que enfrentamos durante o período de isolamento: doença, perda de familiares e amigos, desemprego, dúvidas.

Então, estratégias de acolhimento e escuta sensível foram cuidadosamente planejadas para receber nossos alunos visando e oportunizando novamente a construção de relações de pertencimento ao grupo de convívio escolar, visto que o período sem a interação presencial com colegas, professores, diretores, coordenadores e demais funcionários da escola impactou as relações sociais e a aprendizagem.

Isso ficou evidente após as primeiras avaliações diagnósticas realizadas no início do ano letivo. Além das questões emocionais, essas avaliações também mostraram que as habilidades essenciais determinadas para cada ano escolar ou os conhecimentos prévios dos alunos, tão necessários para a retomada dos estudos, seriam obstáculos para a continuidade das aulas presenciais.

Diante desse cenário, tivemos de encontrar caminhos para vencer as barreiras emocionais e a defasagem de aprendizagem. Secretarias estaduais e municipais de Educação, diretores, coordenadores, professores e alunos, com o apoio da família, traçaram ações e metas para construírem um novo caminho, acolhendo, sendo acolhidos e dando oportunidade para que novas e significativas aprendizagens ocorressem.

Uma experiência de acolhimento e recomposição

Uma das ações da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul (SED-MS) foi a elaboração do Plano de Recomposição das Aprendizagens (PRA-MS). Guiado pela Matriz de Habilidades Essenciais, o plano reúne um conjunto de estratégias visando à redução das desigualdades de aprendizagem entre os estudantes da rede pública estadual por meio da consolidação de habilidades consideradas relevantes e inegociáveis para a vida e a trajetória escolar do aluno, uma vez que são essas habilidades que fornecem o suporte para que seja possível avançar na aprendizagem e sobre as quais os componentes curriculares se estabelecem.

A intenção ao trabalhar com habilidades essenciais é oportunizar a todos os alunos as aprendizagens que não foram totalmente consolidadas nas etapas ou nos anos anteriores àquele em curso. O trabalho é fundamental para que os estudantes sigam aprendendo. Com isso, o que vimos foi o envolvimento de toda a comunidade escolar com o Plano de Recomposição de Aprendizagem, e cada segmento, dentro de suas possibilidades, assumiu metas e ações.

Aos docentes, coube a tarefa de planejar atividades de recomposição com foco no desenvolvimento das habilidades essenciais das diversas áreas do conhecimento; elaborar planos de aula de modo interdisciplinar, com propostas que estimulassem a investigação e o pensamento crítico; acompanhar o desempenho do estudante por meio de avaliações diagnósticas e formativas, registrando seus avanços e dificuldades e redirecionando o planejamento das atividades quando necessário. Eles também participaram das atividades de formação, das reuniões e de encontros.

Desafios do componente curricular de Matemática

Finalizando o primeiro semestre do ano letivo de 2022, fizemos um diagnóstico do componente curricular de Matemática que trabalho com os 8º e 9º anos e observamos que, ainda assim, alguns estudantes estão com aproveitamento insatisfatório e algumas das habilidades previstas para o semestre ainda não foram trabalhadas.

Muitas dificuldades surgiram durante o processo, e foi necessário retomar vários conceitos, como operações básicas, frações, números decimais, inteiros e racionais, entre outros temas importantes para a continuidade do processo de ensino e aprendizagem. 

Agora, no início do segundo semestre, serão necessárias novas discussões sobre ações que estimulem a reflexão, a proposição e o planejamento de estratégias, além das já previstas no Plano de Recomposição das Aprendizagens, a fim de minimizar os impactos causados pelos anos de pandemia na aprendizagem dos estudantes.

Caro colega professor, como foi para você o retorno ao ensino presencial? Quais foram suas dificuldades? Quais ações você e sua escola planejaram para trabalhar a defasagem de aprendizagens?

Um abraço e até breve!

Ivonete Dezinho é professora há 36 anos, lecionou por 25 anos na rede estadual de Educação de Mato Grosso do Sul, nos Anos Inicias do Ensino Fundamental, e há 19 anos trabalha com Matemática na EMEF Professor Milton Porto, em Naviraí (MS). Em 2014, foi uma das vencedoras do Prêmio Educador Inovador com o projeto “A matemática na minha vida”. Em 2018, recebeu o Prêmio Educador Nota 10 e foi vencedora da premiação popular #EsseProjetoé10 com o projeto “De pai para filho: uma abordagem do ensino da matemática nas profissões”. Em dezembro de 2018, recebeu a medalha da Ordem Nacional do Mérito Educativo pelo Ministério da Educação (MEC). Em 2020, foi vencedora do Prêmio Educador Digital com o trabalho “Boas práticas na educação remota com o projeto 'Da ponta do dedo à ponta do lápis': o ensino da Matemática na modalidade remota”.

 

 

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