A Matemática nos Jogos Olímpicos: veja como trabalhar gráficos e medidas
Número de medalhas, recordes ou altura dos atletas são dados que podem ajudar a trabalhar conceitos matemáticos na prática e engajar a turma
POR: Rosiane Prates
É interessante perceber que a Matemática, muitas vezes, é vista como uma disciplina desconectada do cotidiano. No entanto, uma abordagem contextualizada e prática pode mudar essa percepção, permitindo um aprendizado mais significativo e engajador. Um excelente exemplo de contexto que pode ser aproveitado são os Jogos Olímpicos.
Professora e professor, as Olimpíadas oferecem uma oportunidade excelente para trabalhar com dados reais. Por exemplo, elas fornecem uma vasta gama de dados como tempos de corrida, distâncias de saltos e lançamentos, pontuações e muito mais.
Esse volume de informações tem um enorme potencial didático, especialmente, para o ensino de Matemática e não só permite a introdução de conceitos matemáticos de maneira contextualizada, mas também ajuda a desenvolver habilidades de análise crítica e interpretação de dados.
No Ensino Fundamental, colegas, é importante que as práticas pedagógicas conectem a Matemática ao dia a dia para que faça sentido aos estudantes.
Jogos Olímpicos e a construção de gráficos
Ao trabalhar com dados olímpicos, a construção de gráficos torna-se uma ferramenta prática e significativa nos Anos Finais do Ensino Fundamental, uma vez que a utilização desses dados não só desenvolve habilidades matemáticas essenciais, mas também estimula o pensamento crítico e analítico. Assim, seguem algumas sugestões de possíveis atividades.
- Coleta de dados - Podemos começar com a coleta dos dados dos Jogos Olímpicos. E nesse contexto, as opções são vastas: tempos de corredores em diferentes edições dos jogos, marca dos saltos, distâncias de arremesso, pontos registrados… A partir dessa definição, esses dados podem ser apresentados em tabelas simples para destacar a organização inicial.
- Criação de tabelas - Com os dados coletados, os alunos podem organizar essas informações em tabelas. Por exemplo, podem listar os anos dos jogos e os tempos dos vencedores na prova de 100 metros rasos.
- Introdução às variáveis - Utilizando tabelas, os alunos podem começar a trabalhar com variáveis, onde 'X' pode representar os anos e 'Y', os tempos dos vencedores.
- Construção de gráficos - A partir das tabelas de dados, os alunos podem construir gráficos de linhas ou gráficos de dispersão, por exemplo, um gráfico de linha pode mostrar a evolução dos tempos vencedores ao longo dos anos, enquanto um gráfico de dispersão pode ajudar a visualizar a relação entre os anos e os tempos.
- Identificação de padrões e tendências - Ao analisar os gráficos construídos, os alunos podem identificar padrões e tendências, podem observar, por exemplo, se os tempos estão diminuindo ao longo dos anos. Isso também pode levar a uma discussão sobre a evolução de tecnologias e da própria medicina esportiva, não é mesmo?
- Estudo de equações - Com base nos padrões identificados, os alunos podem fazer previsões futuras. Que tal estimulá-los a estimar qual será o tempo do vencedor na próxima edição dos Jogos Olímpicos? É um ótimo momento para introduzir expressões e equações algébricas, mostrando como elas podem ser usadas para fazer estimativas.
Para enriquecer ainda mais o aprendizado, professora e professor, podemos integrar o uso de ferramentas digitais, como planilhas eletrônicas e softwares de gráficos. Essas ferramentas podem facilitar a organização e a visualização dos dados, além de contribuir com o processo de ensino-aprendizagem mais interativo e envolvente.
Tipos, interpretação e análise de gráficos
A construção de gráficos é uma ferramenta pedagógica essencial no ensino de álgebra por inúmeras razões e as Olimpíadas podem ajudar os alunos a entender como diferentes tipos de gráficos podem ser usados em diferentes situações.
Gráficos de linhas e a prova de 100 metros rasos
Por exemplo, se forem coletados os tempos de vencedores da prova de 100 metros rasos ao longo das diferentes edições dos Jogos Olímpicos, podemos plotar esses tempos em um gráfico de linhas. Esse tipo de gráfico ajuda os alunos a visualizarem tendências ao longo do tempo, permitindo a identificação de melhorias ou declínios no desempenho dos atletas.
Gráficos de barras e número de medalhas
Imagine criar um gráfico de barras mostrando o número de medalhas conquistadas por diferentes países em uma edição específica dos jogos? Esse modelo de gráfico é eficaz para comparar quantidades distintas de uma maneira clara e visual, facilitando a compreensão de distribuições e frequências.
Gráficos de pizza e medalhas de ouro, prata e bronze
Pode ser usado para mostrar a proporção de medalhas de ouro, prata e bronze conquistadas por um país durante os Jogos Olímpicos. Esse tipo de gráfico ajuda o aluno a entender a divisão de um todo em partes proporcionais, promovendo a compreensão de porcentagem e frações.
Histogramas e altura dos atletas de basquete
Como exemplo, é possível utilizar para mostrar a distribuição de alturas dos atletas de uma determinada modalidade, como basquete ou vôlei, com possibilidade de visualização e distribuição de dados contínuos, compreendendo conceitos de frequência e intervalos. Pode ser legal fazer a comparação dos gráficos de diferentes modalidades como basquete e ginástica artística.
Gráficos de dispersão e desempenho
Podemos criar gráficos de dispersão para mostrar a relação entre a altura e o desempenho em salto em altura, uma vez que este tipo de gráfico ajuda a identificar possíveis correlações entre duas variáveis, promovendo um entendimento inicial de conceitos estatísticos como correlação.
Dessa maneira, colegas, ao trabalhar com esses diferentes tipos de gráficos, é essencial que os alunos desenvolvam habilidades não apenas na construção, mas também na interpretação e análise dos mesmos. Por isso, também é importante trazer contextos e propostas pedagogicas direcionadas. Aqui estão três sugestões de estratégias para alcançar esse objetivo:
1. Discussões em sala de aula - Tem como propósito incentivar debates sobre o que os gráficos revelam, perguntar aos alunos o que eles notam sobre as tendências ou comparações específicas pode aprofundar seu entendimento.
2. Projetos em grupo - Os alunos podem trabalhar em pequenos grupos para coletar dados, construir gráficos e apresentar suas análises, promovendo colaboração e habilidades de apresentação.
3. Tarefas investigativas - Propor questões investigativas, como Como os tempos dos vencedores dos 100 metros rasos têm mudado ao longo dos anos? ou Qual país tem mostrado um aumento no número de medalhas ao longo das edições dos jogos?, pode incentivar uma exploração mais profunda no contexto de utilização de dados das Olímpiadas, construção e análise de gráficos.
Unidades de medida nos Jogos Olímpicos
Uma outra possibilidade é utilizar os Jogos Olímpicos para reforçar o entendimento sobre unidades de medida. Assim, é possível explorar algumas dessas unidades e como elas podem ser integradas no ensino de Matemática.
Medidas de comprimento e distância
O atletismo oferece diversos exemplos, desde os 100 metros rasos até a maratona, que é de 42,195 quilômetros, sendo possível ensinar conversões entre metros, quilômetros e outras unidades de comprimento por meio da análise dessas provas.
Unidades de tempo
O tempo cronometrado nas provas de natação e ciclismo é excelente para que os alunos aprendam a medir em segundos, minutos e horas, além de praticar conversões entre essas unidades.
Medidas de massa e peso
Aqui, pode ser considerada a competição de levantamento de peso, onde os atletas levantam e registram pesos em quilogramas, com possibilidade de usar essas competições para ensinar sobre medidas de massa, as conversões entre gramas e quilogramas e a diferença entre massa e peso.
Medidas de volume
A quantidade de água em uma piscina olímpica pode ser o ponto de partida para uma aula sobre unidades como litros e metros cúbicos.
Medidas de área
A área de uma quadra de basquete ou um campo de futebol pode ser utilizada com o objetivo de aprender a calcular áreas em metros quadrados, comparando-as com áreas de suas próprias salas de aula ou pátios escolares.
Quando a Matemática é ensinada de maneira contextualizada e prática, os alunos não apenas aprendem de maneira significativa, mas também apreciam a relevância e aplicabilidade dos conceitos matemáticos em sua vida cotidiana.
Inserir comparações baseadas nos Jogos Olímpicos em suas aulas pode transformar o ensino de Matemática em uma experiência dinâmica e envolvente, promovendo um aprendizado mais profundo e duradouro.
E você, colega, já imaginou ou utilizou o contexto dos Jogos Olímpicos em suas aulas de Matemática?! Conta pra gente, até breve!
Rosiane Prates é professora de Matemática das séries finais do Ensino Fundamental, atua há mais de dez anos na rede pública e já integrou o Comitê de Avaliação do Município de Pinheiros (ES). Em 2022, participou da quarta edição do Mulheres na Ciência e Inovação, programa de formação para pesquisadoras no Brasil realizado pelo Museu do Amanhã e o British Council. Também foi professora-autora no projeto Planos de Aula de Matemática, realizado pela Associação NOVA ESCOLA. Além disso, tem participação como voluntária em projetos socioeducacionais e de empreendedorismo. É licenciada em Matemática e Pedagogia, graduada em Administração, especialista em Ensino e Currículo, em Matemática na Prática e mestranda em Gestão Escolar.
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