Final do ano: avaliar para planejar as últimas semanas do ano
Confira sugestões para permitir que todos avancem na reta final
POR: Selene Coletti
Estamos chegando no último trimestre do ano. Falta pouco até o fim do ano letivo, porém ainda temos muito o que fazer para permitir o avanço de todos.
A última reunião do conselho de classe deve ter trazido reflexões para pensar em novas ações até a finalização do ano. Para contribuir, separei alguns pontos importantes da nossa prática que merecem sua atenção.
1. Faça uma boa avaliação para planejar os próximos passos
Esse é um excelente instrumento para recalcular a rota e direcionar as ações. Cada tipo de atividade avaliativa oferece diferentes tipos de informações, tanto para os estudantes quanto para nós, professores. A análise cuidadosa desses dados permitirá construir rotinas e intervenções visando o avanço no processo de ensino e aprendizagem.
Proponho as seguintes questões para reflexão:
- O que as avaliações do bimestre me dizem a respeito do que os meus alunos sabem e o que eles precisam ainda saber?
- Como venho dando as devolutivas das avaliações para a minha turma?
A forma que damos essas devolutivas dizem muito a respeito da nossa visão do que é avaliar, se entendemos a avaliação como um instrumento a favor da aprendizagem.
Após realizar a avaliação, faça uma análise criteriosa dos acertos e erros, seja uma prova dissertativa, de múltipla escolha ou uma avaliação externa. Sistematize quais foram as questões com maior taxa de erro na turma e a quais habilidades se referem – também faça esse exercício olhando para o desempenho individual.
Para facilitar este trabalho, costumo fazer uma tabela anotando os acertos e erros, assim, é possível visualizar quais foram as que mais erraram.
Como no exemplo acima, é possível perceber que as questões 3 e 4 foram as que apresentaram um maior número de erros. Sabendo quais habilidades são trabalhadas nelas, é hora de pensar onde está a dificuldade, buscar estratégias para revisar e consolidar aquela aprendizagem.
No caso da alfabetização matemática, no 1º ano do Fundamental, por exemplo, a análise das diferentes propostas com esse foco merecem uma atenção especial, pontuando o que cada um apresenta dificuldade para poder rever.
Se em sua turma há alunos que ainda não conseguiram compreender as regularidades do quadro numérico, é importante que você analise como vem trabalhando e busque outra maneira de abordar o tema. Os planos de aula da NOVA ESCOLA e nossas conversas por aqui podem servir de inspiração.
Outra possibilidade é pedir que revejam as questões “erradas” e pedir que expliquem como resolveram. Esta é uma forma de investir no erro como forma de aprender. Assim será possível compreender como o aluno está pensando e intervir.
Para qualquer estratégia que utilize, você precisará rever a sua rotina e incluir momentos em que possa fazer boas intervenções com pequenos grupos de alunos – enquanto isso, os demais podem realizar outro tipo de atividade que não requeira a sua total atenção.
2. Crie um plano para o bimestre
Com o currículo em mãos e com as dificuldades da sua turma mapeadas, elabore um novo plano para estes dois meses que faltam para acabar o percurso, estabelecendo objetivos e o foco das atividades, além de monitorar o desempenho da turma.
Com a ajuda da gestão escolar de sua escola, é importante elencar aquilo que é essencial para que sua turma aprenda e o que precisa ser revisto.
Organize uma tabela com os dias da semana e o que pretende trabalhar em cada um deles, levando em consideração também para o livro didático, caso tenham.
3. Elabore um plano de ação
Esse instrumento é fundamental para que você estabeleça ações específicas para as dificuldades individuais de cada aluno.
Caso não seja uma prática que já faça parte de sua rotina, confira aqui o conteúdo em que falamos sobre esse assunto. É um instrumento que vale a pena ser usado, pois permite não deixar ninguém para trás, e, principalmente, nos dar o norte para as intervenções.
4. Invista na qualidade das tarefas propostas
Elaborar um plano para o bimestre ou mesmo o plano de ação requer pensar o tipo de tarefas que serão propostas para que os alunos coloquem em jogo tudo o que sabem.
Para ter um avanço real, é necessário ter clareza dos objetivos e habilidades que deseja alcançar.
Por exemplo, se vai trabalhar a adição, comece refletindo a respeito da ideia de adição e quais habilidades relacionadas, para pensar em boas tarefas.
Logicamente que uma única atividade não dá conta de tudo, precisamos elaborar uma sequência. Voltando no exemplo da adição, não é ensinar o aluno “montar” e resolver a “continha”, mas sim compreender as ideias da adição envolvidas.
Diante de tantas demandas, espero que as colocações desta nossa conversa possam contribuir para que todos da sua turma possam avançar. Não é tarefa fácil, mas todo o empenho valerá a pena!
Até a próxima!
Selene
Selene Coletti é professora há 43 anos na rede pública. Atuou na Educação Infantil e foi alfabetizadora por 10 anos, lecionando do 1º ao 5º ano. Em 2016, foi uma das ganhadoras do Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, com o projeto “Mapas do Tesouro que são um tesouro”, na área de Matemática. Foi diretora de escola e recebeu, em 2004, o Prêmio “Gestão para o Sucesso Escolar”, do Instituto Protagonistes/Fundação Lemann. Atuou como coordenadora do Núcleo de Formação Continuada e também como formadora da Educação Infantil na Prefeitura de Itatiba (SP). Atualmente é vice-diretora da EMEB Philomena Zupardo, em Itatiba.
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