Frevo, maracatu e bonecões distribuídos pelas ladeiras de Pernambuco embalam o tradicional carnaval do estado
Região: Nordeste
Olinda, Pernambuco
Carnaval de Olinda
Ritmos predominantes - frevo e maracatu
Maracatu
Existem dois tipos de maracatu, o de Baque Virado, também conhecido como Maracatu Nação, e o de Baque Solto, também chamado de Maracatu Rural. O registro mais antigo que se tem sobre o Maracatu de Baque Virado data de 1711, mas sua origem é incerta. O que se sabe é que ele surgiu em Pernambuco e vem se transformando desde então. A manifestação tem relação com o candomblé (religião de matriz africana) e com a coroação de escravos negros, antiga estratégia de dominação desse povo pelos colonizadores. O ritmo é marcado por instrumentos de percussão e a dança se desenvolve num cortejo que conta com rei, rainha e toda uma corte simbólica. Já o Maracatu Rural não tem vínculo religioso e se associa ao folclore pernambucano. As personagens principais dessa manifestação são os caboclos de lança, representados por trabalhadores rurais que com as mesmas mãos que cortam cana, lavram a terra e carregam peso, bordam suas fantasias e tocam o ritmo acelerado da música.
Frevo
Muito mais do que apenas um ritmo, o frevo é uma manifestação cultural genuinamente pernambucana que mistura música e dança. O frevo surgiu na cidade de Recife no seio das classes trabalhadoras, que no final do século 19 se organizavam em agremiações carnavalescas conhecidas como "clubes pedestres". Esses grupos passaram a ocupar os espaços urbanos antes dominados apenas pelos chamados "clubes de alegoria e críticas", que abrigavam as oligarquias locais e pretendiam mostrar um carnaval culto, no qual não havia espaço para os pobres.
História - A história do carnaval de Olinda se confunde com a história da folia no Recife, capital de Pernambuco. A configuração atual do carnaval de Pernambuco é relativamente recente, que foi marcado pelo surgimento de agremiações como o Clube Carnavalesco Misto Lenhadores (1907), e o Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas (1912) - ambos ainda presentes nos carnavais da atualidade.
O carnaval de Olinda, especificamente, preserva as tradições da folia pernambucana. Todos os anos, pelas ruas e ladeiras da Cidade Alta desfilam centenas de agremiações carnavalescas e tipos populares, que mantêm vivas as genuínas raízes da mais popular festa do Brasil. São clubes de frevo, troças, blocos, maracatus, caboclinhos, afoxés, cujas manifestações traduzem a mistura dos costumes e tradições de brancos, negros e índios, base da formação da cultura brasileira.
Em 1977 o carnaval de Olinda se tornou eminentemente popular. Nesse ano, foram abolidos da folia olindense a comissão julgadora, a passarela e o palanque das autoridades, elementos considerados cerceadores da plena participação popular, o que lhe garantiu através do tempo o título de "Carnaval Participação". Hoje, mais de um milhão de pessoas vindas de todo o mundo lotam as ruas e ladeiras do Sítio Histórico da cidade em busca da efervescência e da alegria da festa. Uma folia alimentada por cerca de 500 agremiações carnavalescas locais e de outros municípios pernambucanos.
O desfile - Em Olinda a festa do frevo é eminentemente democrática e popular, características que se evidenciam na convivência harmoniosa do frevo com outras manifestações culturais da cidade, como o maracatu. Uma festa que, a cada ano, se torna ainda mais participativa graças à disposição do governo de Olinda de resgatar as características culturais e ampliar a integração popular de uma das maiores manifestações coletivas do Brasil.
Dentre os elementos característicos da folia olindense estão os bonecos gigantes, dos quais todo ano são criados novos tipos, e hoje já são mais de uma centena desfilando nas ruas e ladeiras da cidade. Esses bonecos são uma herança europeia e têm sua origem nas procissões do século 15, nas quais os bonecos acompanhavam os cortejos religiosos. O primeiro boneco a sair às ruas de Olinda foi o Homem da Meia-Noite, que anima a folia desde 1932. Os tipos populares também sempre desfilam pelas ladeiras de Olinda. A cada ano, eles representam personagens inspirados tanto nos noticiários, como nos mais tradicionais costumes, carregando em suas fantasias a crítica social tradicionalmente presentes no carnaval da cidade.
O carnaval é aberto a todos; não existe cobrança de ingressos ou necessidade de abadás. Desde cedo, crianças são trazidas pelos pais para participar da festa; de outro lado, pessoas da terceira idade retornam à juventude e também caem na folia. Em Olinda, os festejos são protagonizados pelo povo. Não existem sambódromos na cidade: todas as ruas são tomadas pelo povo. Não há trios elétricos em Olinda: a animação e o ritmo são mantidos pelos populares, que formam grupos de todos os matizes, com variados instrumentos e tocando as músicas que desejarem. Não há programação no carnaval de Olinda: há apenas um dia para começar e outro para terminar; há blocos que ficam até tarde da noite, outros que saem no começo da manhã. Considerado o maior bloco do mundo, o Galo da Madrugada arrasta 1,5 milhão de pessoas para o centro do Recife.
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