O Fofão está na rua!
O boneco, famoso entre os moradores de São Luís, ajuda a divulgar um tipo de espetáculo nascido na Europa e montado fora dos palcos
POR: Paulo AraújoMáscaras de papelão e roupas de chita: com poucos
gastos, o boneco fica pronto. Foto: Meireles Jr
Todos os anos, durante o Carnaval, é possível ver pelas ruas de São Luís um personagem grotesco que aborda as pessoas e, em troca de dinheiro, faz festa para os mais generosos. Trata-se do Fofão, um primo distante do carioca Clóvis, do pernambucano Papangu, do potiguar Ala-Ursa e de tantos outros bonecos animados que fazem parte da folia de Momo brasileira. Pesquisador do gênero de teatro de animação - aquele em que bonecos assumem o lugar dos atores -, o professor Ivan Veras, da Escola de Música Lilah Lisboa, descobriu que muitos alunos da rede municipal até se fantasiavam de Fofão sem conhecê-lo bem. Poucos sabiam confeccionar a máscara colorida que o caracteriza, falar sobre sua origem e refletir sobre essa encenação de rua - não necessariamente no período do Carnaval. "Faltava a base de toda boa peça de teatro, que é entender o processo antes de levá-la a público." Numa parceria entre o Departamento de Comunicação e Artes da Universidade Federal do Maranhão e o Centro Comunitário Vila Embratel, o professor ensinou, durante um mês, os segredos do Fofão a dez colegas e 20 alunos da EM do Povo, da EM Sagrada Família e da EM Menino Jesus. O resultado, além do aprendizado sobre a confecção das máscaras e do figurino, foi um passeio pelos mistérios de uma peça de teatro feita longe dos palcos. P.A.
Sequência de atividades
1. ORIGEM EUROPÉIA
Toda forma de teatro tem raízes históricas que os alunos precisam conhecer. Nos dois primeiros encontros, Ivan explicou que o Fofão se originou na Commedia dell?Arte, gênero criado na Itália no século 15 (localize no pôster com a linha do tempo) e depois difundido pela Europa, caracterizado por apresentações populares feitas nas ruas. "No norte de Portugal, há um personagem chamado Careta que sai pelas ruas no Carnaval", conta. As pesquisas apontam que ele pode ser o pai do Fofão. Ivan mostrou aos alunos imagens desse ancestral.
2. PLANEJAMENTO E FIGURINO
Para que o custo das roupas não inviabilize o projeto, é possível utilizar materiais baratos, como chita, tiras de garrafa PET e até jornal, como fez o grupo para confeccionar o figurino do Fofão. Já a máscara, uma parte exuberante da fantasia, foi feita com papelão de caixa de sapato, cola, tinta guache e barbante. Durante uma oficina, que você pode acompanhar no nosso site, todos aprenderam a montar as máscaras grotescas.
3. PERSONAGEM CONTESTADOR
Esse teatro é mais que brincadeira. Ivan lembrou que na Idade Média, nas ruas e praças, os bonecos faziam sátiras e debochavam do teatro clássico, encenado em ambientes fechados para divertir as cortes. E o Fofão, que mensagem transmite? Todos foram desafiados a dar respostas. O ser que destoa dos padrões de beleza é espontâneo e mexe com as pessoas. Mas, ao pedir dinheiro, lembra de questões sociais. Portanto, os temas que afligem os moradores da comunidade poderiam estar na boca do personagem. "Teatro é contestação", lembra Ivan.
4. O ESPETÁCULO VAI À RUA
Fazer apresentações na rua exige planejamento, principalmente em relação à segurança. Por isso, Ivan reuniu-se com os colegas para discutir detalhes do espetáculo e solicitou à prefeitura o fechamento da via. A grande consagração do grupo, todos já sonham, será mesmo no Carnaval de 2007.
Quer saber mais?
CONTATOS
Escola de Música Lilah Lisboa, R. da Estrela, 363, 65010-200, São Luís, MA
Ivan Veras, Av. dos Portugueses, s/nº, 65085-582,São Luís, MA, casemirococo@uol.com.br
EXCLUSIVO ON-LINE
Acompanhe o passo-a-passo da confecção da máscara do boneco Fofão em www.novaescola.org.br
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