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O que você faz no horário de trabalho pedagógico coletivo (HTPC)?

Dentro da jornada de trabalho do professor, dois terços de sua carga horária devem ser cumpridos na sala de aula e outro terço desse tempo remunerado é destinado a atividades pedagógicas extraclasse

POR:
Neurilene Martins



Dentro da jornada de trabalho do professor, dois terços de sua carga horária devem ser cumpridos na sala de aula e outro terço desse tempo remunerado é destinado a atividades pedagógicas extraclasse, para que o docente planeje suas aulas e aperfeiçoar a prática pedagógica. Esta conquista, garantida na legislação brasileira, recebe o nome de horário de trabalho pedagógico coletivo (HTPC) ou aula de trabalho pedagógico coletivo (ATPC).

Apesar da importância da formação em contexto de trabalho ser inegável, na prática, há problemas a serem resolvidos relacionados a espaço, tempo e modo de desenvolvê-la. Em algumas instituições, o horário destinado ao trabalho coletivo é transformado em dia de folga. Em outras, esse tempo é visto como uma brecha na rotina para colocar em dia as conversas com os colegas ou ainda corrigir atividades. E ainda há professores que afirmam não receber a ajuda necessária nas reuniões, enquanto os coordenadores pedagógicos – principais responsáveis pela formação continuada na escola – se queixam do baixo nível de comprometimento dos docentes com o planejamento e a formação.

Em todos esses casos, a escola parece desenhar-se como uma “caixa de ovos”. Essa metáfora, criada pelo professor americano Dan C. Lortie, da Universidade de Chicago, em 1975, representa a solidão dos professores que, apesar de aparentarem estar juntos no mesmo ambiente, estão separados pelas paredes das salas de aula. Diante desses cenários, busco refletir com vocês: por que um tempo tão significativo para o planejamento estratégico dos professores parece ser uma tarefa tão polêmica e complexa em alguns contextos? Por que esse direito tem cara de obrigação para parte dos educadores?

Para reposicionar o HTPC como um espaço de crescimento profissional, é preciso questionar concepções e práticas tradicionais que levam a um trabalho pedagógico fragmentado e enxergar a força de dispositivos de formação que incluem os professores em redes de trocas continuadas. Como diz o educador português António Nóvoa, “a competência coletiva é mais do que o somatório das competências individuais”.

Defendo que a gestão dessa atividade não seja responsabilidade exclusiva do coordenador pedagógico. Ela deve ser abordada como interesse de todos os professores, que podem militar em favor da mudança da cultura institucional e transformar essa agenda em encontros dialógicos, essenciais e úteis à prática docente.

Para remodelar um projeto de formação de professores, vale questionar:

- O HTPC serve como apoio a sua atividade profissional ou é mais um fator de complicação em sua vida?
- Os momentos coletivos são organizados com base nos problemas e projetos educativos ou são tomados por teorias e métodos exteriores?
- As reuniões garantem espaço para o compartilhamento de conhecimentos?
- Quais têm sido as consequências práticas da formação realizada em sua escola?

Deixo com a palavra os sujeitos a quem se destina a formação: vocês, os professores! Compartilhem nos comentários suas experiências e expectativas sobre o horário de trabalho pedagógico coletivo.

Um abraço e até a próxima semana,
Neury

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