Apresentado por
Arte na Creche

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A turma vai pôr a mão na... argila!

Dê a oportunidade dos pequenos vivenciarem experiências sensoriais

POR:

O QUE É?

Proposta de atividade permanente de pintura, desenho, modelagem com argila. Conteúdo originalmente publicado no site Arte na Creche, iniciativa do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (CENPEC) e do Instituto Minidi Pedroso de Arte e Educação Social (Impaes).

QUEM FEZ?

Associação Sabiá, que realiza projetos de Educação e Cultura no âmbito das Artes, Saúde Coletiva, Meio Ambiente, Esportes e Direitos Humanos.

PODE TE INSPIRAR PORQUE....

As crianças ganham diversas possibilidades e formas de se expressar e criar ao trabalhar com argila e têm a chance de conversar sobre as próprias produções.

ETAPA

Educação Infantil

ANO

Creche

CONTEÚDOS

Arte, linguagem visual, manipulação de materiais

Experiências estéticas, poéticas e lúdicas com argila

Criança brincando com argila
Crédito: Getty Images

Idade
2 anos

Proposta
Favorecer o desenvolvimento da sensibilidade das crianças, o fluxo de sua nascente intenção criadora e potencializar suas habilidades para dar forma a suas ideias e iniciativas são alguns objetivos da proposta de exploração da argila.

A argila é um elemento polimórfico, pode multiplicar-se em infinitas formas a partir da intenção de quem a manuseia. O uso da argila pelas crianças proporciona ricas experiências sensoriais, assim como possibilidades ilimitadas para modelar e dar forma aos elementos que habitam o imaginário e a realidade, viabilizando, dessa maneira, oportunidades de aprofundamento na relação das crianças com esse material e suas possibilidades lúdicas, estéticas e poéticas.

"Durante os primeiros anos de vida, as crianças desfrutam de um potencial único na relação com seu corpo, estando com os sentidos aflorados, gestos e movimentos fluidos, instigados pelas descobertas que promovem; através das quais formam sua consciência a respeito de si mesmo, dos outros e do mundo. Ao mergulharem no universo simbólico, entre 2 e 3 anos, passam a significar suas experiências também através do faz de conta e da expressão poética, e isso permite compreender a importância de desfrutarem de experiências como esta.” (DEWEY, 2010).

Tempo
Esta proposta de exploração e expressão com argila pode ser desenvolvida com as crianças especialmente em dias de calor, a partir de uma série de encontros com o barro e a água, variando elementos no planejamento das atividades de um encontro para o outro, como a organização dos ambientes, a apresentação dos materiais e as experiências e desafios propostos. Essas atividades duram o tempo que costuma durar o próprio material, que vai endurecendo com o manuseio. Pode se estender por entre 30 e 50 minutos, tempo que precisa ser flexível caso as crianças estejam muito envolvidas.

Espaço
O ideal é utilizar um espaço externo com mesas adequadas ao tamanho das crianças, com opção de permanecerem sentadas ou em pé, ou realizarem a atividade no chão. A música também pode ambientar a atividade, podendo ser incluída nos preparativos do espaço que será ocupado pelo grupo.

Materiais
- Aproximadamente 1kg de argila para cada três crianças, cortada em pedaços iguais
- Fio de corte (nylon)
- 1 suporte de papelão A3 para cada uma
- 1 cuia com água para cada três crianças
- Paninhos de limpeza
- Equipamento de som e seleção de áudio
- Instrumentos (rolinhos, colheres de tamanhos diversos, garfos, palitos, canudos)

Interações
Em grupos pequenos, as crianças podem interagir observando umas às outras e também a professora, que pode trabalhar a argila junto com elas.

Dessas observações nasce a imitação dos gestos, dos procedimentos de manuseio do barro, do uso de ferramentas etc. Ao manusear a argila, a professora interage com os pequenos nomeando os objetos disponíveis, conversando sobre o que estão fazendo e relatando o uso de técnicas simples que podem ser pouco a pouco apropriadas: fazer minhoquinhas, bolinhas e costuras.

Atividades
As proposições da professora podem desencadear as seguintes atividades das crianças:

1. Exploração sensorial com argila (bloco grande) + músicas com ritmos variados.
2. Exploração sensorial com argila (pedaços de tamanhos diversos).
3. Experiências com argila, água e potes.
4. Pintura coletiva com argila.
5. Desenho em placa de argila.
6. Modelagem de temas e histórias.
7. Construção de elementos para brincadeiras.

Observe
No desenvolvimento dessa proposta, é interessante observar:

1.O aprofundamento progressivo da relação das crianças com os materiais (argila, ferramentas e suportes) ao longo da sequência de atividades:
- as crianças observam como a argila muda de consistência e plasticidade à medida que é manipulada, em contato com o calor da mão e a água?
- procuram controlar a plasticidade da argila a partir das experiências anteriores?
- testam diferentes texturas da argila agregando massa?
- modelam a argila alisando-a ou amassando-a?
- modelam a argila sobrepondo blocos ou bolinhas?
- dominam processos de dar liga e colar pedaços de argila a uma peça base?
- observam e experimentam contrapor peso à argila para dar equilíbrio e sustentação às peças modeladas?
- conhecem, experimentam e testam formas de secar a massa, protegendo-a, sem romper ou trincar?

2.Desenvolvimento progressivo das habilidades para manusear esses materiais e criar através deles:
- as crianças conhecem e experimentam materiais para intervir na argila como, por exemplo, palitos, espátulas, amassadores, rolinhos etc.?
- escolhem e experimentam diferentes suportes para a argila?

3.Relacionamento das crianças com a diversidade de possibilidades e formas de se expressar e criar através da argila, manifestadas pelo grupo:
- as crianças observam a própria produção e conversam sobre ela?
- observam a produção dos colegas? Utilizam técnicas ou sugestões de tratamento da argila comunicadas pelos colegas?
- conhecem e experimentam possibilidades de modelar a argila? E de esculpir? E de desenhar sobre ela?
- conhecem e experimentam modos de pintar a argila ou dar outras formas de acabamento às peças, como lixar, secar etc.?
- como se desenvolve a relação das crianças consigo próprias, na interação com estes materiais e propostas?
- as crianças exploram bastante, fazem testes e demonstram curiosidade em ver os processos de transformação da argila?
- demonstram interesse e curiosidade em intervir sobre a argila?
- demonstram gostar de suas produções finais, ficam satisfeitas com o que realizam?
- gostam de partilhar e contar como fizeram aos colegas?

A voz de quem participou
“Aprendemos a entender mais as crianças, saber que cada uma tem seu tempo e a respeitar isso.”
(Amanda Thamiris Vieira da Costa, educadora da Instituição Quintal Mágico)

"As propostas criativas e gostosas e a maneira atenta, sensível e libertadora como as educadoras conduziram as atividades, muito me despertaram. Senti as crianças realmente à vontade.”
(Carolina Pires, coordenadora do projeto Corpo e Cultura na Formação do Educador da Primeira Infância)

Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB, 2010.
CRUZ, Maria Cristina M. T. Para uma educação da sensibilidade: a experiência da Casa Redonda Centro de Estudos. 2005. Dissertação (Mestrado) – Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.
DEWEY, John. Ter uma experiência. In: DEWEY, John. Arte como experiência. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
GIANOTTI, Sirlene. Dar forma é formar-se: processos criativos da arte para a infância. 2008. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
PIRES, Carolina T. O essencial no ser e a poesia dos sentidos e dos significados: reflexões sobre arte e educação em contextos destinados à primeira infância. 2012. Dissertação (Mestrado) – Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.