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Arte na Creche

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Explorar materiais, conhecer o mundo

Cores, texturas e tamanhos variados ajudam descobrir a plasticidade do que nos cerca

POR:

O QUE É?

Proposta de atividade permanente de exploração de materiais plásticos, como misturas e melecas feitas com água, terra, areia, papel crepom e farinha. Conteúdo originalmente publicado no site Arte na Creche, iniciativa do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (CENPEC) e do Instituto Minidi Pedroso de Arte e Educação Social (Impaes).

QUEM FEZ?

Comunidade Educativa CEDAC, que apoia profissionais da Educação no desenvolvimento de conhecimentos e práticas que resultem na oferta de uma educação pública de qualidade, com foco no aprimoramento contínuo dos processos de ensino, gestão em rede e participação comunitária.


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A proposta dá às crianças a possibilidade de manusear novas texturas, descobrindo assim, sensações e usos para elas.


ETAPA

Educação Infantil


ANO

Creche


CONTEÚDOS

Exploração de texturas, Arte

Explorações plásticas

Crianças brincando com farinha
Crédito: Getty Images

Proposta

Desde muito cedo as crianças investigam intensamente o mundo, fazendo dos objetos disponíveis alvos de investigação. Exploram texturas, dureza, largura, temperatura, cores, tamanho etc. Ao fazê-lo, utilizam o corpo todo em movimentos que parecem explicitar o desejo de conhecer o mundo. Os materiais plásticos permitem essa experimentação, por isso, as misturas devem ser favorecidas e estimuladas desde cedo. “Todos nós, que trabalhamos com Educação Infantil, sabemos da importância das misturas para as crianças. Por exemplo, quando elas estão em um tanque de areia realizando experiências de transvasamento de água e areia e são capazes de passar horas a fio nessa atividade. Que tipo de conhecimento está sendo engendrado ali? (...) Toda a dimensão da imaginação humana que se baseia na experiência, no manuseio, na mistura, em massas, substâncias que se transformam pela nossa ação.” (Deheinzelin, Monique. Com a mão na massa. Revista Avisa Lá nº 36, São Paulo, Instituto Avisa Lá, outubro de 2008).

As crianças têm a liberdade de escolher a forma de explorar, e a proposta é viabilizar a ampliação de possibilidades de exploração. O manuseio de materiais plásticos pode favorecer aprendizagens importantes sobre materiais e suas transformações. Para bebês e crianças bem pequenas (de 1 a 2 anos), as atividades de exploração de misturas de materiais plásticos são bastante  adequadas, pois possibilitam que, ao manipular os materiais, as crianças descubram os efeitos e/ou transformações que sua própria ação provoca na interação com o mundo.

Tempo

Para garantir uma progressão de aprendizagens, é importante que as explorações sejam propostas com regularidade na rotina dos bebês e crianças bem pequenas. A organização do tempo e a escolha dos materiais a serem explorados em cada atividade devem considerar a necessidade da repetição, pois algumas crianças podem reagir com repulsa quando em contato com algum material pela primeira vez. Por isso, precisam de mais tempo para aos poucos se familiarizarem com as sensações produzidas pelas suas características físicas. Como o tempo de exploração de cada criança é diferente, torna-se importante garantir atividades alternativas para que as que terminem antes possam se ocupar. Ter sempre próximo cestas de objetos, brinquedos etc., disponíveis às crianças pode ser uma boa alternativa.

A regularidade das experiências de exploração de diferentes materiais possibilita que, além de as crianças observarem a relação entre as transformações e suas próprias ações, possam também observar as marcas que suas ações deixam em diferentes superfícies.

Espaço

O espaço, de preferência, deve ser amplo para possibilitar a livre circulação das crianças. O ideal é utilizar um que possa ser molhado, que comporte os materiais organizados de forma a estarem disponíveis para os pequenos os manusearem com autonomia. Dessa forma, eles podem decidir o que querem utilizar. Os espaços externos, como os parques, são ideais, pois comumente dispõem de recursos – como areia, galhos, folhas, pedrinhas – que podem ser utilizados pelas crianças, incrementando assim suas explorações. Também podem ser explorados parques e jardins, quadras poliesportivas, qualquer outro espaço amplo que possa ser molhado.

Materiais

- Farinhas, amido, maisena

- Areia, terra

- Papel crepom com água

- Tintas (comestíveis para bebês)

- Pás e colheres

- Peneiras

- Potes

- Papéis

Interações

A depender da situação, as explorações podem ser mais orientadas, tendo a professora como modelo: por exemplo, as crianças podem manusear de forma mais livre as misturas coloridas e melecas de farinha ou maisena, entre outras. Em outros momentos, a professora pode propor novas misturas, adensamentos e diluições, misturas que alteram cor e textura como forma de apresentar aos pequenos outras propriedades dos materiais. Nessas misturas a professora pode ir orientando e apoiando as crianças em relação às quantidades de cada ingrediente. Para ampliar a percepção da relação entre a ação das crianças e o efeito/transformação do objeto, a professora deve chamar a atenção de todas, apontando as transformações ou efeitos obtidos para que elas também possam servir de modelos para seus pares.

Atividades

As proposições da professora podem desencadear as seguintes atividades das crianças:

  1. Exploração de potes de materiais diversos separados por qualidade: farinha de trigo fina, farinha de rosca grossa, areia, água.
  2. Exploração de potes de materiais diversos separados por qualidade: farinha de trigo fina, farinha de rosca grossa, areia, água, disponibilizando também alguns instrumentos que podem ampliar as explorações como peneiras, colheres, cones, potinhos de diferentes tamanhos.
  3. Exploração de misturas de farinha, água e corante comestível.
  4. Mistura de papel no chão e na mesa para as crianças imprimirem suas marcas.
  5. Mistura de materiais para as próprias crianças escolhem (diferentes tipos de farinha, água, areia e papel para as crianças, se quiserem, imprimirem marcas).

Observe

A partir da observação da forma como as crianças exploram os materiais, a professora pode planejar a ampliação de desafios, procurado sempre reconhecer o que os pequenos já aprenderam e o que ainda podem explorar para avançar em suas experiências.

No desenvolvimento dessa proposta, é interessante observar:

1. O aprendizado progressivo das crianças com relação às propriedades dos materiais plásticos:
- as crianças exploram as qualidades físicas dos materiais e sua plasticidade?
- encontram regularidades nas qualidades físicas dos diferentes materiais que lhes são apresentados?
- conseguem controlar alguns processos de transformação de materiais plásticos?
- exploram novas possibilidades de utilização dos materiais plásticos a partir da observação e imitação dos pares e da professora?

2. A capacidade de imaginação, curiosidade e exploração das crianças:
- elas exploram bastante, fazem testes e demonstram curiosidade em ver os processos de transformação dos materiais?
- demonstram interesse e curiosidade em intervir sobre as misturas?

3. A interação das crianças com o grupo:
- cada criança observa o que faz?
- as crianças gostam de mostrar o que realizam para a professora ou para seus pares?
- enquanto manuseiam as misturas, balbuciam, se expressam por meio de expressões faciais e gestos, procurando comunicar aos colegas o que descobriram?
- observam a produção dos colegas? Utilizam técnicas ou sugestões aprendidas pela imitação dos colegas?

A voz de quem participou

“Cada criança tem o seu tempo e maneira própria de explorar os materiais. Nós, professores, somos mediadores e temos que criar diferentes possibilidades de brincadeiras e ambientes que possam despertar o interesse, a participação e a exploração das crianças. Quando essas atividades passam a ser feitas com regularidade, percebemos a tranquilidade, concentração, atenção, autonomia e interação. Ocorre um aprendizado significativo. Além disso, a interação com os materiais e as crianças favorecem ricas oportunidades de diálogo e troca de experiências.” (Fabiana da Silva, professora da Creche Dona Benta)

“As aprendizagens garantidas são as experiências vividas e sentidas pelas crianças, descobrindo de forma exploratória as transformações e efeitos dos materiais, descobrindo suas possibilidades e experimentações, aguçando a sua curiosidade.” (Maria Lúcia da Silva Viana, professora da Creche Dona Benta)

Referências

AUGUSTO, S.O. Ver depois de olhar: A formação do olhar dos professores para os desenhos de crianças. São Paulo: Cortez, 2014.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB, 2010.
DEHEINZELIN, M. A fome com a vontade de comer. Uma proposta curricular de educação infantil. Petrópolis: Vozes, 1994.
DERDYK, E. Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do grafismo infantil. Porto Alegre: Zouk, 2010.
OLIVEIRA, Z.R. (Org.). O trabalho do professor na educação infantil. São Paulo: Biruta, 2012.
PREFEITURA DA CIDADE DE SÂO Paulo. Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de Orientação Técnica. Orientações Curriculares: expectativas de aprendizagens e orientações didáticas para a Educação Infantil. São Paulo: SME/DOT, 2007.