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Diversa

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Brincar e fazer brinquedos

Para promover a inclusão, escola apostou nessas duas atividades

POR:

O QUE É?

Relato de experiência de construção de brinquedos e jogos e brincadeiras inclusivas e populares com 60 alunos das duas turmas do 1º ano, dentre eles, seis com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Conteúdo originalmente publicado no portal Diversa, do Instituto Rodrigo Mendes, organização sem fins lucrativos que tem a missão de colaborar para que toda pessoa com deficiência tenha uma educação de qualidade na escola comum.

QUEM FEZ?

Joaquim Ferreira de Aquino Neto, Maria da Costa Belarmino, Elizabeth de Castro Silva e Argenaz de Olviera Moreira, educadores da EM Pedro Suruagy, em Maceió.

PODE TE INSPIRAR PORQUE...

A iniciativa fez com que todos alunos trabalhassem e brincassem juntos, além de estimular o movimento e a criatividade deles.

ETAPA

Ensino Fundamental.

ANO

CONTEÚDOS

brincadeiras, brinquedos, inclusão, Educação Física 

Brincadeiras inclusivas estimulam coordenação motora

A Escola Municipal Pedro Suruagy se localiza na periferia da cidade de Maceió (AL). A comunidade local é composta por pequenos comerciantes do bairro Tabuleiro do Martins, famoso na região por sua feira livre diária. Entre os quase 350 estudantes do ensino fundamental I que atendemos muitos são filhos de feirantes e trabalham carregando compras aos finais de semana. No período noturno, a unidade também oferta educação de jovens e adultos (EJA) para cerca de 60 pessoas.

Um grupo de crianças forma fila para jogar boliche. Três professores observam a atividade.
Projeto envolveu confecção de brinquedos e participação em jogos populares.


O projeto teve como objetivo garantir que todas e todos pudessem enxergar e valorizar suas potencialidades e as de seus colegas. Os propósitos específicos da disciplina eram trabalhar o equilíbrio, a agilidade, a criatividade, a noção de espaço e de tempo e a coordenação motora dos estudantes por meio de exercícios físicos que os levassem a vivenciar situações de companheirismo, solidariedade e respeito às diferenças. Para isso, foram realizadas oficinas de confecção de brinquedos e jogos populares com 60 alunos das duas turmas (matutino e vespertino) do 1º ano. Seis deles possuem TEA.

Brincadeiras inclusivas

Desse total, 21 alunos apresentavam alguma deficiência, entre transtorno do espectro autista (TEA) e deficiências intelectual e física. Ao analisar o comportamento das turmas durante as aulas de educação física, os docentes perceberam que era comum que essas crianças fossem deixadas de lado da maior parte das atividades. Na escolha de times, por exemplo, elas eram as últimas a serem escolhidas pelos colegas sem deficiência, que as julgavam fracas demais ou incapazes de vencer os jogos. Diante disso, decidimos diversificar nosso fazer pedagógico, humanizando e ampliando os espaços de prática esportiva. Nascia, assim, o “Valores da inclusão”.

O “Valores da inclusão” foi iniciado com a aplicação de uma dinâmica. Após um alongamento inicial, o professor solicitou que as crianças desenhassem aquilo que mais gostavam nas aulas de educação física. Em suas representações, elas destacaram diversas atividades, como pular borda, usar bolas, brincar com o bambolê, jogar queimada etc. Em seguida, para introduzir o tema da inclusão de pessoas com deficiência, foi exibida a animação “Cuerdas”, que conta a história de um menino cadeirante e sua amiga.

Na aula seguinte, realizamos duas atividades sequenciadas. Na primeira, propomos um exercício de transposição de obstáculos no qual os estudantes deveriam pular barreiras formadas por uma corda elástica esticada entre cones. Depois, jogamos “bola ao alvo”, brincadeira em que uma bola é jogada, de diferentes alturas e distâncias, para acertar outra bola posicionada em cima de um cone.

Garoto de pé em cima de uma cadeira no pátio da escola brinca de segurar uma bola com os joelhos. Seus colegas observam a atividade.
Brincadeiras foram escolhidas por permitir a participação de todos.

Após ampliar o repertório motor dos alunos, o projeto seguiu com as atividades mencionadas na primeira aula, dando destaque àquelas que pudessem ser praticadas por todos. Com esse recorte, uma das brincadeirasescolhidas foi o “pega-pega campo minado”, em que um jogador “pegador” transforma os demais em “bombas” com seu toque. Não é permitido correr, somente andar, e quem for pego fica sentado (vira a bomba) e só pode mover braços e pernas para tocar os outros jogadores. A brincadeira termina quando o pegador é atingido por uma bomba ou quando a última pessoa é pega.

Nessa atividade, verificamos a necessidade de flexibilizar as regras em virtude da dificuldade de uma das garotas com autismo. Decidiu-se que, inicialmente, ela poderia segurar a mão da professora e que, depois, ela contaria com o auxílio de um colega.

Confecção de brinquedos

Além da prática das brincadeiras, o “Valores da inclusão” também contou com oficinas de criação de brinquedos e manejo de objetos para promover o desenvolvimento da coordenação motora fina das crianças.

Duas professoras auxiliam duas alunas a confeccionar os brinquedos. Elas estão ao redor de uma mesa repleta de itens como papeis, tesoura, papéis coloridos, etc.
Estudantes confeccionaram pinos e bolas para jogo de boliche.

Em nossa primeira oficina, optamos pela confecção de um jogo de boliche a partir de garrafas de plástico usadas e pedaços de borracha colorida. Para montagem dos pinos, o professor solicitou que os estudantes picassem placas de um emborrachado colorido e enchessem dez garrafas pet com o material. Em seguida, eles rasgaram e amassaram pedaços de jornais e revistas para criar as bolas. O material foi envolvido com fitas adesivas e barbantes para que ficassem mais rígidos.

Além de estimular o movimento, essas atividades despertaram a criatividade, o espírito de trabalho em equipe e o prazer de se criar seu próprio brinquedo.

Projeto participante do curso Portas Abertas para a inclusão 2015.