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A Lua

POR:
professor

Objetivo(s) 

- Analisar a Lua como objeto de estudo
- Relacionar conceitos básicos de Astronomia com conhecimentos prévios

Conteúdo(s) 

- Conceitos de satélite, planeta e estrela
- Noções de observador e referencial
- Corpos luminosos e iluminados
- Movimentos de rotação e translação

Professor Felipe ajuda alunos da EJA com o telescópio. Imagem: Marina Piedade

Ano(s) 

Tempo estimado 

Oito aulas

Material necessário 

- Projetor multimídia
Vídeo do contador de "causos" Compadre Timóteo 
- Imagens da Lua e da Terra vista do espaço (podem ser encontradas em sites, como a página da NASA na internet )
- Computador para manipular e apresentar as imagens aos alunos as imagens
Software Stellarium instalado no computador (o programa é gratuito)
- Telescópio ou outras ferramentas para observação do céu (luneta ou  câmera digital com zoom, por exemplo)

Desenvolvimento 

1ª etapa 

Pergunte se alguém conhece algum episódio ou conto popular sobre a Lua e peça que relate com detalhes. Se não surgirem naturalmente, mencione algumas crenças comuns como a influência do satélite nas plantações, nas marés, no crescimento de cabelos, na vida amorosa das pessoas ou na realização de desejos e profecias. Pergunte se eles já ouviram algo parecido antes e o que acham disso. Se houver histórias sobre esses outros temas, organize um momento para que contem e evidenciem o papel do nosso satélite em cada caso. Para ativar o repertório dos adultos você também pode exibir o vídeo do contador de "causos" Compadre Timóteo .



Outra alternativa é passar a música "Lua Branca", de Chiquinha Gonzaga (disponível no vídeo abaixo a partir de 01 minuto e 29 segundos).



O eu-lírico da canção pede ajuda da Lua para não sofrer mais por amor. Esta pode ser uma oportunidade para inspirar os estudantes a falarem sobre o tema.

2ª etapa 

Este é o momento de escrever os causos narrados oralmente na etapa anterior. Para melhor orientar o grupo, proponha um pré-roteiro com algumas perguntas. Você pode formular outras ou usar algumas destas:

1. Como você ficou sabendo dessa história?
2. Onde e quando ela ocorreu?
3. Quem são os personagens e o que acontece com eles?
4. O acontecimento principal se repete com alguma frequência, por exemplo, a cada Lua cheia?
5. Qual é o papel da Lua no enredo?


Pergunte se alguém acredita nestes episódios. Isso vai ser importante nas próximas etapas, quando as crenças da cultura popular servirão de base para a discussão sobre o pensamento científico. Conforme as habilidades dos seus alunos com a escrita, você pode propor um roteiro mais aberto e, assim, explorar a criatividade do grupo.

3ª etapa 

Para o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita das turmas de EJA é fundamental que os estudantes reescrevam os próprios textos. Por isso, faça anotações nas redações e discuta com todos os principais problemas de coesão, coerência, concordância e ortografia. A seguir peça uma reescrita dos contos. Os alunos deverão revisar as redações e corrigir os pontos anotados. Nessa etapa, para dar conta da heterogeneidade da turma, peça que leiam os textos uns dos outros e procurem por eventuais problemas. Assim, um pode ajudar o outro a melhorar.

4ª etapa 

Organize uma etapa expositiva sobre a Lua. Deixe bem claro que esse é o único satélite natural do nosso planeta e que suas diferentes fases são o resultado da iluminação do Sol. Nessa exposição, use muitas imagens e esquemas explicativos (como esta apresentação que explica que existe apenas uma Lua e esclarece porque há fases lunares). Outra sugestão é procurar na internet imagens da Lua e da Terra vistas a partir de satélites e naves espaciais.

É muito comum entre os alunos da EJA a concepção de que o céu é como uma "lona de circo", onde as estrelas estão "presas". Enfatize que existe uma profundidade no céu, que é difícil ser percebida e que requer a capacidade de abstrair e tentar se colocar em outro ponto de observação.

5ª etapa 

Muita gente acredita que acontecem mais nascimentos na "virada da Lua". Analise com os alunos um calendário e identifique os dias das mudanças de fases lunares. Depois, peça que eles prevejam o que aconteceria se a hipótese do senso comum estivesse correta:  nessas datas deveria haver mais nascimentos que em outras. Conte que um cientista coletou datas de aniversário e contrapôs estas datas com um calendário, destacando os ciclos lunares. Se possível, exiba o gráfico obtido no estudo "Marés, fases principais da Lua e bebês".O objetivo é que os próprios alunos interpretem os resultados e cheguem à conclusão de que, do ponto de vista científico, as conclusões rejeitam a hipótese de que a Lua influencia os nascimentos, já que um número aproximadamente igual de partos acontece em cada dia do mês.

6ª etapa 

Organize com seus alunos uma observação do nosso satélite. Escolha um local bem aberto, de onde se possa ver o céu à noite e de preferência sem muita luz artificial. Verifique se a previsão do tempo é favorável, pois muitas nuvens e chuva podem impedir a visualização. Caso disponha de um telescópio ou luneta, a fase ideal para observação é a crescente, quando é possível ver a transição entre as partes iluminadas e não iluminadas e quando a Lua está no alto do céu no início da noite.

A experiência pode ser muito positiva e motivadora. O ideal é que a observação dure mais de uma hora, para que haja tempo de perceber o movimento que a Lua descreve no céu e as manchas em sua superfície. Durante a atividade, caso esteja usando um instrumento que fique fixo (em um tripé, por exemplo), ficará evidente que a Lua sai rapidamente do campo de visão. Em geral, os alunos comentam que a Lua "se move rápido demais". Esse é um bom momento para discutir a rotação da Terra, responsável pela impressão de deslocamento. Caso estejam visíveis, aproveite para mostrar astros, como planetas e constelações conhecidas (Cruzeiro do Sul ou Três Marias, por exemplo).

Caso não tenha acesso a um telescópio, você pode usar uma luneta, um binóculo ou até mesmo o zoom de uma câmera fotográfica digital. Outra possibilidade é convidar astrônomos amadores para realizar uma observação na sua escola. Existem clubes de astronomia em todo o Brasil que disponibilizam telescópios. Você encontra uma lista deles disponível na internet

Além disso, há a possibilidade de comandar um telescópio remotamente, via internet. Mais informações no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e na página Telescópio na escola.

Caso as condições não sejam propícias, tente projetar uma simulação de céu noturno. Para isso, serão necessários um computador, um projetor multimídia e o programa Stellarium, disponível gratuitamente na internet. Este software simula os movimentos do céu, como em um planetário, e possibilita visualizar detalhes dos astros. A recomendação é que você acesse o site do software com antecedência e mexa no programa antes das aulas, para se adaptar e ficar à vontade durante a exposição.

7ª etapa 

Após observarem as manchas claras e escuras na Lua, discuta a impressão que muitas pessoas têm de ver fisionomias e objetos na superfície do satélite. Há quem afirme ver rostos, outros veem um coelho e muita gente acredita que ali está São Jorge em seu cavalo. Investigue se na turma há algum aluno que tem essa impressão, projete uma imagem da Lua no quadro e peça que esse estudante mostre o que vê à turma.

Procure imagens que se aproximam progressivamente do satélite, mostrando que a superfície dela é irregular, como a da Terra. O que se vê como manchas claras e escuras é o resultado do relevo, com montanhas, planícies e crateras. É interessante mostrar imagens da Lua tiradas com satélites ou até mesmo das missões tripuladas. Há muitos recursos na internet e especialmente no site da Nasa (em inglês).

Avaliação 

Ao longo de todas as etapas, o professor deve observar se os alunos passaram a utilizar termos científicos (como planeta e satélite) e se utilizam esses nomes de maneira correta. Verifique se o grupo é capaz de transpor esses aprendizados para a linguagem escrita. Uma possibilidade é pedir que redijam sobre ideias comuns do conhecimento popular. Ao analisar as ideias de outras pessoas, os alunos retomam as suas próprias e revelam os termos e conteúdos dos quais se apropriaram. 1. Para avaliar se compreenderam a influência da Lua nos nascimentos, sugira que comentem o seguinte diálogo fictício pensando no que aprenderam: PAULA: Estou grávida de quase nove meses! Já está para nascer! ROBERTA: Quarta-feira é a virada da Lua e por isso o bebê vai nascer. Na virada da Lua acontecem muito mais nascimentos.  2. Outro ponto importante desta sequência didática é que a Lua é apenas uma, mas que a vemos diferentemente dependendo da fase ou do local de observação. Sobre isso, os alunos poderiam comentar as seguintes afirmações: A cada semana, vemos uma Lua diferente. Primeiro vem a Lua cheia, depois vem outra, que é a minguante, depois a nova e por último a crescente. Ao todo, são quatro luas. Uma pessoa nascida em um sítio comenta com outra nascida em uma grande cidade: "A Lua da minha terra é mais linda que a daqui! Ela é maior, mais brilhante e mais bonita!" 3. Um terceiro ponto importante é a natureza das manchas que vemos na Lua. Sobre isso, o diálogo a seguir pode ser comentado pelos alunos: MARIA: Hoje São Jorge está bonito na Lua! ANA: Que nada, hoje só se vê um coelho! JOSÉ: O que eu estou vendo é o rosto do meu avô, que já morreu.   Quer saber mais? SILVEIRA, Fernando Lang. Marés, fases principais da Lua e bebês. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Florianópolis, v.20, n. 1: p.10-29, abr. 2003.  

Créditos: Felipe Bandoni de Oliveira Formação: Professor de Ciências do Colégio Santa Cruz em São Paulo (SP) e vencedor do Prêmio Victor Civita em 2012.

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