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Novos olhares sobre a Independência do Brasil

POR:
professor

Objetivo(s) 

  • Identificar que a pouca importância dada à participação popular na Independência do Brasil serviu como elemento de manutenção da monarquia;
  • Identificar elementos da experiência do Iluminismo e dos ideais de liberdade que gerem sentido e significado para a vida prática;
  • Analisar, a partir de fontes históricas, a repercussão da Independência;
  • Orientar e tornar mais complexo o pensamento histórico a partir de fontes históricas disponíveis na internet sobre processos revolucionários ou de libertação.

Conteúdo(s) 

  • O processo de Independência do Brasil.

Ano(s) 

Tempo estimado 

12 aulas

Material necessário 

  • Duas narrativas (historiográficas ou de jornalistas que se dedicam a temas históricos) sobre o momento do Grito do Ipiranga. Confira algumas sugestões:

a) História do Brasil, Boris Fausto, Ed. EDUSP. (Didática, 1) (págs. 112-116) (Historiografia).
b) Brasil: uma história ¿ a incrível saga de um país, Ed. Ática, Eduardo Bueno (págs. 168-169).
c) Revista GALILEU. Edição de setembro/2000 (págs. 29-31).
d) Hermanos independentes. Texto da Revista de História da Biblioteca Nacional disponível em http://www.revistadehistoria.com.br/secao/educacao/hermanos-independentes.

  • Reproduções dos seguintes quadros:

1- A Batalha de Friedland, de Jean-Louis Ernest Meissonier.
http://www.nytimes.com/imagepages/2006/02/09/books/09king1.html

2- Independência ou Morte, mais conhecido como O Grito do Ipiranga, de Pedro Américo de Figueiredo e Mello, pertencente ao acervo do Museu Paulista, em São Paulo.
http://revistaescola.abril.com.br/historia/fundamentos/quais-mudancas-independencia-brasil-trouxe-imediato-pais-496325.shtml

3- A Liberdade Guiando o Povo, de Eugène-Delacroix.
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/08/17/pintura-liberdade-guiando-povo-1831-316632.asp

4- Proclamação da Independência, de François-René Moreaux. http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_IC/Enc_Obras/dsp_dados_obra.cfm?cd_obra=5894&cd_idioma=28555&cd_verbete=5432

Desenvolvimento 

1ª etapa 

Formar grupos a livre escolha e explicar que o papel do professor mudou e que eles serão autores do seu próprio conhecimento. Que o professor passa a ter um papel de facilitador. Explicar também que o processo de avaliação será individual. Que cada um deve participar ativamente de todas as atividades e para tanto será fundamental a pesquisa.

2ª etapa 

Leia em voz alta para os alunos o texto do livro didático sobre a Independência do Brasil e peça que eles acompanhem a leitura em seus exemplares. Nesse momento é importante explorar o pensamento histórico dos alunos, perguntando sobre outros aspectos ligados à Independência que não constam do livro, e explore que evidências permitem o questionamento daquela informação.

3ª etapa 

Esse é o momento de confrontar a narrativa da 2ª etapa com outros textos que demonstrem uma diferente perspectiva sobre a apresentação desse passado. Prepare essa atividade antes de fazer a proposta aos alunos: analise quais os pontos em comum, de divergência, de incoerência etc entre o texto do livro didático e os a seguir.

Veja que no texto do jornalista Eduardo Bueno do "material necessário" a abordagem sobre o passado é mais informal do que a do historiador Boris Fausto, também citada.

Enquanto o historiador assegura a pertinência de suas afirmações com base em fontes oficiais, como cartas e documentos arquivados, o jornalista narra o Grito do Ipiranga, quando foi declamada a Independência do Brasil, com base em possíveis fatores que teriam levado a comitiva a parar nas proximidades do rio Ipiranga. Trabalhar com as diferentes narrativas ajuda o aluno a perceber que a História é uma possibilidade de reconstrução narrativa sobre o passado. Esse é o aspecto cognitivo da Cultura Histórica.

4ª etapa 

A intenção é que esse momento possibilite um trabalho mais amplo sobre os aspectos da Cultura Histórica a partir das produções estéticas sobre o Grito do Ipiranga. Apresente duas produções artísticas sobre o mesmo acontecimento histórico que possibilitem narrativas diferenciadas sobre o período. Comece, por exemplo, pelo quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo, e conte o contexto de sua produção, o local onde está exposto, e as dimensões do quadro. Proponha que analisem como esses elementos revelam a intencionalidade que há na divulgação da obra como imagem oficial da Independência do Brasil.

Em seguida, apresente uma discussão semelhante em relação ao quadro Proclamação da Independência, de François-René Moreaux. Enquanto o quadro de Pedro Américo apresenta a imponência do momento em que Dom Pedro I é o protagonista da libertação e torna possível seu futuro cargo político de Imperador, essa segunda obra apresenta uma inspiração mais iluminista - que remete a um momento de participação popular e comemoração imediata do rompimento dos laços que mantinham a colônia submetida à metrópole.

5ª etapa 

Esta é a etapa que possibilita uma série de pensamentos mais complexos sobre o passado a partir da relação com outros acontecimentos. Conceitos como "liberdade", "Independência" e "Imperador", e considerações sobre a participação popular podem ser realizados a partir da recuperação das discussões sobre o Iluminismo e a Revolução Francesa, ou ainda, das independências dos países da América Espanhola.
Sobre a figura do Imperador é possível utilizar mais uma vez o quadro de Pedro Américo, mas agora em comparação a obra A Batalha de Friedland, de Jean-Louis Ernest Meissonier.

As duas pinturas se assemelham em muitos aspectos, tanto do ponto de vista da técnica artística, quanto na relação com o momento que retratam. Em Friedland, o personagem principal é o imperador Napoleão Bonaparte, vitorioso no comando de suas tropas na batalha que dá nome ao quadro contra as tropas russas. A obra de Pedro Américo, realizada em 1888, dá destaque ao personagem Dom Pedro I, que em seu governo teria que enfrentar batalhas contra tropas portuguesas que não se submeteram ao processo político que ocorreu em 7 de setembro de 1822.

Sobre o conceito "liberdade" você pode criar uma questão sobre o significado de liberdade em outros contextos históricos. Por exemplo, para Simón Bolívar, um dos líderes da luta pela independência na América espanhola, liberdade significava, entre outras coisas, romper os laços políticos e econômicos com a Espanha. Para Toussaint Loverture, um dos líderes da briga pela independência do Haiti, liberdade significava o fim da escravidão.

Sobre a participação popular é possível realizar algumas comparações entre a famosa obra A Liberdade Guiando o Povo, de Eugène-Delacroix e, a nem tão conhecida obra Proclamação da Independência, pintada em 1844 por François-René Moreaux. Ambas apresentam inspirações iluministas, por exemplo: as pessoas que representam o povo estão envolvidas e participam do fato histórico; no quadro brasileiro os ideais iluministas de Liberdade, Igualdade e Fraternidade estão contemplados nas crianças que correm diante de Dom Pedro I montado em seu cavalo. As crianças desse mesmo quadro representam a expectativa de futuro da nova nação, assim como na obra francesa o jovem sans-culottes empunha uma garrucha. Para essa problematização, também é possível realizar comparações com os outros processos latino-americanos de independência, principalmente a respeito do envolvimento do povo no processo.

Avaliação 

O pensamento histórico se manifesta nas narrativas orais e escritas dos alunos. Por isso preocupe-se em pedir, a cada etapa, que os alunos registrem as discussões realizadas sobre o que foi estudado e suas conclusões. Isso garante uma avaliação progressiva das formas de compreensão dos alunos sobre o passado e provoca os alunos a "reconstruírem" o passado. Para a avaliação final, peça que os alunos escrevam sobre esse passado para um amigo estrangeiro. Um exemplo dessa progressão é analisar se o aluno passa a estabelecer uma relação de empatia com os sujeitos históricos estudados; se o aluno cruza diferentes fontes para a construção de seu argumento; se a sua narrativa é plausível; se o aluno diferencia o passado do presente, e se é possível perceber uma perspectiva de futuro. Também é importante notar se o aluno se identifica com o que pensou e escreveu e, mais do que isso, se leva em consideração não apenas sua identidade, mas a da sociedade em que vive. Quanto mais elementos desses reunirem a narrativa dos alunos, pode-se avaliar como uma progressão interessante das formas de pensar historicamente. Nessas narrativas, avalie também se o aluno citou as fontes históricas analisadas; se infere informações a partir de evidências; e se constrói argumentos históricos pertinentes.

Créditos: Thiago Augusto Divardim de Oliveira Formação: Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR); atua como pesquisador do Laboratório de Pesquisa em Educação Histórica (LAPEDUH-UFPR) e como professor de História no colégio Novo Ateneu, em Curitiba.

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