Atletas de papel
Modalidades inspiram a representação da figura humana em poses não convencionais
POR: Lucas Freire e Elaine Iorio"Meu boneco está horrível. Eu não sei desenhar!? Esses foram alguns dos comentários ouvidos por Marisa Szpigel, coordenadora de Arte da Escola da Vila, em São Paulo, ao conduzir uma aula na sala mista de 3º e 4º anos da EMEF Amorim Lima, também na capital paulista. Para trabalhar a relação entre moda e Olimpíadas, ela propôs a criação de atletas de papel com uniformes nas cores das bandeiras dos países escolhidos pelos estudantes. As silhuetas foram feitas com base em duas referências: a fotografia e a observação de um colega que se colocou na posição da imagem, como modelo-vivo. Desafiados a uma investigação de caminhos para o desenho da figura humana em poses não convencionais, a busca dos alunos por soluções gráficas se tornou mais divertida. Afinal, cada modalidade esportiva implica movimentos diferentes do corpo, reproduzidos por eles nos bonecos. Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, é comum a autocrítica se intensificar. As crianças mal começam a criar e imediatamente dizem que o projeto está feio. "O professor precisa ajudá-las a superar os modelos preestabelecidos e orientá- -las a mergulhar na produção, no prazer da descoberta", sugere Marisa. De acordo com Andrea Muniz, professora do curso Pequeno Estilista da Escola de Moda Sigbol Fashion, de São Paulo, "o trabalho com moda aguça a criatividade e ajuda a promover habilidades artísticas. Ao ver seu desenvolvimento a cada nova produção, a criança vai ganhando confiança". Quebrada a barreira inicial, a garotada pôde investigar as possibilidades de desenhar os movimentos dos atletas olímpicos, fazer experiências com o traçado da figura humana e pesquisar formas e cores na colagem para a criação do vestuário para eles. A seguir, você confere os detalhes da atividade e sugestões para ampliá-la.
Observar e ter liberdade para criar
No centro da roda, a coordenadora dispôs as imagens dos atletas para os alunos escolherem como seriam os bonecos. Em dupla, eles se revezaram na tarefa de desenhar e de fazer a pose. ?Achei interessante que algumas crianças tocavam o corpo dos colegas, como se os estivessem modelando, para dar mais precisão à posição desejada?, comenta Marisa. Segundo ela, a caneta é mais indicada nessa etapa, a fim de se evitar o uso da borracha e trabalhar a fluência do traço. Regina Paiva, professora do curso Estilistas do Futuro, do Ateliê Rainhas da Costura, em São Paulo, sugere: ?É preciso mostrar que cada um deve se sentir livre para criar do seu jeito, mas que é possível aprender com os colegas?.
Pausa para reconhecer as dificuldades
Na hora de recortar os bonecos, alguns estudantes identificaram que a silhueta desenhada estava frágil, o que dificultaria o recorte e a confecção dos uniformes, e optaram por recomeçar o processo. Para aqueles que não anteciparam esse problema, Marisa orientou que refizessem o desenho, com o argumento de que os atletas precisavam ser maiores para ajudar na criação das roupas. Na sequência, os bonecos foram colocados no centro da roda para apreciação das crianças, que falaram sobre as poses escolhidas e as dificuldades encontradas. As tentativas foram valorizadas pela coordenadora, que explicitou a importância
Fotos: Fernando Gazinhato | Ilustração: 45JJ