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Faça um app com a turma

Em todas as disciplinas, explorar a programação é um bom desafio para a classe colocar em prática o que aprende

POR:
Lucas Magalhães, Beatriz Vichessi e helena barbara

Que tal desenvolver um projeto de coding na escola? O termo em inglês faz referência à programação e é uma proposta que pode potencializar o ensino e a aprendizagem.

Não se trata apenas de ensinar a garotada a criar um aplicativo para smartphone, tablet ou computador. A verdadeira finalidade de um projeto de programação ser usado no contexto escolar é explorar conteúdos didáticos. Ou seja, a tecnologia do coding faz as vezes de uma ferramenta que pode dinamizar ou potencializar o que e como se ensina. Ao trabalhar com programação, a turma põe a mão na massa: estuda, interpreta e reflete sobre determinados conceitos e, com base neles, cria cenários, personagens e histórias de pano de fundo, para criar um jogo, por exemplo (confira quatro sugestões abaixo).

Ser um profundo conhecedor de programação não é obrigatório para levar o coding para a classe. A tarefa mais importante do professor é pensar em um projeto factível, desafiando os alunos a criar um aplicativo interessante sobre o assunto estudado, produzindo conteúdo. Evidente que, antes de lançar a ideia, é fundamental buscar conhecer softwares livres de programação, como o Scratch (plataforma que permite criar aplicativos sem utilizar códigos, o que facilita a produção de aplicativos). E, para reforçar que ninguém precisa dominar o coding para realizar esse tipo de proposta, mais uma justificativa: é bem-vindo que o projeto seja realizado sob uma perspectiva de ensino híbrido, em que docente e turma firmam uma parceria, descobrindo juntos como funciona esse mundo high-tech.

QUATRO PROJETOS DE PROGRAMAÇÃO

História

Túnel do tempo

Sugira fazer um app sobre um fato ou período histórico para aproximar a garotada de uma época distante da realidade atual. Por exemplo, a ditadura militar no Brasil. O aplicativo pode reunir textos sobre o período, recortes de jornais, fotos e até um mapa virtual com os locais onde aconteceram os fatos mais marcantes. Também valem podcasts com depoimentos de pessoas que vivenciaram o período.

Português

Literatura na nuvem

Proponha aos alunos criar histórias em quadrinhos ou mangás em movimento para ser apreciados na tela do computador ou do celular. Por se tratar de produtos que requerem textos curtos e imagens de tamanho adequado para caber no app, a atividade exige que os estudantes editem a própria produção. Outra proposta é criar um aplicativo que possibilite que a turma analise as obras literárias exploradas nas aulas.

Ciências

Extinção na tela

Convide a turma a criar um app sobre espécies encontradas na região da escola com ferramentas de geolocalização (como Google Maps). Os alunos podem criar fichas de bichos e plantas, categorizá-las de acordo com a espécie a que pertencem, compartilhar os conhecimentos com colegas e até organizar uma campanha de proteção das espécies que corram risco de extinção.

Matemática

Jogo com conceito

Desafie a turma a recriar versões mais modernas do jogo de tênis virtual, comum nos primeiros celulares que chegaram ao país. É preciso usar conhecimentos algébricos para determinar os comandos que movimentam as peças do jogo (bolinha e raquetes). É possível ainda usar o coding para criar placares virtuais, aplicando conceitos de igualdade e desigualdade algébrica.

O que usar para programar. De graça.

Scratch Indicado para quem está se aventurando em programação pela primeira vez. A ferramenta gratuita pode ser usada sem conexão com a internet. 

Programaê Site desenvolvido pela Fundação Lemann, que oferece planos de aula e materiais de aprendizagem próprios para projetos. 

Code.org Financiada por gigantes da tecnologia, como Mark Zuckenberg, a ferramenta é uma das mais conhecidas em ensino de programação.

Codeacademy Plataforma interativa online com aulas gratuitas de codificação em HTML e CSS.

 

Colaboraram nessa reportagem Bruna Nunes, especialista em Educação e coordenadora de Projetos e Articulação no Instituto Educadigital, Greiton Toledo Azevedo, professor da escola EM Irmã Catarina Jardim Miranda, em Senador Canedo (GO) e mestre em Educação e Ciências da Matemática pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Melania Grun, professora de História do Colégio I. L. Peretz, e Valter Garoli, coordenador de tecnologia do Colégio Mater Dei, ambos em São Paulo.


Ilustração: Monge Han