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Para a autora Fanny Abramovich, o livro precisa ser um vício

O segredo com crianças de 7 a 9 anos, segundo a escritora, é não forçar a barra

POR:
Débora Menezes
FANNY ABRAMOVICH Foto: Divulgação/Editora Ática
FANNY ABRAMOVICH
Foto: Divulgação/Editora Ática

Mais de 40 títulos para crianças e adolescentes estão no currículo da escritora Fanny Abramovich, que também já esteve "do lado de cá" da sala de aula: ela foi professora de Educação Infantil e arte-educadora por mais de 30 anos. Seus primeiros livros instigavam professores a repensar seu papel, como em Que Raio de Professora Sou Eu (Ed. Scipione). Hoje, no entanto, é ficção o que ela mais gosta de escrever.

Como estimular a leitura entre crianças de 7 a 9 anos?
FANNY ABRAMOVICH
Contar histórias com paixão e não forçar a barra são formas de estimular a leitura. Muitos alunos meus, de 40 anos atrás, já me encontraram pela vida e ainda lembram do jeito como eu contava histórias. Eles não esquecem porque isso os marcou. Ler não pode ser hábito, tem de ser vício. E contar histórias, ler para as crianças, ajuda a "viciá-las".

Por que nessa idade histórias de terror fazem tanto sucesso? O que exatamente mobiliza o interesse delas por esse tema?
FANNY
Não acho que sejam apenas histórias de terror que interessam às crianças nessa faixa etária. Elas gostam de ler histórias engraçadas, tristes, de suspense, de comédia... O que realmente as prende é a emoção. Mas os monstros representam o medo das crianças, e talvez por isso algumas gostem tanto desse gênero literário.

A criança dos anos 1970 não é a mesma de hoje. O que mudou? O que elas liam há 30 anos? Liase mais naquela época?
FANNY
Boas histórias atraem as pessoas através dos tempos. Não me consta que as pessoas deixaram de gostar das histórias da Bíblia ou de fadas. E não acredito que apenas as crianças lêem menos. No sistema escolar, quem está lendo menos são os educadores. E eles infl uenciam bastante a leitura junto à garotada. Hoje, criam-se salas especiais de leitura, com professores especializados, cursos de mediação de leitura e mais uma série de recursos. Nesse processo, aquilo que era uma "simples gostosura" - sentar no chão e contar histórias - acaba se perdendo.

O que mais atrai em sua obra?
FANNY
Meus livros fazem sucesso porque são engraçados, não têm lição de moral e são escritos em linguagem coloquial. Mas faz apenas dez anos que escrevo para o público infantil. Antes, eu escrevia para jovens e, antes ainda, para educadores. Escrever para crianças não é fácil. É preciso ritmo e poesia, além de saber contar uma história com poucas palavras.

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