Como mostrar aos alunos que todos somos responsáveis pela água do planeta
Mais de 1,8 bilhão de pessoas são afetadas pela desertificação, uma das consequências da escassez de água
POR: NOVA ESCOLAEu, você, todo mundo tem um papel importante na conservação dos recursos hídricos de todo o planeta. É assim que pode começar a conversa com os alunos em sala de aula para falar da importância de poupar água e seu impacto na vida das pessoas. Primeiro, os fatos: cerca de 30% da população mundial vive em áreas e regiões afetadas rotineiramente por inundações e secas. A degradação dos ecossistemas é a principal causa dos crescentes riscos e eventos extremos relacionados à água e, além disso, ela reduz a capacidade de aproveitar plenamente o potencial das soluções baseadas na natureza.
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Um relatório apresentado pela Unesco aponta que as soluções para isso estão na própria natureza (Soluções baseadas na Natureza ou SbN), mas que o homem deve ter um papel primordial em melhorar o abastecimento nas cidades e na redução do impacto dos desastres naturais.
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O Relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos, apresentado no 8º Fórum Mundial da Água, traz sugestões de como ampliar a qualidade, quantidade e o acesso a água a partir do aumento na extensão da cobertura vegetal – para pastagens, zonas úmidas e florestas – a recomposição de solos, jardins suspensos e, principalmente, a proteção das bacias hidrográficas.
Um grande desafio é a qualidade da água. Desde a década de 1990, a poluição hídrica piorou em quase todos os rios da América Latina, da África e da Ásia. O documento prevê que a deterioração da qualidade da água se ampliará ainda mais durante as próximas décadas, o que aumentará as ameaças à saúde humana, ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável. O relatório prevê que o aumento de exposição a substâncias poluentes será maior em países de renda baixa e média-baixa, principalmente devido ao crescimento populacional e econômico e à ausência de sistemas de gestão das águas residuais.
O relatório aponta ainda que a demanda mundial por água tem aumentado a uma taxa de aproximadamente 1% ao ano, puxada pelo crescimento populacional, desenvolvimento econômico e mudanças nos padrões de consumo, entre outros fatores, e continuará a aumentar de forma significativa durante as próximas duas décadas. Enquanto isso, os recursos hídricos disponíveis são afetados durantamente por fatores como a mudança climática. Atualmente, estima-se que 3,6 bilhões de pessoas (quase metade da população mundial) vivem em áreas que apresentam potencial escassez de água de, pelo menos, um mês por ano. A expectativa, segundo o estudo, é de que essa população poderá aumentar para algo entre 4,8 bilhões e 5,7 bilhões até 2050.
De acordo com a análise dos especialistas da Unesco, a degradação dos ecossistemas é uma das principais causas que afetam a gestão da água. Desde 1900, entre 64% e 71% das zonas úmidas de todo o mundo foram perdidas devido às atividades humanas. Todas essas mudanças têm gerado impactos negativos na hidrologia, desde a escala local até a escala regional e mundial.
A publicação também estima que o número de pessoas que se encontram em situação de risco de inundações aumentará do atual 1,2 bilhão, para cerca de 1,6 bilhão, em 2050 – o correspondente a aproximadamente 20% da população mundial. A população atualmente afetada pela degradação e/ou pela desertificação e pelas secas é estimada em 1,8 bilhão de pessoas, o que torna essa categoria de “desastres naturais” a mais significativa, com base na mortalidade e no impacto socioeconômico relativo ao Produto Interno Bruto (PIB) per capita.
A tecnologia, que muitos apontavam até pouco tempo como capaz de reverter a escassez de água no planeta, não é tão efetiva. O documento mostra que apesar da disseminação das tecnologias que envolvem a conservação ou a reabilitação de ecossistemas naturais, esses processos correspondem a menos de 1% do investimento total em infraestrutura para a gestão dos recursos hídricos.
Como alternativa, o relatório indica a parceria entre a tecnologia tradicional com o uso de infraestrutura verde, voltada para os recursos hídricos, que usa sistemas naturais ou seminaturais para oferecer opções de gestão da água, com benefícios equivalentes ou similares à tradicional infraestrutura hídrica cinza (construída/física)
Boas práticas
Como exemplo de "práticas recomendáveis", o relatório cita o exemplo do estado do Rajastão, na Índia. Em 1986, a região passou por uma das piores secas de sua história. Graças ao trabalho de uma ONG, que trabalhou junto às comunidades locais para estabelecer estruturas de coleta de água e regenerar solos e florestas na região, houve um aumento de 30% na cobertura florestal. Os níveis das águas subterrâneas subiram em alguns metros e registrou-se um aumento na produtividade das terras de cultivo.
Outro caso citado nod ocumento é o projeto Cidade Esponja, na China. O objetivo do programa é melhorar a disponibilidade de água em aglomerados urbanos e a previsão é que, até 2020, serão construídas 16 cidades-esponjas pelo país.
"O objetivo é reciclar 70% da água da chuva por meio de uma maior permeação do solo, por retenção e armazenamento, e pela purificação da água e restauração de zonas úmidas adjacentes", explica o documento.
Na sala de aula
A partir dos dados acima e outros contidos no plano de aula Oferta de Água, você pode ensinar às turmas do Fundamental I que é importante não desperdiçar água. Vale lembrar que apenas 2,5% de toda a água existente na Terra é doce e somente um terço disso está pronto para o consumo.
- Compreender as noções de uso da água, uso com intervenção e sem intervenção e uso sustentável dos recursos hídricos.
- Analisar os diferentes usos da água e suas repercussões na distribuição e disponibilidade do recurso.
- Reconhecer e analisar práticas e situações que comprometem a disponibilidade de água no Brasil e no mundo e examinar propostas para seu uso sustentável.
Introdução
Ao lado da biodiversidade e do aquecimento global, a disponibilidade de água está se tornando uma das principais questões socioambientais do mundo atual. Inúmeras regiões do planeta já estão marcadas pela escassez e pelo estresse hídrico - desequilíbrio entre demanda e oferta de água, causado, entre outros fatores, pela contaminação dos recursos. Esse quadro vem gerando disputas e conflitos. Além de usar o tema da água sob o ângulo da sustentabilidade, já que sem ela não é possível ter vida na Terra, podem ser feitas várias perguntas.
De onde vem a água? Como ela chega até as nossas casas, pronta para o consumo? Como a utilizamos? Como podemos economizá-la, evitando o risco de o recurso faltar no futuro? Essas questões podem ser o ponto de partida para planos de estudo, projetos ou sequências didáticas sobre a questão da água.
Pode-se propor, de início, que os alunos elaborem, em pequenos grupos, listas com o uso da água em suas atividades diárias: para beber, tomar banho, escovar os dentes e lavar as mãos e o rosto, cozinhar, lavar objetos etc. Conversando entre si, podem descobrir também outros usos não diretamente ligados ao seu próprio cotidiano, como o agrícola e o industrial. Peça que todos mostrem os trabalhos à turma e discuta os resultados, destacando a presença e a importância da água em praticamente tudo o que fazemos. Aproveite e assinale, também, que ela é essencial ao organismo humano porque ajuda a regular a temperatura do corpo e a diluir ou transportar substâncias.
As turmas podem iniciar esta aula assistindo ao vídeo O Saber das Águas ou o especial da TV Cultura. Como abordam também aspectos do ciclo da água na natureza e sua presença na superfície terrestre (rios, lagos e mares) e na atmosfera, pode-se aproveitar para conversar sobre isso com os estudantes. Estimule-os a falar sobre aspectos climáticos que já tenham observado, como os períodos de chuvas, que denotam padrões sobre a presença da água. Assinale que a Terra é o único planeta do Sistema Solar que tem a água nos três estados (sólido, líquido e gasoso). Ao final da aula, eles podem fazer representações em desenhos, textos ou colagem de figuras sobre os caminhos da água, sem a preocupação com a precisão sobre termos e processos neste momento.
Dedique as duas últimas aulas à preparação e à exposição dos resultados finais. Com base no que já foi visto, proponha aos estudantes o debate sobre formas de economizar e utilizar adequadamente a água, com base . Esclareça que, para chegar às residências e aos estabelecimentos comerciais e industriais, a água é captada em rios, lagos ou reservatórios, vai para uma estação de tratamento, onde passa por processos de filtragem e purificação, sendo distribuída pela rede aos domicílios e estabelecimentos, pronta para o consumo. Recomenda-se filtrar ou ferver a água antes de bebê-la.
Organizado em pequenos grupos, o pessoal pode elaborar folhetos com dicas para economizar água. Nas residências, é preciso atenção especial com o uso da água no banheiro (não tomar banhos demorados, fechar a torneira ao escovar os dentes ou fazer a barba, consertar vazamentos etc.), na cozinha (manter torneiras fechadas ao ensaboar a louça), evitar o uso de mangueiras em jardins e na lavagem de carros ¬- o gasto de água é muito maior do que com o uso de balde. O controle do consumo residencial pode ser acompanhado pela leitura da conta mensal. Os mesmos procedimentos valem para os ambientes de trabalho. Chame a atenção dos estudantes para as responsabilidades do poder público, encarregado de consertar ou instalar redes de abastecimento e coleta de água e tratamento de esgotos, fazer reparos em vazamentos ou realizar a limpeza de espaços públicos. Os alunos podem desenhar ou colar figuras e desenhos para ilustrar o folheto, que pode ser distribuído a outras turmas da escola e à comunidade.
Leve em conta os objetivos definidos inicialmente. Como a sequência didática é um conjunto articulado de aulas e atividades, registre a participação dos estudantes nas diferentes etapas e nos trabalhos individuais e coletivos. Examine a produção de textos, painéis, desenhos e outros trabalhos realizados por eles. Se necessário, promova debates ou atividades individuais para examinar o que os estudantes aprenderam neste percurso.
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