Como a educação mão na massa favorece o aprendizado na escola
A cultura do “faça você mesmo”, é um instrumento valioso em qualquer área do conhecimento e coloca o aluno no centro do aprendizado
POR: Débora GarofaloVocê já parou para pensar por que a aprendizagem na Educação Infantil e nos primeiros anos do Ensino Fundamental I é tão significativa?
Os primeiros anos trazem experiências diárias, nas quais “ver com a mão” é um processo estimulado o tempo todo, desde experiências com blocos, massa de modelar, pesquisa, observações, propondo experimentos e vivências com o currículo.
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À medida que o estudante avança nos ciclos de aprendizagem, essa prática vai cedendo espaço ao currículo mais formal e às novas formas de aprender.
O movimento maker, “faça você mesmo”, propôs nos últimos anos o resgate da aprendizagem mão na massa, trazendo o conceito “aprendendo a fazer”. O movimento vem crescendo e a consequência direta é que o processo de aprendizagem – e não o produto – passa a ter destaque, colocando o aluno no centro do processo de aprendizagem.
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Estudos realizados por pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, demostram que estudantes que vivenciaram a aprendizagem mão na massa tiveram um desempenho 30% mais alto do que colegas que seguiram o aprendizado de maneira convencional.
A abordagem ainda é um desafio para a Educação, principalmente para as escolas públicas – mas não é impossível. É necessário que as crianças e jovens vivenciem um aprendizado baseado em experiências e tenham oportunidade de trabalhar com as metodologias ativas, como resolução de problema, para vivenciar a construção de conhecimento.
E por onde começar?
Espaço de aprendizagem
Se você não possui um espaço maker (markerspaces), saiba que é possível tornar a sua sala de aula mais acolhedora, reorganizando as mesas e cadeiras, em forma de bancada. Isso irá criar um ambiente de trabalho participativo e colaborativo entre os estudantes.
O especial Mão na Massa do Porvir traz um simulador maker, para você começar sua abordagem. Ali você encontra uma lista de materiais, muitos deles de baixo custo. Para baratear ainda mais, é possível pedir ajuda à comunidade escolar.
Crie situações de aprendizagem
Utilize as metodologias ativas, como resolução de problemas e aprendizagem por projetos, com questões norteadoras:
Use sucatas para inovar
Leve para a sala de aula materiais de sucata como papelão, plástico, potes, tampinhas, garrafas pet e palitos de sorvete. Leve também materiais eletrônicos como lâmpadas led, resistores, baterias 9v, motores 3v, motores 6v, garras de jacaré, fios e suporte para bateria. Com esse material, você será capaz de incentivar os alunos a desenvolver projetos mão na massa. Estabeleça um roteiro de trabalho e faça perguntas para instigar e aguçar a criatividade dos estudantes.
Nessas aulas, a sua turma poderá codificar, desvendar o Scratch (que é um software livre e gratuito), montar circuitos elétricos simples, incorporando desta maneira o pensamento maker. Como professor, você pode montar fichas de observação e investigação para que os alunos possam registrar o aprendizado e você entra intervém quando necessário e faz a mediação do processo.
Comece simples
Desenvolva projetos simples com estudantes e vá aumentando o nível de dificuldade aos poucos, exercitando o espírito lúdico, a criatividade e a vivência da aprendizagem em torno de um problema.
Quando iniciei o trabalho de mão na massa com meus alunos foi na tentativa de resolver um problema sério na comunidade em que leciono, a questão do lixo. Realizamos aulas abertas para falar sobre sustentabilidade e sensibilizar a escola para o problema do cuidado com o meio ambiente. A partir de questões norteadoras, construímos um carrinho movido a balão de ar, que foi o primeiro passo para introduzir a cultura maker e a desenvolver outros protótipos, despertando o protagonismo juvenil.
Ao adotar essa postura mão na massa, os alunos são estimulados a desenvolver autonomia, senso crítico e colaboração. A aprendizagem mão na massa é simples, mas demanda empenho e esforço para mudança de concepção.
Dê lugar ao erro
Os estudantes precisam estar envolvidos no processo e nas etapas de aprendizagem, tornando-se protagonistas de seu aprendizado. Eles precisam de espaço para tentar, errar, tentar de novo até acertar. Falhar faz parte desse processo e o torna significativo, tornando os alunos mais criativos e capazes de resolver problemas.
Essas habilidades são importantes para resgatar o encantamento das aulas da Educação Infantil e desenvolver espírito criativo e inovador. Com soluções criativas, é possível inovar na educação – por isso essa abordagem do movimento maker deve ser utilizado em todas as áreas do conhecimento.
Muitas vezes associamos a cultura maker à robótica, protótipos e a linguagem de programação. É também, mas não é só isso. É necessário repensar o que é maker e o markerspaces, sem esquecer que quando os alunos criam vídeos, blogs e animações, eles estão exercendo a mentalidade de aprender a fazer.
E você, querido professor, como trabalha o movimento maker em sala de aula? Quais projetos desenvolveu com os alunos? Conte aqui nos comentários e ajude a fortalecer práticas docentes.
Um grande abraço,
Débora Garofalo é professora da rede Municipal de Ensino de São Paulo, Formada em Letras e Pedagogia, Mestranda em Educação pela PUCSP, colunista de Tecnologias para o site da Nova Escola.
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