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Como construir uma biblioteca sustentável na escola

Projeto Casateca estimula trabalho em grupo e responsabilidade ao envolver alunos na construção e preservação do espaço

POR:
Paula Calçade

Casateca é projeto de construção sustentável da escola Medianera em Curitiba.

Foto: Paulinha Kozlowski

Crie um projeto em conjunto com os alunos para estimular sua criatividade. Faça a turma se envolver na produção e construção. Depois, todo mundo é responsável por cuidar do espaço. Esse é basicamente o coração do projeto Casateca, da escola Nossa Senhora Medianeira em Curitiba, no Paraná. Inspirado nas técnicas de construção sustentável da bióloga Ângela Feijó, idealizadora do Espaço de Reutilização Artesanal (ERA), o projeto faz alunos do quinto ano colocarem a mão na massa.

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As reflexões sobre a influência humana na alteração e destruição das paisagens, responsabilidade social em recuperar parte do que foi perdido e a produção de resíduos estão entre as propostas pedagógicas por detrás das aulas práticas do núcleo de Matemática e Ciências.

Liderado pela professora Eliane Santos, o trabalho começou em 2016. Após uma aula sobre biomas, mudanças climáticas, causas e consequências, as crianças de 9 e 10 anos foram estimuladas a pensar como reutilizar material descartável. Com ajuda da equipe de Marcenaria, os alunos construíram oito placas com caixas de leite longa vida e garrafas PET. No ano seguinte, as novas turmas tiveram o mesmo conteúdo sobre biomas e discutiram o que poderiam fazer a partir das placas. Veio então a ideia de construir uma “casa” – que se transformou em uma biblioteca infantil.

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“A direção nos autorizou a fazer uma casa de um andar e nós tivemos que ter um projeto de verdade, com as medidas, largura da porta, da janela. Levei isso para os alunos para que pudéssemos estudar juntos quais seriam os formatos das novas placas, se seriam retangulares, triangulares, para se encaixarem na nossa construção”, lembra Eliane. Essa conscientização surge em meio a uma necessidade urbanística e ambiental, já que segundo a bióloga Ângela são produzidas 300 mil toneladas de lixo por dia no Brasil e apenas 1% passa por algum processo de reciclagem. “Ao dar um novo uso a materiais, reduz-se a quantidade de resíduos a tratar e a quantidade de gasto de energia”, define Ângela na página de seu programa.

“Conversamos de novo sobre o uso desse espaço construído por nós. Vai ser só para brincar? Vai ser um espaço de convivência? ”, lembra a professora. A casa sustentável então virou uma pequena biblioteca, com livros que foram doados e que os alunos podem compartilhar e levar para suas casas. “Dentro do espaço tem uma parede sem revestimento algum para o pessoal ver que é feita de caixa de leite”, afirma Eliane, ressaltando também que o lugar é de todos na escola e as próprias crianças são responsáveis pela manutenção da casa.

Passo a passo

Eliane Santos resume o projeto Casateca para que ele possa ser replicado. Escolher resíduos plásticos para colocar dentro de caixas de leite é o primeiro passo. “Por exemplo saquinhos de frutas e verduras, de pão, macarrão, açúcar, tudo isso vale”, pontua. Coletando as caixas, é necessário construir uma armação quadrada de madeira com 1 metro em cada lado, que são as medidas internas, para acomodar esses novos “tijolos”. O revestimento é feito com tiras de jornal alternando com camadas de cola.

“É preciso também cobrir a placa com duas camadas de tinta emborrachada, conhecida também como batida de pedra, encontrada em lojas de tinta automotiva”, ensina a professora. “Essa tinta será responsável pela impermeabilização das paredes para que resista ao calor do sol e a umidade e chuva”. As portas da Casateca também foram reutilizadas: eram de outro espaço da escola e as janelas foram construídas com reutilização de madeira. O telhado foi feito com reaproveitamento de telhas, intercaladas com garrafas pet, que garantem maior entrada de luz no ambiente, além de ser sido utilizado o telhado verde, que é uma camada de terra e plantas colocada em cima de uma lona, que permite refrigeração do ambiente, mostra Eliane.

A decoração interna da casa sustentável ficou por conta dos móveis também construídos pelos alunos e suas famílias, reutilizando objetos como pneus, garrafas pet que se transformaram em pufes, sofás, porta-lápis e vassoura. Com o projeto pronto, o impacto é sentido dentro e fora da escola de Curitiba, ressalta a professora. “Os alunos que concluíram a Casateca formaram um grupo para conversar com os alunos que haviam iniciado o trabalho um ano antes, para que eles soubessem que a casa também era deles e nós já estamos recebendo até pedido de outras escolas que ficaram sabendo do nosso projeto e estão interessadas em replicar com os alunos”, conclui Eliane.

Passo a passo da Casateca utiliza telhados, janelas e portas de materiais reutilizáveis.

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