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8 mandamentos do professor alfabetizador

“Todo professor deveria ter a oportunidade de acompanhar uma turma de alfabetização”

POR:
Mara Mansani
Quando a criança está sendo alfabetizada, ela se transforma enquanto indivíduo. Crédito: Mariana Pekin

Todo professor alfabetizador sabe que ensinar a ler e escrever nos dias de hoje envolve muitos obstáculos e desafios. São salas lotadas, formações que nem sempre dão conta da realidade, desvalorização da profissão, entre tantas outras coisas. Mas, apesar de tudo, a alfabetização é um processo maravilhoso!

Poder acompanhar e contribuir no processo de aprendizagem das crianças, eu considero um privilégio. Como é lindo ver as descobertas das crianças, as hipóteses que elas constróem sobre a representação da escrita, as primeiras leituras e todo o caminho que elas percorrem rumo à compreensão da base alfabética. Acho que todo professor deve ter a oportunidade de, em algum momento de sua carreira, acompanhar uma turma de alfabetização.

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Mas alfabetizar tem peso, é uma responsabilidade e exige trabalho árduo. Quando a criança está sendo alfabetizada, acontece uma espécie de metamorfose: ela se transforma enquanto indivíduo, pois o processo empodera, dá autonomia, liberta a criança de algumas dependências, é um fator fundamental na formação do cidadão, e ainda traz felicidade, tanto para as crianças que estão aprendendo quanto para o adulto que está ensinando.

Tenho participado de muitos encontros e estudos em que o professor está no centro dos debates. No dia mundial da Alfabetização, 8 de setembro, faço uma reflexão: qual o papel do professor alfabetizador? Quais são as características de um bom alfabetizador?

Há algumas características que eu considero fundamentais ao alfabetizador, como ser um constante pesquisador; ter clareza do currículo, compreendendo o que os alunos devem aprender; compreender a avaliação como processo essencial na aprendizagem dos alunos, etc.

Mas, pensando bem, há outras características e atitudes que são igualmente importantes, fazem parte do nosso dia a dia, e aparecem menos nos discursos oficiais. Por isso, listei os oito mandamentos do professor alfabetizador:

  1. Ser meio criança: levar a vida em sala de aula de uma forma mais leve, com alegria e sem complicações;
  2. Entender que a brincadeira e a imaginação são coisas sérias, e são ótimos instrumentos de aprendizagem;
  3. Ser afetuoso, mas também saber identificar e driblar as manhas das crianças;
  4. Compreender que a criança tem suas próprias ideias, opiniões e desejos, e que isso também deve fazer parte do processo de alfabetização;
  5. Ser paciente e calmo para compreender que cada um tem seu tempo de aprendizagem, mas com as devidas intervenções pedagógicas, todos podem aprender;
  6. Ser um bom navegador para saber a hora certa de avançar: seja de maneira mais lenta, explorando mais profundamente o passo a passo da alfabetização, ou mais rápido, quando sentir que a turma está pronta;
  7. Compreender que, em aula, tudo é pretexto para aprender a ler e escrever;
  8. Ser descentralizador, compreendendo que a autonomia faz parte do processo de aprendizagem, mas que não se caminha sozinho. O professor alfabetizador é o orientador dos caminhos.

Essas características e muitas outras não são explicitadas em estudos e documentos, mas com certeza fazem parte do nosso dia a dia, e compõem o nosso perfil profissional.

E vocês, professores, se veem nessas características? Sentiram falta de algum mandamento? Compartilhem nos comentários!

Para meus alunos da Alfabetização de ontem e hoje, o meu mais sincero agradecimento pela oportunidade de fazer parte desse momento tão importante em suas vidas.

Um abraço a todos e até semana que vem,

Mara Mansani