Minha paixão é dar aula, mas ganho o dobro como motorista
Conheça a história de Pedro Henrique professor de matemática que trabalha há dois anos como motorista para complementar a renda
POR: Pedro Annunciato e Tory OliveiraPedro Henrique Soares, 35 anos, São Paulo (SP), professor de Matemática do Fundamental 2 no Colégio Chalupe e motorista de aplicativo
RENDIMENTOS: R$ 2.200 como professor; R$ 4.000 como motorista
Sou pai de duas crianças pequenas, uma tem 2 anos e a outra é recém-nascida. Sou profes- sor de Matemática no Fundamental 2, do 6º ao 8º ano. Minha esposa é pedagoga, mas
está desempregada, e moramos de favor no fundo da casa dos meus sogros, em dois cômodos. Antes das crianças, eu trabalhava em três escolas. Quando meu primeiro filho nasceu, decidi ficar só na escola particular para ter mais tempo com a família, mas as contas começaram a apertar.
Há dois anos, trabalho como motorista de aplicativo. Saio bem cedo do Parque São Domingos, em São Paulo, e pego ônibus e trem para dar aula em Barueri. Quando vou de carro para a escola, já começo a trabalhar de lá mesmo. Dirijo das 13 horas à meia-noite. Como as corridas são muito baratas, preciso ganhar no volume: minha meta é dirigir 12 horas e tentar fazer 200 reais por dia para fechar a semana com um valor adequado. O fim de semana é quando mais trabalho, começo na sexta-feira e volto praticamente no domingo. Mesmo assim, nos privamos de muita coisa em prol das crianças, das contas que precisam ficar em dia e das dívidas que já temos. Não sobra quase nada no final do mês.
Sempre quis ser professor, desde criança. A Zazá, que era professora do 6º ano, percebeu minha facilidade em explicar a matéria para os colegas e disse que eu poderia ser bom nisso. Eu só tinha 12 anos, mas nunca vou me esquecer, foi quando criei essa paixão por dar aula. Amo muito minha profissão, é muito mais pelo amor do que pelo salário, já que como motorista ganho o dobro do que como professor.