7 ações para superar as barreiras da tecnologia na sala de aula
Há mitos sobre o uso da tecnologia que se tornam barreiras para fazê-la uma aliada do processo educativo. Veja como romper com as barreiras
POR: Débora GarofaloEstamos vivendo um mundo cada vez mais marcado pela tecnologia. Com a indústria 4.0, o mercado está em constante avanço. Nós, estamos vivenciando a Educação 4.0, embora muitas escolas ainda estejam na Educação 1.0, caracterizada pelo giz e lousa.
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É necessário rompermos alguns mitos que nos afastam do uso das diferentes ferramentas digitais em sala de aula. Considere o quanto a tecnologia faz parte do seu dia a dia: são através de aplicativos que, provavelmente, se comunica a maior parte do tempo que não está tendo conversas cara a cara; com o suporte deles, que você se deixa navegar pelas rotas com menos trânsito na cidade ou mesmo para checar o horário dos ônibus e pedir um carro para te levar de um local a outro; é provavelmente com o suporte do celular que você se informa dos acontecimentos do mundo e compartilha os da sua vida social.
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Com a mesma facilidade que temos com o uso da tecnologia para as atividades mais rotineiras do dia-a-dia, ela deve ser abraçada pela escola e pelos professores. Mas, esse uso – para que tenha um impacto pedagógico real –, não deve ser aleatório: ele deve fazer parte do planejamento, com objetivos claros e desafios para alavancar a aprendizagem dos alunos.
Muitos de nós sentimos dificuldade em lidar com programas e ferramentas, pois só tivemos contato com ferramentas digitais já na fase adulta de nossas vidas. O que é uma experiência bem diferente dos nossos estudantes, que estão familiarizados com as tecnologias desde que nasceram ou desde muito pequenos.
Há outras barreiras que elencamos como justificativas para deixar a tecnologia fora das nossas aulas. Entre as barreiras estão a ausência de infraestrutura, conectividade e formação docente. É, claramente, necessário o investimento das políticas públicas para que essa situação se transforme. No entanto, há algo que nós, individualmente também podemos fazer para mudar o cenário em nossas salas. E podemos começar superando algumas barreiras-mitos.
Superando os Mitos
“Ah, se a minha escola tivesse internet e bons equipamentos para todos os alunos”... é um dos primeiros grandes mitos que colocamos como barreiras em nosso trabalho com a tecnologia. Ter altos recursos tecnológicos não garantem aprendizagem! Ter uma boa infraestrutura, conectividade são importantes, mas somente esses fatores não são suficientes.
Tecnologia não é apenas trabalhada com equipamentos e softwares, ela pode de ser trabalhada de diversas maneiras. Uma das possibilidades são as atividades low tech (de baixa tecnologia) que são realizadas fora de equipamentos e computadores, como no caso de oficinas criativas e programação desplugada.
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É necessário enxergar que a tecnologia não é um fim em si mesma: ela é uma propulsora a aprendizagem, e seu uso deve sempre vir acompanhado de reflexão e ética. Para isso, além de propostas e objetivos claros no uso de ferramentas digitais, as ações devem envolver os discentes em ações de pertencimento. O pertencimento pode ser despertado pelo uso de metodologias ativas, que oportunizam ao aluno sair da passividade e assumir o centro do processo de aprendizagem.
Outro mito a ser derrubado é de que os alunos são “nativos digitais” e que, por isso, não precisam de auxílio para um bom uso dos aparelhos eletrônicos. Os alunos, realmente, o utilizam com muita propriedade em suas funções, mas não foram preparados lidar com as redes sociais, internet segura, uso de dados e nem como essa ferramenta como um poderoso instrumento para sua aprendizagem. O celular pode ser utilizado nesse processo como aporte pedagógico em sala de aula. No começo, o professor deverá realizar um trabalho de mudança cultural, considerando a perspectiva do bom uso e consciente da internet e tecnologias de forma geral.
7 ações para inserir ferramentas digitais em sala de aula
1) Conheça: a falta de informação sobre as possibilidades de uso benefícios da tecnologia é um dos maiores inimigos da sua inserção no dia a dia. Compreenda recursos e softwares que podem ser incorporados a sua rotina escola de acordo com os recursos que sua escola e seus alunos possuem. Google Drive e Google Sala de Aula são gerenciadores que permitem realizar trabalhos colaborativos, permitindo que vários documentos possam ser vistos e comentados por um grupo – com acesso inclusive por celular. É possível gerenciar pesquisas e aplicar avaliações tornando as aulas mais atrativas e dinâmicas e de maneira offline.
2) Explore: muitas ferramentas digitais promovem novas formas de realizar uma prática pedagógica e explorar habilidades e competências diversas. Produção de vídeos, fotos, podcasts, slides e blogs. São ferramentas que podem ser usadas pelo celular, computador ou tablet e que enriquecem as aulas – por permitir dinamismo e vivência. Uma aula pode ganhar muito com exibição de vídeos curtos ou fotos feitas pelos próprios alunos.
3) Planeje: projete atividades em que a experimentação da aprendizagem esteja presente. Quando os alunos colocam a mão na massa, eles passam a atuar no centro do processo de ensino e, nós, professores, assumimos o papel de mediador dessa construção. Ao estabelecer espaços colaborativos dentro da sala de aula, o aluno pode inventar, criar e usar recursos diferentes para a resolução de problemas. É uma forma de valorizar suas ideias, criatividade e habilidades.
4) Insira: o foco da Educação hoje está no desenvolvimento de competências e habilidades, entre elas colaboração, empatia e relações socioemocionais. Aproveite para inserir as redes sociais em suas aulas, expandindo o aprendizado e promovendo um ensino mais personalizado. Edmodo, Blogger, Twitter e Instagram são redes sociais que permitem interação, personalização e a possibilidade de realizar trabalhos que expressem mais a vivência e a visão do aluno.
5) Incentive: use e abuse das ferramentas de pesquisa na internet. Nossos alunos necessitam de orientação em relação ao uso, como símbolos e palavras chaves. Indique bibliografias e sites úteis para que desenvolvam trabalhos com informação de qualidade e confiabilidade. É como falamos lá em cima: ter nascido em uma era digital não significa estar preparado para fazer um uso consciente da tecnologia e apropriado das informações que circulam online.
6) Crie: estimule o contato com softwares (programas) autorais e a produção de trabalhos colaborativos. Movie Maker, Audacity e Gimp são exemplos de programas que permitem realizar diversos tipos de trabalho, além de serem gratuitos e trabalhar de maneira offline. Vamos explorar a criatividade da turma?
7) Compartilhe: propicie momentos para compartilhar as atividades realizadas, incentivando os alunos a produzir seus próprios textos e relatos da experiência em formatos distintos. Eles poderão criar textos e outras mídias a partir das pesquisas realizadas na internet, das descobertas feitas em sala de aula e você pode ensiná-los a mencionar de maneira correta o crédito de autores e fontes pesquisadas para embasar a exploração da sala.
Muitas ferramentas acima, oferecem oportunidade de compartilhar os seus trabalhos. Aproveite esses recursos para mostrar sua experiência a outros professores. As ferramentas digitais podem ser usadas como um grande propulsor da inovação, criatividade e inventividade por meio da experimentação – dando aos alunos a oportunidade de serem protagonistas, autores e construtores da sua própria aprendizagem.
E você, querido professor, como costuma inserir ferramentas digitais em suas aulas? Conte aqui nos comentários! Vamos aproveitar esse espaço para compartilhar experiências e práticas docentes.
Um abraço,
Débora Garofalo
Professora da rede Municipal de Ensino de São Paulo, formada em Letras e Pedagogia, mestranda em Educação pela PUC-SP, colunista de Tecnologia para o site da NOVA ESCOLA, Vencedora na temática Especial Inovação na Educação no Prêmio Professores do Brasil e Top 10 no Prêmio Global Teacher Prize, considerado o Nobel da Educação.
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