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Programação desplugada: como trabalhar com a sua turma

Conheça a experiência da professora Kelly da Silva e aposte em atividades que estimulam o raciocínio lógico de maneira concreta

POR:
Débora Garofalo
Imagem de um jogo de labirinto de madeira em uma mesa
Foto: Getty Images

O uso da tecnologia não é a única maneira de trabalhar com o pensamento computacional e permitir que seus alunos vivenciem na prática a linguagem de programação: existem muitas possibilidades de atividades “desplugadas”, que não exigem a presença de um computador. Lançar mão do pensamento computacional em sala de aula é interessante porque abre a oportunidade para os alunos desenvolverem a criatividade e lidarem com situações-problema. Além disso, é possível encaixar essas ações no currículo, em disciplinas como Matemática, Ciências e Língua Portuguesa, bem como permitir o teste de hipóteses, desenvolvendo o pensamento crítico e científico. 

Uma inspiração para incluir atividades desplugadas em sala de aula é o projeto Kriar, desenvolvido pela professora Renata Kelly da Silva na EE Maria de Lourdes Aranha de Assis Pacheco, na capital paulista.

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O projeto nasceu da angústia da professora, que atua no Ensino Fundamental e no Médio, diante da passividade demonstrada pelos alunos em sala de sala de aula. “Percebi a dificuldade de processamento para pensar e relacionar ideias e solucionar problemáticas diárias”, lembra ela, acrescentando que percebia nos estudantes uma grande falta de motivação. “No geral, percebia uma postura omissa dos meus alunos em relação a presença deles em sala de aula”, afirma. Para impulsionar a aprendizagem dos alunos por meio da vivência de atividades desplugadas e bastante relacionadas com a cultura maker, a professora desenvolveu o projeto Kriar, que trabalhou com materiais recicláveis para confeccionar um jogo do labirinto. A ideia pode ser aproveitada e replicada por outros professores, que podem fazer as adaptações necessárias para a sua realidade. Vamos conhecer a sequência didática proposta pela professora Kelly da Silva?  

O projeto  

Atividade
Confeccionar um jogo do labirinto com materiais recicláveis como atividade computacional desplugada e maker.

Componente curricular

Interdisciplinar, envolvendo Arte, Matemática e Educação Física.

Objetivos 

- Inspirar e promover a oportunidade dos alunos conhecerem a cultura maker por meio da experimentação prática 

- Impulsionar a capacidade de organização e promover o trabalho em equipe.

- Desenvolver o pensamento computacional.

- Desenvolver a capacidade criadora do aluno.

Público-alvo

Alunos do Ensino Fundamental de escolas públicas e privadas 

Materiais necessários

Papelão, cola quente, tesoura, régua, bolinhas, lápis e giz

Tempo de duração 

Esta sequência didática foi idealizada para ser realizada em 5 aulas de 50 minutos. 

Passo a passo 

1. Explicação inicial 

Liste os materiais necessários, que deverão ser providenciados para a próxima aula, e explique como será desenvolvido o jogo do labirinto. Organize os alunos em equipes de quatro pessoas. 

2. Convide os alunos para simular um labirinto

Acervo Pessoal / Renata da Silva 

Solicite aos alunos que afastem as carteiras e cadeiras na lateral da sala para que a área central fique livre. Eles desvendarão o caminho de um labirinto desenhado pela professora com giz no chão da sala de aula. Com os olhos fechados, os alunos previamente organizados em equipe, falarão em voz alta os comandos para que um dos colegas caminhe pelo labirinto até chegar na saída. Peça para que indiquem para o colega escolhido para entrar no labirinto os comandos AVANCE e VIRE para que ele seja conduzido pelos demais no percurso. 

3. Corte os materiais para a produção do jogo 

Acervo Pessoal / Renata da Silva 

Na sala de aula, conduza a próxima etapa da atividade, que poderá ser realizada individualmente ou em dupla, e cujos materiais poderão ser compartilhados. Anote na lousa as medidas das peças que compõem o jogo do labirinto que será produzido pelos alunos. 

- Uma base de papelão (12cm x 12cm)

- Quatro laterais de papelão (12cm x 1cm cada).

- As 13 peças internas que formam as divisórias do labirinto, que podem ser de EVA grosso ou papelão, têm duas medidas: 

  - 7 tiras de 1cm x 4cm 

 - 6 tiras de 1cm x 2cm. 

Imagem mostra montagem do labirinto com cola quente
Acervo Pessoal / Renata da Silva

4. Cole as peças para a produção do jogo 

Nesta etapa, é preciso tomar cuidado e orientar os alunos a respeito da segurança por conta do uso da máquina de cola quente, que será ligada na tomada.

Imagem mostra o labirinto já montado
Acervo Pessoal / Renata da Silva

5. Vamos testar? 

Teste a funcionalidade do objeto criado pela turma, isto é, peça para o aluno mover o labirinto para testar se a bolinha faz o percurso esperado.

6. Avaliação

Ela deve ser realizada durante o processo de desenvolvimento da atividade. Observe a participação, cooperação e interação demonstradas pelos alunos. 

Renata Kelly da Silva - Doutoranda em Educação, Arte e História da Cultura na Universidade Presbiteriana Mackenzie, professora no ensino fundamental e médio da rede estadual de ensino de SP. Mestre em Educação pela PUC-SP, Especialista em Informática Educativa pela UFES, Pedagoga, graduada em Matemática e Arte. Atua na formação de professores na área da tecnologia educacional com foco na cultura digital, pensamento computacional e linguagem de programação. É fundadora do Projeto Kriar. 

Esse tipo de atividade desplugada estimula a convivência e a criatividade, além de antecipar fatos e vivências com potencial de auxiliar posteriormente programações em softwares específicos. 

E você, querida professora, já teve a oportunidade de realizar alguma atividade desplugada? Escreva nos comentários e compartilhe conosco suas experiências.

Um grande abraço e até a próxima!

Débora Garofalo

Débora Garofalo é Assessora Especial de Tecnologias da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (SEE-SP) e professora da rede pública de ensino de São Paulo. Formada em Letras e Pedagogia, mestranda em Educação pela PUC-SP, vencedora na temática Especial Inovação na Educação no Prêmio Professores do Brasil e uma das dez finalistas do Global Teacher Prize, o Nobel da Educação.

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