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Socioemocionais na volta às aulas: como pensar atividades e na acolhida dos alunos

Confira sugestões que podem ser inseridas no seu planejamento do começo do ano letivo

POR:
Mara Mansani
dois alunos na sala de aula se cumprimento com a mão fechada
Foto: Getty Image

É muito bom descansar, dar uma parada, tomar um fôlego e se recuperar depois de um ano difícil e exaustivo. Agora nesse novo ano, um novo ciclo surge onde as esperanças e motivações se renovam, infelizmente ainda em pandemia, mas com possibilidades de uma vacinação próxima.

Mesmo aproveitando meu período de descanso, ainda em isolamento, tenho pensado sobre o novo ano letivo e alguns questionamentos são inevitáveis:

  • Qual será o formato do ensino: presencial, remoto, híbrido?
  • Como será a priorização do currículo?
  • Quais serão os temas em destaque em sala de aula?
  • Os índices de evasão aumentarão?
  • Como começar da melhor maneira possível esse novo ano na Educação?
  • Como estarão os alunos nesse retorno?
  • Como dar continuidade ao processo de alfabetização?

São muitos os questionamos e sei que muitos professores também estão pensando sobre eles, mas precisamos começar com calma para não entrarmos novamente naquele turbilhão de ansiedade e estresses, no excesso de trabalho e preocupações do final de 2020.

Por isso, o foco deve ser apenas em como iniciar o ano da melhor maneira possível na Educação, pois já podemos pensar e planejar ações que podem ser debatidas nas primeiras reuniões de professores e gestores.

Dentro desse tema, destaco quatros pontos que considero mais relevantes, todos estão interligados e relacionados com o socioemocional: acolhida dos alunos, escuta ativa, relações interpessoais e a ressignificação ou resgate da escola como espaço de empatia, coletividade e aprendizagem.

Dicas para acolhida dos alunos

Em uma das redes em que trabalho, a proposta é do retorno às aulas presenciais, mas caso mude para o formato remoto, penso que a acolhida deve ser bem especial.

Normalmente todo início de ano letivo, as crianças chegam com muita necessidade de falarem e serem ouvidas, de contar as novidades, beijar e abraçar os amigos. As necessidades serão as mesmas, mas os tempos são outros.

Para começar, pretendo fazer uma decoração temática e lúdica para a sala de aula para receber os alunos. Uma decoração que mostre o quanto o aluno é querido e esperado.

Uma porta com mensagens de boas-vindas, bem coloridas e alegres, por exemplo: “Que bom te ver aqui!”. Ao lado da porta, penso em fazer um painel com propostas de como cumprimentar, evitando contatos físicos. Essa é uma prática já feita por muitos professores, mas agora adaptada para evitar possíveis contaminações (e pode ser também bem divertida!).

É possível sugerir que os alunos se cumprimentem com uma dancinha, com um toque de pés, um sinal de mãos... são muitas as possibilidades. Sugiro que você crie pelo menos cinco tipos diferentes, que depois podem ser ampliados ou modificados com sugestões dos alunos, monte ícones para cada um e deixe que cada criança escolha sua forma de cumprimentar favorita.

Como organizar e cuidar do espaço escolar em 2021

Entenda as mudanças que devem ser feitas por conta da pandemia do coronavírus, como a equipe pedagógica pode trabalhar e muito mais!

O ambiente físico deve ser bem confortável para uma roda de conversa com espaço para o distanciamento necessário, o que pode ser feito também em ambientes abertos e arejados na escola. Acredito que iniciaremos com um número reduzido de alunos, então vamos repetir as ações de acolhida para a turma. Se a volta for remota, se possível, podemos criar um ambiente especial online. No ano passado, a Patrícia, coordenadora pedagógica de minha escola em Salto de Pirapora (SP), em uma das nossas reuniões pedagógicas, colocou como fundo no Google Meet uma paisagem praiana e ainda surpreendeu a todos com um figurino de óculos e chapéu. Foi uma reunião muito bacana e divertida “na praia”. Ela nos mostrou que podemos mesmo online criar um ambiente acolhedor na sala de aula virtual.

Ouvir os alunos é essencial nesse momento

O que importa é proporcionar tempo e espaço para fala e escuta de todos. Duas perguntas podem guiar esse momento importante e especial: O que mais te deixou triste nesse período de distanciamento social? O que você fez que te deixou feliz/bem e ajudou a passar pelos momentos tristes? O professor deve fazer as mediações entre as falas, fazendo ligações entre elas, destacando os pontos positivos, etc.

Uma boa proposta também para essa roda da conversa é começar com a leitura de um livro sobre superação de desafios, histórias de amizade ou outras que tragam a ideia de que “estamos todos juntos”.

Ao se identificar com situações vividas pelos personagens, o aluno pode trazer à tona as situações de suas próprias vidas para a roda. Para finalizar esse momento, sugira a criação de um desenho para expressarem ainda mais seus sentimentos.

Uma outra ideia para abrir o debate sobre sentimentos e situações vividas pelos alunos, que anda bombando nas redes sociais, é aquela onde a partir de uma pergunta as pessoas podem escolher uma das respostas possíveis.

Por exemplo: brigou com os pais e ou irmãos na pandemia? Como respostas, vai para o lado esquerdo quem brigou, vai para o lado direito quem não brigou. Para responder coloque os alunos em fila, ao som de uma música e dançando. Pode parecer apenas uma brincadeira, mas pode te dar um bom retrato de vivências e sentimentos da turma.

Baixe o calendário 2021 com datas comemorativas 

Confira calendário gratuito com efemérides que podem ser trabalhadas esse ano. São quatro modelos Pássaros do BrasilEnsino Híbrido e Minimalista. E o mais especial de todos é a versão comemorativa em homenagem aos 100 anos do nascimento de Paulo Freire.

Acolher é dar voz, é escutar dando o protagonismo ao aluno, é se colocar no lugar do outro, é mostrar a importância do coletivo, é chorar e rir juntos, é fazer ações pelo bem estar coletivo. Tudo isso não deve ser levado em conta apenas no início das aulas, deve fazer parte da nossa rotina diária em sala, em ações permanentes, pensadas e planejadas por todos nós professores.

Quanto a ressignificação ou resgate da escola como espaço de empatia,  você pode estar pensando que isso não mudou, que já faz parte, que é da natureza da própria escola, mas pense comigo: foi praticamente um ano sendo veiculado que a escola não era mais segura, que lugar de aluno não era na escola, que escola fechada era o “novo normal”...

Precisamos, logicamente com os devidos cuidados sanitários, construir com os alunos essa “nova escola” como espaço de coletividade, onde a empatia, o respeito e a confiança de dias melhores estejam sempre presentes, onde todos se sintam seguros e queridos. Para começar essa grande construção, podemos debater sobre a própria sala de aula, como ela pode ser aconchegante, segura e para todos.

Deixe as crianças falarem, elas são ótimas para propor ideias e sugestões. Para começar a provocação e reflexão de todos, peça que criem uma proposta em desenho respondendo a pergunta: uma sala de aula segura e acolhedora tem…

Esse pode ser um bom começo para transformar a escola, prepará-la para os nossos próximos desafios e  fazermos um ano melhor para todos nós, alunos, professores e famílias.

Mas e vocês, queridos professores, como estão pensando esse retorno? Deixem suas sugestões, dúvidas, angústias e esperanças sobre esse tema aqui nos comentários. Um grande ano para todos nós e que possamos estar cada vez mais juntos!

Um abraço e até a próxima,

Mara

Mara Mansani é professora há quase 30 anos, lecionou em vários segmentos, da Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental, passando também pela Educação de Jovens e Adultos (EJA). Em 2006, teve dois projetos de Educação Ambiental para o Ensino Básico publicados pela ONG WWF, no livro “Muda o Mundo, Raimundo”. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, na área de Alfabetização, com o projeto Escrevendo com Lengalenga.

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