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Educação Infantil: atividades para corpo, gestos e movimentos

Confira dicas e propostas focadas nesse que é um dos campos de experiência previstos na BNCC

POR:
Paula Sestari
Foto: Getty Images

Olá, queridas professoras e queridos professores! Abro esta coluna de hoje com uma reflexão: por muito tempo, tivemos na Educação – e, especificamente, na Educação Infantil – um distanciamento entre o corpo e o conhecimento explícito, como se fossem áreas distintas. Atualmente, esse cenário mudou, e temos plena convicção de que o corpo e seus gestos e movimentos são fontes essenciais de saberes, contribuindo para as aprendizagens que conduzirão os pequenos ao longo do seu percurso escolar.

Essa consciência para uma Educação que considera a corporeidade nos mobiliza a pensar a escola como um espaço acolhedor, seguro e propício a desafios. Desse modo, as crianças terão condições de experimentar seu corpo em diferentes possibilidades. Conforme vão interagindo, brincando e se movimentando, elas reconhecem sua dimensão física e começam a formular ideias sobre seu lugar no mundo. 

BNCC, campos de experiência e práticas do dia a dia

Quando nos dedicamos a olhar para a organização da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que estabelece os cinco campos de experiência, vemos que, entre eles, está Corpo, gestos e movimentos. Temos aí, então, uma das dimensões da aprendizagem que vai da creche à pré-escola – o que exige um currículo com vivências que garantam liberdade de movimento, expressividade, espontaneidade e apropriação corpórea.

As práticas que contemplam esse campo fazem parte do convívio diário nas nossas instituições e mesmo da vida cotidiana. A seguir, exemplifico algumas situações:

- A criança chega à escola e consegue se encontrar com a professora na sala de referência sem nenhum tipo de impedimento, como cercas, travas ou outros obstáculos. Nesse caso, elas não precisam da ajuda do adulto para entrar naquele espaço – e passam a entendê-lo como acessível ao seu corpo;

- Se os mobiliários permitem que os pequenos organizem seus pertences e os acessem, se assim o desejarem (como um copo ou garrafa de água que fica a distância de seus braços), e se o banheiro e os demais ambientes para higiene pessoal são proporcionais às suas dimensões físicas, eles compreendem que seu corpo possui simetria com o espaço escolar;

- Caso os locais para refeição e os adultos que acompanham esse momento ofereçam recursos para que as crianças apreciem aromas, texturas e cores dos alimentos antes de servi-los, comunica-se que, para além do paladar, seus demais sentidos importam;

- Ao permitir que se movimentem com liberdade, sem precisar aguardar longos períodos para transitar entre uma proposta e outra, e quando suas dores, conflitos e receios são acolhidos, com escuta sensível, estímulo, incentivo e afeto em vez de disciplinarização, comunica-se que sua forma de se expressar é respeitada;

- Quando a escola garante espaço físico e temporal do livre brincar e da livre expressão física, com contextos educativos bem organizados, diversidade de materiais, contato com a natureza e múltiplas interações, reforça-se a importância da corporeidade da criança para seu pleno desenvolvimento.

Planos de atividade para Corpo, gestos e movimentos

Aqui mesmo no site da NOVA ESCOLA, temos algumas sugestões de vivências a serem planejadas para que os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento desse campo sejam oportunizados de maneira articulada aos demais. Vamos a essas ideias?

Bebês: que tal uma massagem?

Nestas propostas, o toque e o contato físico promovem diferentes sensações em um ambiente tranquilo para expressar desejos, necessidades e emoções. A observação e o gradativo reconhecimento corporal contribuem ainda para que os pequenos construam uma autoimagem positiva.

Experimentando sons com o corpo

As brincadeiras que envolvem imitações e incentivam a expressividade para além da comunicação verbal, como nesta sequência de atividades, colaboram para o desenvolvimento de outras linguagens ao mesmo tempo que exploram possibilidades corporais no contato com diferentes materiais.

Jogando com crianças bem pequenas

A valorização da diversidade cultural por meio de música, dança, brincadeiras e jogos, como aparece nesta sequência de planos envolvendo o corpo, favorece a manifestação, a produção e a ampliação do repertório cultural. Há também o contato com diversos materiais e objetos no espaço, em ações como pegar, encaixar, puxar, segurar, enfileirar, chutar e arremessar.

Desafio: novos elementos no parque

Nesta última sugestão, enquanto constroem e vivenciam obstáculos, as crianças desenvolvem a lateralidade e movimentos amplos de subir, descer, escorregar, rastejar, rolar, agachar, sentar, deitar, entre outros. Com isso, experimentam possibilidades corporais enquanto são instigadas a pensar sobre sua segurança, limites físicos e divisão do espaço com os colegas.

Assim, ao compartilhar essas possibilidades em torno desse campo de experiência, reforço: o sentido da nossa ação está no encontro da intencionalidade docente com a vida que emerge de cada criança em toda a sua potencialidade de ser e estar no mundo. 

Abraço e até breve! 

 

Paula Sestari é professora da Educação Infantil da rede municipal de ensino de Joinville (SC), com dez anos de experiência nessa etapa, e mestre em Ensino de Ciências, Matemática e Tecnologias. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, e foi eleita Educadora do Ano com um projeto com crianças pequenas na área de Educação Ambiental.

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