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Autoavaliação: entenda como aprimorar suas práticas na Educação Infantil

Ao revisitar o trabalho realizado, é possível levantar informações pertinentes para dimensionar a qualidade do que foi feito e promover ajustes quando necessário

POR:
Paula Sestari
Foto: Getty Images

Olá, queridas professoras e queridos professores! Este período de organização dos registros avaliativos e dos materiais que constituem parte da documentação pedagógica, e que são compartilhados de maneira formal com as famílias e a comunidade escolar, revela-se também como um importante momento de autoavaliação docente.

Ao olhar para o trabalho realizado com um grupo etário e com cada criança, é possível levantar informações pertinentes para que o professor dimensione a qualidade do que foi feito, com base nas suas próprias expectativas, nas situações planejadas e nos imprevistos que aconteceram ao longo do ano. Essa análise contribui com o desenvolvimento profissional, pois ajuda a criar algumas resoluções para o aprimoramento do trabalho do educador.

A autoavaliação torna-se fundamental para a construção de uma identidade docente à medida que o professor se reconhece em suas fragilidades e potencialidades, pois, como disse nosso mestre Paulo Freire: “Ninguém começa a ser professor numa certa terça-feira, às 4 horas da tarde. (...) A gente se forma como educador permanentemente na prática e na reflexão sobre a prática”.

Para contribuir com esse processo de reflexão sobre a prática, aproveitando o fechamento das atividades letivas, gostaria de propor alguns questionamentos com base em materiais e aspetos que fazem parte do trabalho do professor e que podem ser retomados para uma autoavaliação, a partir de revisitação do seu dia a dia na escola.

Assim, a ideia é realizar uma leitura das práticas desenvolvidas, das habilidades que podem ser ampliadas e das competências que merecem mais atenção para o exercício do magistério de maneira a atender às expectativas da carreira e da progressiva satisfação pessoal. Vamos a eles?

De olho no calendário escolar

Observe como foi sua efetiva participação no cotidiano da escola. A frequência e assiduidade tanto do professor quanto das crianças é de fundamental importância para a qualidade do trabalho desenvolvido. 

Olhe para o percurso e identifique quais situações impactam essa questão. Se o motivo das ausências foram questões de saúde física ou mental, que tal definir algumas metas para o próximo ano levando em conta o autocuidado ou uma mudança de hábitos?

Planejamento e currículo

Retome sua pasta ou arquivos de planejamentos diários em conjunto com o documento curricular nacional ou do seu território e faça uma checklist dos contextos educativos organizados e das situações de aprendizagem da vida diária. 

Analise se as situações contemplaram todos os campos de experiência ou se todos estiveram em evidência em algum período do ano. Por vezes, são enaltecidas propostas que estão atreladas às habilidades e aos interesses do professor dentro de sua área de conhecimento, zona de conforto ou ainda com base nas situações oportunizadas em outros anos, mas que não significam que são pertinentes para esse grupo. Ou seja, as experiências planejadas contemplaram os interesses desse grupo a partir de múltiplas linguagens e contextos?

Registros e estratégias

Quando retomo os registros do ano, não consigo deixar de sentir certa nostalgia por tudo o que foi vivido com as crianças. Resgatar relatos, fotos e vídeos gera também sensações ambíguas como: “Marece que faz tanto tempo!”, “Mas como passou rápido!”. Sei que você me entende. 

Porém, olhe com cuidado e observe se esse material deu voz a todas as crianças em suas diferentes linguagens. Caso se perceba que alguns tiveram mais destaque, é importante repensar as estratégias de observação utilizadas ou organizá-las de modo que se tenha uma pauta diária ou semanal de acompanhamento das crianças. O objetivo é que ao longo do processo todos tenham documentado evidências de suas aprendizagens.

Gestão do tempo

De acordo com a legislação, ao professor é garantido um terço da carga horária de trabalho para planejamento, estudo e formação continuada. Por vezes, esse tempo se destina à produção de materiais, murais e elementos de decoração feitos pelo professor para os pequenos, esquecendo-se que cada vez mais o espaço precisa revelar a autoria das crianças. 

Nessa carga horária, é necessária a organização de estratégias para o efetivo protagonismo infantil em todos os sentidos, por meio da organização da documentação pedagógica. 

Além disso, o compromisso do professor com seu desenvolvimento profissional inclui a participação em grupos de estudos, seminários, palestras, troca de experiências e outros momentos também proporcionados pela escola ou pela rede de ensino como forma de alinhamento com seus objetivos e metas. Então, a pergunta que fica é: você conseguiu utilizar bem esse tempo? 

Seria possível ainda trazer outros aspectos como o contato e a participação das famílias, a gestão da equipe de sala, para aqueles que atuam com professores auxiliares e estagiários, e ainda como foram as trocas e o acolhimento às devolutivas por parte da equipe gestora da escola. Enfim, muitos são os elementos do cotidiano que contribuem para uma autoavaliação crítica, mas também generosa de onde estamos e que outros degraus queremos alcançar nesse processo contínuo de um vir a ser da carreira docente.

Um abraço e até breve,

Paula Sestari é professora da Educação Infantil da rede municipal de ensino de Joinville (SC), com dez anos de experiência nessa etapa, e mestre em Ensino de Ciências, Matemática e Tecnologias. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, e foi eleita Educadora do Ano com um projeto com crianças pequenas na área de Educação Ambiental.

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