Como lidar com a agressividade de alunos nos Anos Finais do Fundamental?
Confira possibilidades para professores lidarem com atitudes reativas por parte dos estudantes
POR: ANE Responde
A Associação Nova Escola sabe a importância do clima escolar para o ensino e a aprendizagem, mas é comum professores se depararem com problemas como comunicação violenta e agressividade de alunos. Esse é o tema da coluna ANE Responde de abril, a partir de uma pergunta feita em nosso canal no Telegram.
Neste mês, para falar sobre possibilidades da escola ao lidar com problemas comportamentais de alunos, conversamos com Adriano Moro, doutor em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mestre em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e pesquisador do Departamento de Pesquisas Educacionais da Fundação Carlos Chagas (DPE/FCC).
Dúvida sobre agressividade de alunos
Uma professora dos Anos Finais do Fundamental deixou a seguinte pergunta para a ANE Responde:
Aluno com comunicação violenta não realiza as atividades propostas em sala e ainda responde aos professores. Como acomodar tal situação?
Adriano lembra que situações assim, em que alunos agem de forma hostil e agressiva, ocorrem por uma série de fatores, como problemas familiares ou violências que os alunos sofrem fora da escola. Soma-se a isso o período de isolamento causado pela pandemia, que também trouxe impactos emocionais para estudantes, professores e outros atores escolares.
“Porém não dá para individualizar o problema ou buscar soluções simples para problemas complexos. Temos de pensar de maneira sistemática”, destaca o pesquisador.
Uma das frentes de atuação para lidar com a situação é composta por ações sistemáticas e intencionais que estimulem uma convivência escolar que preserve a saúde, a segurança social e o emocional de todos que fazem parte da escola, ou seja, a promoção de um ambiente “onde as relações interpessoais são pautadas em valores como justiça, respeito, solidariedade, participação e pertencimento”, afirma.
“Isso coloca os integrantes da comunidade escolar como autores comprometidos com a busca por soluções de conflitos baseadas no diálogo, repudiando soluções autoritárias, violentas e individualistas”, complementa Adriano. Ações como essa trazem impactos positivos a todas as crianças e adolescentes, e não apenas àqueles que apresentam comportamento agressivo.
Ao mesmo tempo, a escola deve buscar medidas de longo prazo para melhorar o clima escolar. Os professores também podem agir de maneira imediata diante da agressividade dos alunos. “Se, como no caso relatado pela professora, a comunicação é por vezes violenta, a educadora pode apresentar aos alunos a importância e os benefícios de uma comunicação construtiva, proporcionando espaços de reflexão sobre a importância da comunicação para uma relação mais harmoniosa e respeitosa entre todos”, responde Adriano.
Os professores podem trabalhar dilemas hipotéticos para questionar os alunos sobre como a comunicação violenta os afeta, quais sentimentos provoca e o que é sentido quando existe diálogo de forma respeitosa. “Esses dilemas ajudam a pensar sobre os sentimentos envolvidos e a importância de a relação em grupo ser melhor”, complementa o pesquisador da FCC.
“Ao fazer um trabalho com toda a sala, o aluno [que apresenta comportamento agressivo] começa a se sentir pertencente ao grupo e passa a se ajustar ao compreender que uma atitude mais solidária e respeitosa traz mais benefícios do que uma comunicação violenta”, acredita.
Por fim, dar voz aos estudantes para que possam verbalizar pontos de incômodo, sentimentos e angústias, além de escutá-los de maneira ativa e empática, são outras possibilidades de solução elencadas pelo especialista. “Quando o adolescente se sente amparado pela professora, isso traz mais possibilidades para reverter esse quadro [de agressividade]”, finaliza Adriano Moro.
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