Amazônia em números: formas de abordar o bioma em Matemática
Proporção, geometria na natureza e estatística são algumas alternativas para levar o Dia da Amazônia para as aulas do componente nos Anos Finais
POR: Rosiane PratesOlá, professora e professor! Sabemos que a Matemática está em tudo, não é mesmo? Em tempos em que se fala muito de mudanças climáticas, preservação do meio ambiente e da nossa diversidade, por que não pensarmos esses assuntos pelo prisma dos números? Uma boa oportunidade para isso é o Dia da Amazônia, comemorado no dia 5 de setembro.
A Matemática está em muitos aspectos relacionados à Amazônia, tanto em termos de investigação científica como em questões práticas que envolvem a conservação e uso de recursos de maneira sustentável na região.
Quando o assunto é pesquisa científica, colegas, a Matemática desempenha um papel crucial em estudos que visam compreender e simular fenômenos naturais complexos - como o desmatamento e o processo de regeneração de longo prazo da Floresta Amazônica - atividades humanas na área, no desenvolvimento de planos de gestão sustentável, além de ajudar na tomada de decisões com base em dados. Tudo isso pode ser ponto de partida para o desenvolvimento de ações na prática pedagógica em sala de aula.
Para análise de dados e estatísticas relacionadas à Amazônia, a matemática é fundamental. Assim, uma dica é olhar para a tecnologia de monitoramento por satélites, por exemplo, que pode ser utilizada para processar vastas áreas de informações, permitindo a criação de mapas, gráficos e indicadores que auxiliam no acompanhamento das transformações na área ao longo dos anos.
Além de entender as transformações na região, esse estudo permite estruturar atividades diversificadas com base na análise de dados para os Anos Finais do Ensino Fundamental, enriquecendo, assim, o processo de ensino-aprendizagem a partir de eixo transversal. Porém, esse não é o único caminho para trabalhar o Dia da Amazônia nas aulas de Matemática.
O contexto da Amazônia e os conceitos matemáticos
Separei alguns tópicos que podem desencadear propostas de atividades ou reflexões matemáticas dentro do contexto da região amazônica.
Geometria das plantas
As formas e padrões encontrados nas estruturas das plantas são conhecidos como geometria das plantas. Dados valiosos sobre o crescimento, desenvolvimento e herança vegetal podem ser obtidos por meio da observação e análise desses padrões. Algumas características geométricas incluem:
- Simetria: muitas plantas exibem simetria em suas estruturas, seja simetria radial - em forma de círculo - ou bilateral - dividida em duas partes espelhadas. Isso pode ser observado em flores, folhas e até mesmo na forma geral da planta.
- Estrutura ramificada: as plantas geralmente possuem estruturas ramificadas, como ramos e galhos, que seguem padrões específicos. Por exemplo, a forma como os ramos se dividem pode seguir uma sequência de Fibonacci, onde cada número é a soma dos dois anteriores (1, 1, 2, 3, 5, 8, 13).
- Espiralização: em muitas plantas, as folhas são dispostas em espirais ao longo do caule, seguindo ângulos específicos entre si e, muitas vezes, seguindo a sequência Fibonacci. Esse padrão também pode ser visto na casca de um fruto muito comum na Amazônia: o buriti. As flores também podem apresentar padrões geométricos interessantes. As sementes de girassol e outras flores compostas, como a do maracujá, geralmente seguem espirais formando um padrão matemático.
Educação estatística e análise de dados
É bacana, colegas, quando consideramos a diversidade da região amazônica como tema transversal no planejamento do ensino-aprendizagem de Matemática nos Anos Finais e os pressupostos da educação estatística que, por sua vez, é o ensino e aprendizado sobre as técnicas, conceitos e aplicações da estatística. É uma área que lida com a coleta, organização, análise e interpretação de dados para obter informações úteis sobre um determinado fenômeno ou população.
Professora e professor, é importante compreender que existem diferentes maneiras para desenvolver atividades dessa área, desde o ensino tradicional em sala de aula até o uso de tecnologias, como softwares estatísticos e simulações, que permitem aos alunos explorarem por meio de recursos interativos.
Em várias áreas, a educação estatística desempenha papel importante nas ciências, negócios, medicina, política, economia, inteiramente ligada à tomada de decisões, a partir da coleta de dados e métodos, com o foco na interpretação dos resultados de maneira crítica.
Assim, os tópicos frequentemente abordados nesse caso incluem medidas de tendência central, como média, mediana e moda, e medidas de dispersão. Assim, quando os dados referentes aos desmatamentos, queimadas, secas e enchentes são considerados em uma proposta como essa, é possível desenvolver atividades de construção de gráficos diversos, como colunas, linhas ou pictograma alinhados ao estudo de funções, por meio das diferentes metodologias. Esse é um aspecto que favorece o desenvolvimento da análise e pensamento crítico do estudante sobre questões da preservação e sustentabilidade desse valioso bioma brasileiro, utilizando-se da transversalidade de temas.
Razão e proporção
O contexto da Amazônia é tão amplo que podemos estruturar diversas atividades e projetos com a temática envolvendo Matemática, Meio Ambiente e Ecologia, utilizando variados recursos educacionais, com a finalidade de fortalecer a aprendizagem significativa nos Anos Finais.
Quando dados da realidade amazônica são considerados na sala de aula, há uma contribuição positiva na construção de um cidadão com vista à sustentabilidade, na qual a Matemática não seja uma “caixa fechada”, mas um campo aberto de possibilidades.
Considerando os conceitos fundamentais de razão e proporção, temos, então, a chance de comparar quantidades, fazer previsões, entender relações numéricas e resolver problemas, de maneira interdisciplinar.
Uma alternativa é o trabalho conjunto entre Matemática e Geografia. Ele pode acontecer, por exemplo, quando a atividade proposta tem como objetivo identificar a relação entre áreas verdes e áreas desmatadas, por meio da relação da escala de um determinado mapa em análise com dados reais. Ou ainda, uma atividade que tenha como foco o estudo sobre a taxa de ocupação de determinada área em função de alguns fatores como áreas devastadas, regiões ribeirinhas que sofrem com inundação no decorrer do ano, ou até mesmo uma atividade que tenha um recorte de áreas habitadas até hoje somente por povos originais, com um comparativo de outras áreas que estão mais populosas.
Levantar esses dados por meio da análise matemática é uma oportunidade rica para relacionar diferentes aspectos com temas de desenvolvimento urbano, acesso a políticas públicas e sustentabilidade.
Números para entender o mundo
Assim, colegas, é válido também considerar que ao ter o contexto da região da Amazônia como tema central para desenvolver a prática pedagógica em Matemática, temos presente aspectos da Modelagem Matemática que, por sua vez, tem em seus pressupostos técnicas e métodos para representar e descrever situações do mundo real por meio de números.
Ao evidenciamos a Modelagem Matemática na nossa prática em sala de aula, não estamos buscando que os nossos alunos tenham ou consigam uma representação perfeita da realidade, mas uma representação que permita a análise e compreensão do objeto de estudo em questão, a fim de compreender a importância da Matemática no avanço das diversas áreas, com ajuda de ferramentas cruciais que contribuem para o entendimento e solução de problemas do cotidiano. E você, já realizou alguma atividade ou projeto com essa temática da região amazônica?! Conta pra gente!
Abraços e até a próxima!
Rosiane Prates é professora de Matemática das séries finais do Ensino Fundamental, atua há mais de dez anos na rede pública e já integrou o Comitê de Avaliação do Município de Pinheiros (ES). Em 2022, participou da quarta edição do Mulheres na Ciência e Inovação, programa de formação para pesquisadoras no Brasil realizado pelo Museu do Amanhã e o British Council. Também foi professora-autora no projeto Planos de Aula de Matemática, realizado pela Associação Nova Escola. Além disso, tem participação como voluntária em projetos socioeducacionais e de empreendedorismo. É licenciada em Matemática e Pedagogia, graduada em Administração e especialista em Ensino e Currículo e em Matemática na Prática.
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