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Abril Indígena: já pensou em dar o primeiro passo e mudar sua prática?

Entenda mais sobre o trabalho com as relações étnico-raciais e a importância de quebrar com estereótipos ao estudar os povos indígenas em sala de aula

POR:
Paula Salas
Em abril, a produção do site da Nova Escola focará em celebrar os povos indígenas. Foto: Julio Cezar/NOVA ESCOLA

Se este texto chegou até a tela de seu computador ou celular, vou me apresentar. Olá, meu nome é Paula Salas, sou editora de jornalismo da NOVA ESCOLA. Criamos este espaço de comunicação para que eu pudesse, mensalmente, sair dos bastidores da produção para falar da temática principal que abordaremos em nossos conteúdos naquele mês. Começando em grande estilo: hoje damos início ao Abril Indígena

Depois de encarar muito a tela do computador por inspiração, fui pesquisar sobre a origem do Dia dos Povos Indígenas, celebrado em 19 de abril – o qual era conhecido como Dia do Índio até 2022, quando foi aprovada a mudança oficial do nome. Você sabia que a data existe desde 1943? O dia escolhido é uma homenagem ao dia 19 de abril de 1940, quando aconteceu o 1° Congresso Indigenista Interamericano, no qual se reuniram especialistas, governantes e representantes dos povos indígenas de todo o continente. 

Um dia é pouco, até mesmo um mês dos povos indígenas não é suficiente. A pauta deve estar presente durante os outros 364 (ou 365) dias do ano. Porém, aproveitemos este abril para dar o primeiro passo. Os convido para dar visibilidade, refletir, conhecer e valorizar todo o legado deixado pelos povos originários e todas as contribuições que seus descendentes fazem diariamente em todos os campos da sociedade. 

Esse é um ponto importante que se conseguir mudar a percepção de uma pessoa que ler este texto, me dou como satisfeita. Entremos no Abril Indígena despidos da imagem dos indígenas que eram representados em pinturas no século 16, como se fossem pessoas paradas no tempo, que vivem isolados no interior da Amazônia. 

Hoje, existem 1.7 milhão de pessoas indígenas, segundo o Censo Demográfico de 2022 realizado pelo IBGE. São mais de 300 etnias indígenas*. Cada grupo é diferente, tem sua própria história, língua, cultura e costumes. Podem morar nos grandes centros urbanos, em cidades menores, na periferia, em áreas rurais, em regiões ribeirinhas, em qualquer lugar. Estão na internet produzindo conteúdo sobre o dia a dia na comunidade ou vivem em regiões de baixo acesso à tecnologia. São muitas possibilidades para o modo de viver. 

Essa realidade deve ser aquela levada para a sala de aula. Nada de reforçar a imagem daquelas personagens congeladas no tempo de séculos atrás, de pintar as crianças ou propor que confeccionem um cocar ou que assistam ao filme Tainá. Faça diferente. Use esse espaço para falar sobre as contribuições científicas de pessoas indígenas, as manifestações culturais, as produções literárias, construa a imagem de povos que hoje resistem para manterem vivos os legados de seus ancestrais, dar continuidade às tradições, salvar suas terras – até mesmo sobreviver, escapando do genocídio que atenta contra a vida de tantas comunidades. 

Por isso, quando pensamos aqui na NOVA ESCOLA em como trabalhar o tema, tínhamos três premissas: dar espaço para professores indígenas e os não-indígenas que atuam nas comunidades indígenas; evidenciar as possibilidades de estudar e valorizar as histórias e culturas dos povos originários durante todo ano, em todos os componentes curriculares e em todas as etapas de ensino; e ter uma produção realmente especial – afinal, apenas um ou dois conteúdos sobre a temática poderíamos publicar em qualquer mês do ano. 

Então, decidimos que a temática seria trazida nas reportagens e iríamos relacioná-la a conteúdos sobre Educação Infantil, alfabetização, Anos Finais do Fundamental e Gestão Escolar. Além de outros conteúdos especiais que estamos planejando e vou deixar ainda como surpresa. 

Fique de olho na área de jornalismo da NOVA ESCOLA e nas nossas redes sociais para não perder nada.  

Até o próximo mês! 

Paula Salas, coordenadora editorial da Nova Escola.


* o último dado encontrado a respeito do número de etnias indígenas no Brasil é do Censo Demográfico de 2010, do IBGE.