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Estratégias para fortalecer a autonomia e a responsabilidade dos alunos

Ajude o estudante a refletir sobre os compromissos e o próprio desenvolvimento, incentivando feedbacks e compartilhando planejamentos

POR:
Linaldo Oliveira
Se falamos atualmente de uma educação de caráter integral, precisamos formar um estudante capaz de refletir sobre suas escolhas e compromissos. Foto: Getty Images

A organização é, sem dúvidas, uma ferramenta vital para a montagem do caminho didático de todo planejamento escolar ideal. Enquanto professores, somos instigados, desde a graduação, a construir planos e sequências didáticas que conduzam os alunos a compreender da melhor forma o conteúdo programado. Entretanto, estimular esse mesmo senso de organização e responsabilidade nos alunos é tão importante quanto trabalhar os conteúdos. 

Muito provavelmente você já escutou uma desculpa esfarrapada dos seus alunos que deixaram de entregar alguma das atividades programadas. E vamos concordar que não tem um ser mais criativo do que um aluno devendo atividades, não é mesmo? 

Porém, como podemos instigar os alunos a serem mais organizados? E como isso nos ajuda no dia a dia de sala? Apesar de ser importante fazer isso durante todo o ano letivo, estamos em um momento bem propício com a finalização do semestre e preparação para o próximo. É sobre isso que gostaria de falar nesta coluna.

Criação de calendários 

O primeiro passo que costumo realizar em sala, é a entrega de um calendário anual das atividades que serão realizadas com os alunos - mas você pode pensar em algo semestral ou até bimestral. No 9° ano, a feira de ciências e a vivência científica, por exemplo, são parte integrante do plano de atividades. 

O calendário entregue conta com todas as datas e prazos que os alunos precisam cumprir e esse instrumento os ajuda a programar seu passo a passo de pesquisa, bem como aprendem a trabalhar dentro de prazos pré-determinados. 

Aulas de campo e atividades formativas do projeto também são colocadas no calendário. Se você curte utilizar a aprendizagem baseada em projetos, essa é uma ótima oportunidade para garantir junto à turma uma maior organização ao longo das atividades. 

Esse tipo de organização desenvolve na turma o senso de responsabilidade e autonomia, além de uma melhor compreensão dos projetos e atividades a serem entregues ou desenvolvidos. 

No entanto, é importante um acompanhamento. Por isso, de tempos em tempos, eu realizo com eles um levantamento das ações feitas, e se tudo programado foi de fato realizado.

Feedback em sala

Tão importante quanto exercitar a organização dos alunos em sala, é conscientizá-los acerca do seu desenvolvido ao longo das atividades realizadas. Assim, torna-se extremamente importante levar o estudante a refletir sobre suas escolhas e falhas, assim como os sucessos alcançados. 

Se falamos atualmente de uma educação de caráter integral, precisamos formar indivíduos capazes de refletirem sobre suas escolhas e compromissos. Sob essa visão, momentos de análises acerca de suas escolhas ao longo do período avaliativo são extremamente importantes e incentiva que eles sejam mais responsáveis por suas escolhas e pelas consequências delas.

Costumo, após a realização das provas, por exemplo, conversar com os alunos a respeito da avaliação, tentar entender quais possíveis dúvidas possam ter surgido enquanto resolviam as questões. 

Após a correção, em sala, discutimos as notas tiradas e revisamos todo o conteúdo. São nesses momentos que os alunos identificam a falta de atenção (que pode ter acarretado uma nota um pouco mais baixa), ou mesmo aquela velha falta de preparação para a prova, que nós conhecemos bem. 

Análise do semestre

Quando o assunto é o resultado do semestre, vale muito mapear junto aos alunos os desafios enfrentados nesse momento de encerramento. Para nós, professores, é literalmente o momento de “ver o que realmente deu certo” e, para isso, ouvir e avaliar o desempenho e a participação das turmas nas atividades propostas é essencial.

Todos nós, docentes, já passamos pela seguinte situação: você prepara uma aula fantástica - aos seus olhos -, entretanto, na prática, ela não funciona como o esperado. 

Por isso, esse momento de escuta e reflexão com seus alunos pode ajudar a evitar situações dessa natureza, pois permite entender as preferências deles, ou mesmo, identificar as possíveis dificuldades individuais da turma, abrindo espaço para um trabalho mais focado. 

Comemorar também é preciso

Tão importante quanto dar feedbacks e analisar os pontos a serem melhorados, é comemorar o sucesso daquilo que deu certo. Trabalhar com adolescentes é experimentar e observar inúmeros pequenos seres em fases hormonais e emocionais complicadas. No entanto, a alta cobrança é difícil de administrar, mesmo para nós adultos. 

Elencar com os estudantes seus pontos positivos favorece o desenvolvimento da autoconfiança. Isso é muito natural, por exemplo, entre os meses de feira de ciências dos meus alunos. 

Cada vez que os esforços deles durante os projetos dão resultados satisfatórios, é sempre bom levá-los a comemorar o sucesso obtido durante todo o processo. Isso diminui toda pressão gerada durante o desenvolvimento das atividades e também confere a você, meu caro amigo professor, uma chance de tornar suas atividades mais interessantes, partindo do preceito que você consegue identificar os pontos fortes do seu aluno, e usá-los a favor do desenvolvimento e da aprendizagem.

Linaldo Oliveira é mestre em Ecologia e Conservação e professor da EMEF Iraci Rodrigues de Farias Melo, em Mogeiro (PB). Foi tetracampeão do Prêmio Educador Nota 10 do Instituto Alpargatas e foi eleito Educador do Ano na 24° edição do Prêmio Educador Nota 10 e um dos cinco professores mais criativos do país, pelo Prêmio Perestroika.

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