Como e por que usar tecnologia na escola
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Em 2010, quando eu era diretora de uma escola de Ensino Fundamental, a mãe de uma aluna me procurou na saída da aula. Ela dizia que queria falar com a professora de sua filha, que solicitou sua presença para buscar o celular da menina, apreendido por ter sido usado durante a aula. Eu disse à mãe que, naquele horário, só estavam presentes os professores dos alunos do 1o ao 5o ano e que, para falar com os professores dos mais velhos, do 6o ao 9o, ela teria que vir no turno da tarde. Qual não foi a minha surpresa quando a mãe me informou que sua filha era da sala do 1o ano e estudava de manhã. Ou seja, era uma menina de 6 anos.
A pergunta que fiz para a mulher saiu naturalmente: “Por que sua menina precisa de um celular aos 6 anos?”. E, até hoje me surpreendo com a resposta: “Para falar com o pai dela e não sentir falta. Nós somos separados e ele deu o celular para ela conversar com ele”.
A substituição das vivências físicas pelas possibilitadas pelas virtuais (através do uso de smartfones e computadores) parece ser um caminho incentivado pelo mercado de consumo e pelas grandes empresas que vendem tecnologia. Mas será que, na infância, já compreendemos e diferenciamos o virtual e o físico? E qual o papel da escola nessa relação?
Já há muitas gerações, convivemos com equipamentos diferentes ao longo da vida. Desde o rádio, a televisão, o telefone, o celular e a internet, tivemos, cada um, vivências diferentes na descoberta do mundo com a presença dessas tecnologias ao nosso redor. Ou seja, nós aprendemos a nos relacionar com a tecnologia ao mesmo tempo em que aprendemos a nos relacionar com o mundo. Exploramos, testamos e criamos rotinas com esses aparelhos. E é a construção dessas rotinas que nós, adultos, devemos mediar para que crianças e adolescentes tenham um uso saudável, eficaz e com propósito da tecnologia.
Neste ponto, a escola tem um espaço privilegiado, pois conta com a presença física, o toque, o afeto e também forte influência sobre os alunos. Por isso, devemos ter cuidado para que nossa prática como docentes não beire os extremismos: nem a substituição de relações presenciais pelas relações virtuais, nem a eliminação da exploração da tecnologia e do virtual.
A tecnologia está à serviço do conhecimento acadêmico, social e afetivo e deve pautar de forma equilibrada o planejamento da escola. Abaixo, cito o exemplo do uso moderado da tecnologia em um trabalho escolar:
Quando, como e por que usar tecnologia virtual |
Utilizar o Google Earth, o EraVirtual (site de visitas virtuais à patrimônios culturais) ou o site de um museu é uma forma de ampliar o repertório, mas não substitui uma ida ao museu ou um estudo do meio. O virtual possibilita uma visita anterior ao espaço, auxiliando a construção do plano de visita. Esses sites podem ser acessados tanto do celular quanto do computador.
Fotografar e filmar é um dos usos mais práticos dos smartfones. Centralizar o armazenamento das fotos, para que vários olhares sobre a mesma experiência seja compartilhado e posteriormente discutido em grupo, é uma forma de verificar as várias percepções e pontos de vistas sobre os mesmos lugares. Álbuns virtuais compartilhados podem ser criados gratuitamente no Picasa, Flickr, Photobucket, Smugmug e Yogile.
Posteriormente à visita, ferramentas virtuais podem ser utilizadas para a construção de um material ilustrado, um jogo, um aplicativo ou outro produto coletivo como forma de registro da experiência. Veja um exemplo aqui. |
Mas o mais importante é construir com as crianças e os adolescente o equilíbrio do uso. Ter tempo para o virtual e tempo para o presencial é essencial. A dependência do uso se dá quando não percebemos quando existe ou não necessidade de usar a tecnologia.
Um abraço,
Jane Reolo
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