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Construindo jogos matemáticos com poucos recursos

Conheça oito sugestões de brincadeiras que podem ser feitas na aula presencial ou remota do Fundamental 1

POR:
Selene Coletti
Crédito: Getty Images

Quem me conhece sabe o quanto aprecio os jogos para trabalhar não só as habilidades da Matemática, mas as demais áreas do conhecimento.  Se você, assim como eu, acredita nos jogos como estratégia de aprendizagem, sabe que não é necessário ter materiais caros ou muito elaborados para colocá-los em prática. O fundamental é sempre traçar os objetivos e habilidades que quer atingir. Hoje, trouxe ideias práticas para que você possa colocar em ação independentemente do tipo de aula (presencial ou não).

 

Jogos no remoto ou presencial
Nestes tempos de pandemia e ensino remoto, os jogos podem ser aliados ainda maiores para estabelecer uma boa parceria entre a família e escola. Isso porque jogando em família, mesmo sem a intervenção do professor, uma série de habilidades socioemocionais são trabalhadas quando os alunos respeitam as regras do jogo, esperam a vez de jogar, por exemplo. 

Se você está no ambiente presencial é importante seguir os protocolos de higiene para evitar a transmissão do coronavírus, observando alguns cuidados com as peças dos jogos, que precisam ser feitas em materiais que possam ser higienizados com álcool 70 após o uso.

Jogos de tabuleiros

Uma pesquisa no ambiente virtual trará diferentes ideias para você: dos jogos mais simples para os mais elaborados, que poderão ser utilizados da Educação Infantil aos Anos Finais. Raciocínio, memória, atenção, operações matemáticas, elaboração de estratégias são alguns dos aspectos que podem ser trabalhados com os jogos de tabuleiro.

Nesses jogos são necessários peões e dados, estes últimos poderão ser confeccionados pelas próprias crianças, assim cada um terá o seu, e ao produzi-los estarão explorando as ideias sobre os sólidos geométricos.

Para baixar: 5 jogos para usar com planos de aula

Confira seleção que inclui propostas de trabalho com conteúdos de Matemática, Língua Portuguesa, Ciências e Geografia.

Um jogo que sempre trabalhei tanto na Educação Infantil quanto nas minhas turmas de 1º ano era o “Sobe e desce”, uma adaptação que fiz de outro jogo bastante conhecido, o Serpentes e Escadas. Nele, havia setas que permitiam avançar ou voltar “casas”.

Trabalhava na lousa com as crianças as regras e a construção do percurso. Depois jogávamos (eles contra mim, era sempre muito divertido) para que conhecessem melhor a brincadeira. Em seguida, distribuía os tabuleiros para as duplas ou trios jogarem.

Crédito: Acervo da colunista

Outra ideia prática é o uso de “folhinhas de calendário” para construir percursos. Uma ideia que encontrei em um Manual do Professor é o Jogo do Calendário ou Trilha do Calendário. Ele pode ser feito utilizando uma folha de calendário do tipo quadriculada (precisa ser plastificada), dados e marcadores (ressaltando que cada jogador precisa ter o seu). Esse jogo pode ter dois ou mais participantes. Pensando na aula presencial e os protocolos sanitários, recomendo que seja feito apenas em duplas, mantendo a distância necessária.

O objetivo do jogo é ser o primeiro a chegar no final (o último dia do mês), sendo necessário tirar o número exato de casas que faltam para se completar, sem sobrar. As crianças jogam o dado e caminham seguindo os dias do mês. Caso o jogador caia em um domingo ou feriado, precisa “descansar” uma jogada. A turma pode escolher outras regras.

Para as minhas turmas, costumava enviar os jogos para casa, assim as crianças tinham a oportunidade de jogar com as famílias. As crianças registravam o que faziam (baixe aqui um modelo de registro) e depois compartilhávamos. Eram momentos ricos de aprendizagem.

Utilizando dados

O dado é um material barato que pode ser comprado ou até mesmo solicitado para que as crianças o confeccionem. Um jogo simples que trabalha a adição, ou se quiser a multiplicação, é combinar um número de partidas, jogar dois dados (ou mais, dependendo da turma) e fazer a soma ou multiplicação em cada rodada, registrando os resultados em uma tabela. O vencedor será aquele que obtiver a maior soma ao final da brincadeira.

Outro jogo de fácil confecção é o “Esconde 2”. Ele é jogado com 2 dados e com uma cartela para cada criança (veja mais abaixo exemplo). O jogador, na sua vez, lança os dois dados e marca a soma. Quem completa a cartela primeiro é o vencedor. Muitas são as problematizações possíveis neste jogo, dentre elas o porquê de se começar com o número 2 e terminar com 12.

Uma turma, enquanto problematizava as situações de jogo, sugeriu fazermos o Esconde 3, usando três dados. O tabuleiro não pode ser o mesmo que o Esconde 2. As discussões com essa classe foram riquíssimas para a construção do novo tabuleiro.

Outro jogo que as crianças sempre gostavam era um constituído por um tabuleiro com 50 casas. Você poderá fazê-lo e cada jogador terá o seu. O objetivo é completar as 50 casas primeiro. Para isso é preciso dois dados, um com os números e outro com os sinais de mais e menos, além dos marcadores, que podem ser tampinhas (cada jogador precisa ter seu “kit”).

Jogam-se os dados, se sair um número e o sinal de adição, colocam-se os marcadores para preencher cada casinha. Se sair no dado, o sinal de subtração, tiram-se os marcadores do tabuleiro. Vence quem completar as 50 casas primeiro.

E-book: Boliche e bingo na aula de Matemática

Veja quatro jogos com explicações de regras e comentários das professoras para você usar em sua aula. 

Usando o baralho

Muitas são as possibilidades de trabalho utilizando as cartas do baralho. Utilizei com meus alunos e eles adoravam. Na atual situação, elas terão de ser plastificadas para facilitar a limpeza depois do manuseio. Alguns exemplos de jogos:

Faça o maior número possível

Serão necessárias 50 cartas (5 de cada naipe, de 1 a 9) voltadas para baixo. Cada jogador tira duas cartas e tenta fazer o maior número possível. Quem fizer o maior, leva todas. O jogo termina quando não tiver mais cartas na mesa. O vencedor será aquele que juntar o maior número de cartas.

Dezenas com baralhos

Serão necessárias 36 cartas (4 naipes de 1 a 9). Um jogador vira as 9 primeiras cartas da pilha e as arruma em um quadrado de 3 cartas por 3. A pilha restante é deixada para baixo. Os jogadores procuram fazer pares que perfaçam um total de 10. Se faz um par, continua jogando. Se não, preenche o espaço vago com as cartas da pilha e passa a vez. O vencedor será aquele que fizer o maior número de pares.

Vinte e um

O objetivo é fazer 21 pontos com as cartas que tiver em mãos. As cartas do baralho ficam no centro da mesa. Cada jogador com 2 cartas na mão, pega uma do monte, se formar 21, ganha. Caso contrário, descarta uma que não sirva.

O repertório é grande. Caso seja complicado adquirir um baralho é possível construir as cartas e inventar diferentes maneiras para usá-las.

Como você pode perceber trazer os jogos para a sala de aula é algo possível dentro da nossa realidade. Agora quero saber:  o jogo está presente no seu dia a dia do ensino remoto ou presencial? Conte nos comentários aqui, estou curiosa!

Um abraço e até a próxima,

Selene

Selene Coletti é professora há 40 anos na rede pública. Atuou na Educação Infantil e foi alfabetizadora por 10 anos tendo trabalhado do 1º ao 5º ano. Recebeu, em 2016, da Fundação Victor Civita, o Prêmio Educador Nota 10 com o projeto “Mapas do Tesouro que são um tesouro”, na área de Matemática. Foi diretora de escola e recebeu, em 2004, o Prêmio “Gestão para o Sucesso Escolar”, do Instituto Protagonistes/Fundação Lemann. Atuou como coordenadora do Núcleo de Formação Continuada e também como formadora da Educação Infantil, na Prefeitura de Itatiba. Atualmente é vice-diretora da EMEB Philomena Zupardo, em Itatiba.

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