Como estimular a leitura na alfabetização
A professora Mara Mansani fala sobre o papel dos livros na formação dos alunos e dá sugestões de como fazer esse trabalho na prática
POR: Mara MansaniLeitura é atividade permanente na alfabetização. Todos nós, professores alfabetizadores, já sabemos, mas como fazer isso? De que forma podemos ampliar as possibilidades de leitura para as nossas crianças? Não é um trabalho simples.
Para começar, precisamos repensar esse nosso papel de “donos da leitura”. Os adultos e professores muitas vezes se comportam assim. Com isso, validam a ideia que ter acesso a livros e ler é para poucos, quando na verdade é um direito de todos.
Dessa forma o professor, a professora, a merendeira, o secretário escolar, os pais e responsáveis, o vizinho da escola e até as próprias crianças (mesmo aquelas que ainda não leem convencionalmente) podem contribuir na missão de apresentar a leitura para toda a comunidade escolar.
Para te ajudar a pensar nesse trabalho, compartilho sugestões, ideias e cuidados que precisam ter ao planejar as ações de incentivo à leitura:
Quais livros utilizar
A alfabetização necessita de livros. Precisamos de muita leitura, imersão nas histórias e criar o gosto no ato de ler. Eles devem estar nas mãos das nossas crianças sempre. É possível que esteja pensando: mas podem estragar, sujar, amassar ou sumir. Aprender a cuidar deles também faz parte do processo de aprendizagem e as crianças nos surpreendem com os cuidados.
Durante a pandemia, os livros ficaram trancados nas escolas fechadas. No entanto, para manter a rotina de leitura, muitas instituições enviaram obras literárias para as casas dos alunos. Esse é o melhor caminho. Por isso, verifique a possibilidade de separar livros da biblioteca (ou da sala de leitura) e emprestar para as famílias que puderem retirar.
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Para fazer essa escolha, precisamos pensar e analisar quais são as obras mais adequadas de acordo com a faixa etária das nossas crianças. No entanto, vamos abandonar a ideia de que na alfabetização devemos ler apenas textos curtinhos com frases simples e sem palavras com sílabas complexas.
Deixe que os alunos conheçam diferentes tipos livros, vençam os desafios complexos e interpretem as histórias. Dessa forma, estamos preparando-os para que saibam escolher suas futuras leituras.
Outro ponto importante de ressaltar: os livros literários devem ocupar um espaço especial na alfabetização, mas não são os únicos. Textos informativos, instrucionais e jornalísticos também precisam estar presentes. Por isso, crie uma rotina que atenda às necessidades de leitura de seus alunos, com destaque aos artísticos-literário, mas que mescle produções de outros campos de atuação.
Sugestões práticas para estimular a leitura
Um caminho é criar, com seus colegas professores na alfabetização, um projeto de leitura na escola. Por exemplo, cada turma pode adotar um autor ou autora para estudar suas obras. Eles podem conhecer a trajetória de vida do escritor, escrever textos inspirados nas obras estudadas, e muito mais. Depois todos compartilham o trabalho que foi realizado.
Muitas escolas criam seus próprios saraus literários. É uma forma de levar a leitura para todos, envolver a comunidade escolar e despertar a paixão pela leitura nas crianças desde pequenas. Na alfabetização, os alunos podem apresentar poemas, parlendas e outros textos artísticos que gostem.
Já falei aqui sobre as malas viajantes de leitura. Inclusive, apresentei uma versão virtual como proposta para esse momento de pandemia. Esse tipo de projeto colabora para que a leitura se torne uma rotina familiar. Sabemos que pais e responsáveis que leem, contribuem na formação de filhos leitores.
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Toda escola deveria ter painel permanente de indicações literárias – ele poderia ser físico ou online. Nele, toda a equipe e comunidade escolar poderiam contribuir e receber sugestões de livros.
Essas são algumas possibilidades para estimular a leitura e torná-la uma grande aliada do processo de alfabetização. São caminhos para garantir que o direito de ler se torne uma realidade em nossas escolas, na vida dos nossos alunos!
Então, vamos lá? Se você, querido alfabetizador, já desenvolve práticas bacanas de leitura com seus alunos, conte aqui nos comentários! Vamos compartilhar nossas experiências!
Um abraço e até a próxima!
Mara Mansani
Mara Mansani é professora há 34 anos, lecionou em vários segmentos, da Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental, passando também pela Educação de Jovens e Adultos (EJA). Em 2006, teve dois projetos de Educação Ambiental para o Ensino Básico publicados pela ONG WWF, no livro “Muda o Mundo, Raimundo”. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, na área de Alfabetização, com o projeto Escrevendo com Lengalenga.
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