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Festa Junina: 3 sugestões para avançar na alfabetização e valorizar a cultura popular

Atividades envolvendo aspectos da culinária típica dessas celebrações podem render muitas aprendizagens de leitura e escrita

POR:
Mara Mansani
Foto: Getty Images

Pipoca, arroz doce, bolo de mandioca, pé de moleque, paçoca, cuscuz, bolo de milho, curau, pamonha, doce de abóbora e tantas outras delícias – essas são apenas algumas comidas típicas das festas juninas que fazem parte da cultura popular brasileira.

Estudar a origem desses alimentos, ler e escrever as receitas desses pratos típicos e criar tutoriais de como fazer são exemplos de caminhos para explorar a temática dessas celebrações a partir de práticas pedagógicas que explorem a leitura e escrita. Confira a seguir três sugestões para planejar a alfabetização.

1. Pesquisa dos pratos juninos típicos

Para começar, prepare uma ficha para que as crianças possam registrar, com o apoio da família, os nomes dos pratos mais conhecidos e consumidos por eles durante essas festas. Em sala de aula, trabalhe a leitura e a escrita desses nomes na lousa, com a participação coletiva dos estudantes, de forma que possam refletir, confrontar hipóteses de escrita e chegar juntos à escrita alfabética.

Como mediador do processo de aprendizagem, faça boas perguntas sobre as escritas e indique referências de textos em sala de aula que possam contribuir para a construção alfabética da palavra. Se necessário, ofereça outros materiais de apoio, como as letras móveis.

Para escrever na lousa, comece chamando os estudantes em hipóteses iniciais, como aqueles em níveis pré-silábicos e silábicos sem e com valor sonoro, dessa forma os alunos podem se apoiar para escrever os nomes dos pratos típicos. Depois, chame os silábicos alfabéticos e os alfabéticos, seguindo o princípio dos agrupamentos produtivos, levando em conta o diagnóstico de hipóteses de escrita da turma.

2. Leitura de textos informativos em sala de aula

Uma sugestão é estudar, por exemplo, a origem de alguns alimentos básicos que estão presentes em muitos dos pratos típicos juninos, como o milho, o amendoim e a mandioca.

Selecione textos informativos, não muito curtos nem muito longos, de qualidade e de complexidade adequada para o entendimento dos alunos. Apresente o material e distribua cópias para que eles leiam juntos, com o apoio do professor, destacando palavras chaves, curiosidades e outras informações que julgarem importantes.

A partir dessa leitura, proponha a escrita de um texto no formato “Você sabia?”, explorando as informações levantadas pela turma. Essa escrita pode ser feita em duplas ou individualmente, com o apoio do alfabetizador.

Para as turmas mais iniciantes, o professor pode ocupar o lugar do escriba, e a turma participa oralmente. Nesses momentos de atividade, é de extrema importância fazer intervenções para promover a reflexão do aluno para compreensão do sistema de escrita alfabético e/ou na consolidação alfabetização.

3. Escrita de receita de um prato típico

Em sala de aula, já fiz com as crianças – e até com os adultos, na EJA – muita paçoca de amendoim no pilão, prato junino típico daqui do interior do estado de São Paulo.

Para essa atividade, escolha uma receita junina típica da sua região e que seja fácil de fazer coletivamente, com os estudantes. Existe também a possibilidade de convidar alguém da comunidade para cozinhar e as crianças observarem o passo a passo.

Depois de colocar a mão na massa, fica muito mais fácil compreender a estrutura textual – nesse caso, de uma receita. Esse gênero textual faz parte do dia a dia das famílias como prática social e, se bem explorado em sala de aula, contribui muito no processo de alfabetização. Uma boa proposta é uma escrita coletiva para produzir um livreto de receitas familiares dos estudantes.

Essas são sugestões para o desenvolvimento do processo da alfabetização explorando apenas os pratos juninos típicos, mas imaginem quantas situações de aprendizagem podem render se ampliarmos o olhar para outros elementos das festas juninas que fazem parte da nossa cultura popular. Durante esse trabalho, é também essencial conversar com a turma sobre os estereótipos da figura do caipira.

Espero inspirar boas práticas na alfabetização. Conte aqui nos comentários como você explora a cultura popular para a aprendizagem dos seus alunos.

Um grande abraço a todos! Até a próxima!

Mara Mansani

Mara Mansani é professora há 34 anos. Lecionou em vários segmentos, da Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental, passando também pela Educação de Jovens e Adultos (EJA). Em 2006, teve dois projetos de Educação Ambiental para o Ensino Básico publicados pela ONG WWF no livro Muda o Mundo, Raimundo. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, na área de Alfabetização, com o projeto Escrevendo com Lengalenga.

 

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