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Como trabalhar o campo de experiência Traços, Sons, Cores e Formas?

Veja dicas de atividades para desenvolver na Educação Infantil e explorar um dos campos previstos na BNCC

POR:
Paula Sestari
Foto: Getty Images

Olá, professoras e professores! Em outros textos aqui da coluna, compartilhei algumas sugestões de propostas que evidenciam os campos de experiências O Eu, o Outro e o NósCorpo, Gestos e Movimentos. Na conversa de hoje, quero ampliar o debate para o campo dos Traços, Sons, Cores e Formas

Esse campo de experiência está na pauta do sensível, da percepção do mundo à sua volta por meio dos sentidos, avançando para além do palpável, do descrito teoricamente, do comunicável de modo verbal ou escrito. 

Porém, como gosto de ressaltar, os campos de experiência não são áreas isoladas ou tampouco fazem parte de divisões do currículo. Eles estão atrelados às práticas pedagógicas que primeiro contemplam os direitos de aprendizagem das crianças e revelam o olhar intencional do professor que ora irá evidenciar um campo, ora outro, podendo inclusive ocorrer a partir de uma mesma situação de interações e brincadeiras com as crianças. 

Pois bem, o campo de experiência Traços, Cores e Formas contempla o princípio da estética e da sensibilidade, o reconhecimento da potencialidade da criança de também produzir cultura por meio de várias formas de expressividade artística. 

Talvez seja o campo que mais seja capaz de estabelecer diálogos entre as expressões internas e externas da criança, favorecendo que ela reconheça seus gostos, sentimentos e sensações nas interações que lhe são proporcionadas. Também envolve diferentes expressões para o desenvolvimento da autoria individual e coletiva no contato com as artes por meio de pintura, modelagem, colagem, fotografia, música, teatro, dança e audiovisual, entre outras.

Atividades articuladas com outros campos de experiência

Dentre inúmeras situações possíveis de serem contempladas, quero compartilhar algumas sugestões a partir dos planos de aula da NOVA ESCOLA para que vocês, professoras e professores, tenham a oportunidade de trazer esse campo de experiência em seu planejamento de maneira intencional e articulada com os demais. Vejamos algumas possibilidades:

Nesta sequência de atividades, a criança terá a oportunidade de desenvolver sua expressividade livremente por meio da criação de produções bidimensionais e tridimensionais a partir de elementos da natureza. 

O contato com a matéria viva – após sua coleta, escolha e observação – amplia as percepções da criança, pois uma tinta natural terá sua cor variável para experimentações e as folhas de uma árvore terão seu formato singular, favorecendo a arte livre, criativa em sua heterogeneidade. 

Nestas propostas, temos também vivências a partir de elementos da natureza, mas aqui o foco são as inúmeras possibilidades de manipulação. O contato com diferentes materiais riscantes e a oportunidade de brincar com tintas a partir de variados materiais e espaços contribuem para que a criança se perceba como parte de sua obra criativa. 

Precisamos superar modelos de propostas em que o recurso principal são lápis e folha A4, pois a criança precisa de muito mais. Precisa de chão, de paredes e, inclusive, experimentar a pintura em seu próprio corpo. 

Dentre as brincadeiras com a linguagem, as vivências com sons produzidos com o próprio corpo e com objetos do ambiente para acompanhar brincadeiras cantadas, canções, músicas e melodias precisam ser continuamente contempladas. 

Nosso corpo é vibração, nossas percepções têm ritmo, têm cadência, o som nos impacta sensivelmente desde os primeiros ruídos no ventre materno. No trabalho com crianças típicas e atípicas, essa linguagem é sempre a forma mais cuidadosa de aproximação e estabelecimento de vínculos, pois a música envolve, nos coloca disponíveis para o outro e para o mundo. 

Esses momentos são fundamentais para apreciação dos elementos da cultura local na diversidade de expressividades com sons, formas e cores. Quantos talentos existem na comunidade com os grupos culturais de dança, teatro, grupos folclóricos e instrumentistas? 

Na escola em que trabalho, proporcionamos experiências assim como oportunidade para que a comunidade escolar aprecie apresentações de teatro, música e outras atividades culturais locais. Os bebês e crianças pequenas ficam simplesmente encantados com os diferentes sons e movimentos. 

Recordo-me do dia em que tivemos a presença de uma cantora lírica na nossa escola. Logo na primeira extensão vocal, as crianças ficaram estarrecidas e, ao ouvirem canções da cultura da infância em tons eruditos, tiveram uma verdadeira experiência sonora. 

Faça uma pesquisa sobre os projetos culturais contemplados por editais de incentivo à cultura, pesquise entre as famílias aqueles que fazem parte de grupos artísticos e folclóricos, que sabem tocar um instrumento por profissão ou apenas por hobby, e organize momentos desse tipo com os pequenos. Sei que com a ampliação das tecnologias muitas coisas são possíveis de serem reproduzidas, porém nada substitui o contato e a presença física. 

Perceberam, caras e caros colegas, que ao trazer o campo de experiência dos Traços, Sons, Cores e Formas vários outros estão contemplados? Porém cada um tem seus objetivos específicos de desenvolvimento e aprendizagem, que estarão em evidência de acordo com as oportunidades criadas pelo professor, por meio de um planejamento que considere a criança em toda sua extensão de ser e estar no mundo. 

Um abraço e até breve!

Paula Sestari é professora da Educação Infantil da rede municipal de ensino de Joinville (SC), com dez anos de experiência nessa etapa, e mestre em Ensino de Ciências, Matemática e Tecnologias. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, e foi eleita Educadora do Ano com um projeto com crianças pequenas na área de Educação Ambiental.