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Escutar, falar, pensar e imaginar na Educação Infantil

Confira sugestões de atividade para o campo de experiência que contempla essas ações, sempre reconhecendo as narrativas dos pequenos

POR:
Paula Sestari

É preciso incentivar a imaginação e reconhecer que o pensar das crianças é, sim, potencialmente capaz de construir cultura. Foto: Getty Images

Olá, professoras e professores! A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é continuamente tema de nossas formações e discussões, e não poderia ser diferente. Afinal, é o documento que norteia nossas práticas, e nele estão os campos de experiências – inclusive, já tive a oportunidade de falar de alguns e compartilhar sugestões, como no caso dos campos “Eu, o outro e o nós”, “Traços, sons, cores e formas” e “Corpo, gestos e movimentos”.

Ao centralizar nesta conversa o campo de experiência “Escuta, fala, pensamento e imaginação”, lembremos que ele se encontra na área dos conhecimentos sobre a língua materna, por meio das aprendizagens de como as pessoas no entorno das crianças se comunicam e interagem ou na maneira como um povo preserva sua história com o auxílio da palavra oral e escrita – e, assim, constantemente ressignifica sua cultura.

Seja entre crianças ou com os adultos, a comunicação entre diferentes pares é muito importante. No entanto, vivemos ainda em uma cultura na qual as crianças são pouco ouvidas, em que muitas vezes suas falas, escolhas e narrativas carecem do endosso de um outro, o adulto, que lhes diga se isso ou aquilo serve, se pode ou não ser aceito.

Não obstante, escutamos frases como: criança se confunde fácil; os bebês não entendem o que eu falo; ele não ouviu ou não sabe do que se trata. Ou ainda, fala-se da criança ou sobre a criança sem se referir diretamente a ela, como se ela, ali presente, fosse um objeto ou parte de um cenário. Essas situações são evidências distantes de uma concepção que atribui valor à voz da infância e reconhece as crianças como sujeitos com ideias próprias sobre si e sobre o mundo que as cerca.

Atenção aos verbos disparadores

Portanto, esse campo contém verbos que são disparadores fundamentais: escutar, falar, pensar e imaginar. Primeiro, eles se direcionam a nós, adultos, que estamos em processo de aprender a escutar mais as crianças, falar com elas valorizando suas narrativas, reconhecer que o pensar delas é, sim, potencialmente capaz de construir cultura e jamais lhes impedir de imaginar, de se lançar em qualquer ideia e se visualizar em qualquer cenário.

No entanto, aproveito para lembrar que os campos de experiência não são conteúdos isolados, mas áreas que se complementam e que terão sua evidência pela prática intencional do professor.

Tendo claras quais concepções norteiam a prática, gostaria de compartilhar sugestões de estruturação de planejamentos, com base em planos de aula da NOVA ESCOLA, nos quais é possível garantir que de fato as crianças estejam se escutando nos sons, gestos e espaços que a todo instante comunicam algo, que falem de si e dos outros, sobretudo com a segurança de serem acolhidas.

Com os bebês

É muito importante que toda a rotina com os bebês seja muito comunicativa, expressiva. Que, no contato com o adulto, eles tenham referências de sorrisos e tons de voz que causem prazer, alegria e conforto.

Organize a alternância dos momentos de agitação e de calmaria para que o bebê experimente se regular pelas vozes, tons e entonações. É por meio desse contato que ele se apropria do mundo à sua volta.

Portanto, não apenas fale para os bebês, mas fale com os bebês. Cante com eles, aguarde e revele interesse nas suas respostas, permita que desde cedo eles reconheçam que suas expressões têm significado. Entre outras estratégias: as boas histórias, músicas, cantigas e demais elementos da cultura.

Acesse: 5 planos para ajudar a planejar atividades com bebês

Com as crianças bem pequenas

Nessa faixa etária, é essencial repertoriar as crianças bem pequenas com muitas histórias e momentos para imaginarem personagens na descoberta do faz de conta, na oportunidade de identificação com situações e narrativas.

As histórias contribuem para a vivência em espaço seguro de sentimentos como medo, frustração, hesitação, curiosidade e vários outros que as boas narrativas permitem reconhecer em nós.

Acesse: 5 planos de atividade sobre histórias de repetição 

Com as crianças pequenas

Um dos princípios da Educação está na estética, favorecendo que a criança tenha acesso a bons textos literários contendo rimas e aliterações e se envolva com o começo e o desenrolar de uma história.

Nos planos sugeridos abaixo, há oportunidades para conhecimentos importantes como a direção de leitura, a relação entre imagem e palavra escrita, a memorização e a continuidade.

Acesse: 5 planos de atividade sobre leitura e contação de histórias

Caros colegas, o campo de experiência do “Escutar, falar, pensar e imaginar” (trazido assim, propositalmente, na forma de verbos) nos impele para o vivido – as crianças terão a oportunidade de se apropriar dos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento elencados para cada grupo etário. E não somente a eles, mas a tudo que se refere ao valor da palavra para a construção da nossa identidade pessoal e coletiva.

Um abraço e até breve!

Paula Sestari é professora da Educação Infantil da rede municipal de ensino de Joinville (SC), com dez anos de experiência nessa etapa, e mestre em Ensino de Ciências, Matemática e Tecnologias. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, e foi eleita Educadora do Ano com um projeto com crianças pequenas na área de Educação Ambiental.

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