Desafios matemáticos para utilizar nos Anos Finais
Conheça sugestões e entenda como elas podem potencializar o engajamento e aprendizado da turma
POR: Rosiane Prates
Olá, professora e professor! É comum que os alunos encontrem, vez ou outra, bloqueios em relação à aprendizagem de conteúdos matemáticos nos Anos Finais do Ensino Fundamental. Quando isso acontece, sempre gera o questionamento de como repensar, renovar ou modificar a maneira como ensinamos, com o objetivo de engajar a turma e permitir aulas contextualizadas e inclusivas, não é mesmo? Dessa maneira, compartilho alguns desafios e jogos que podem contribuir para um maior envolvimento e um avanço na aprendizagem.
Os desafios são uma ótima ferramenta para o ensino de Matemática, podendo ajudar a torná-la mais interessante e envolvente para os alunos, além de serem uma forma divertida e eficaz de aprendizado. Porém, caros colegas, é Importante considerar alguns pontos no planejamento:
- Fazer conexões com outras disciplinas. A interdisciplinaridade é um aspecto que proporciona aprendizado de maneira enriquecedora, permitindo que os alunos façam conexões entre a Matemática e outros componentes como História, Ciências, Artes etc.
- Uso da tecnologia. Por meio dessa ferramenta é possível criar aulas mais interativas e dinâmicas com uso de softwares ou aplicativos, que podem, inclusive, estarem próximos do dia a dia da turma.
- Múltiplas formas de solução. Incentivar os alunos a utilizarem diferentes métodos de solução para resolver um desafio. Isso ajuda a desenvolver a criatividade e habilidade em analisar o problema por diferentes pontos de vista.
Inclua desafios e jogos no planejamento das aulas
Atualmente, após o retorno às aulas presenciais, é perceptível o quanto o termo "engajamento" ganha importância no planejamento das aulas e como se tornou comum o anseio de como levar uma atividade para realizar a prática pedagógica em Matemática. A seguir, apresento algumas sugestões que podem ser utilizadas com as turmas dos Anos Finais.
Mancala ou Xadrez do Oriente
É um jogo de tabuleiro, de origem africana, que pode ser utilizado em qualquer turma, mas, com forte indicação para utilização nas de 6º anos devido a características de conteúdo, que englobam o estudo de sistema de numeração decimal e resolução de problemas aritméticos. É um jogo que faz conexão com a disciplina de História, podendo-se abordar aspectos culturais e históricos que envolvem a Matemática.
Pode ser confeccionado com material manipulável reciclável, como cartelas de ovos, sementes, copo descartável ou outro objeto que substitua. A cartela de ovos são os cavas, na figura abaixo representados pela parte verde, o copo será a parte azul e as sementes são os pontos laranja. (As setas representam o sentido que cada jogador começa).
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O jogo Mancala é realizado em dupla, e cada jogador deve ficar sentado à frente do tabuleiro. São colocadas 4 sementes em cada cavidade da cartela, chamada de cavas no tabuleiro original. No total ,são distribuídas 48 sementes no início do jogo, a dupla define quem inicia a competição.
O jogador que começar escolhe uma cava do seu território, retira as 4 sementes, distribui de maneira subsequente no sentido anti-horário. Quando passar pelo seu Oásis (copos), deposita uma semente, continua a distribuição, com a atenção de não depositar no Oásis do outro jogador, se a última semente for no seu próprio Oásis, pode jogar novamente. Ao distribuir as sementes, sendo essa última no cava de seu domínio e este estiver vazio, captura todas as sementes do cava do seu adversário que está em frente, recolhe todas as sementes e coloca no seu Oásis. O jogo acaba quando não houver mais sementes para distribuir, vence o jogador que tiver mais sementes no seu Oásis.
Assim, colega, quando esse jogo é escolhido na prática pedagógica em Matemática, além dos aspectos citados sobre a conexão com a cultura e história, também precisamos lembrar da intencionalidade pedagógica. Nesse caso, podemos inserir o contexto da habilidade EF06MA02 e EF06MA03 da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que inclui cálculo mental e estratégias de cálculo variadas.
Quiz
Para essa proposta, o Kahoot pode ajudar. Ele é uma ferramenta online gratuita, que permite criar vários modelos de atividades, dentre elas, quizzes com perguntas de múltiplas escolhas. É possível, inclusive, adicionar tempo cronometrado e pontuação, aspectos que desafiam o aluno na busca por estratégias de maneira ágil.
Essa ferramenta permite a criação de desafios com conteúdo das diversas áreas da Matemática, o que é muito interessante, especialmente quando os aspectos curriculares da BNCC precisam ser evidenciados. Assim, é possível garantir versatilidade de atividades de olho nas habilidades matemáticas que precisam ser desenvolvidas no decorrer da aprendizagem, sobre números, geometria, grandezas e medidas, dentre outros.
Outra dica, colega, é a possibilidade de inserir a utilização dessa ferramenta nos diversos momentos da sua prática docente e turmas que leciona, seja na introdução, desenvolvimento ou conclusão de uma unidade didática, podendo até mesmo inserir como recurso de avaliação.
Problemas com múltiplas formas de solução
É interesse proporcionar aos alunos um modelo de tarefa com o formato de desafio, com intuito de desenvolver a habilidade de argumentação. A atividade pode ser em grupo ou em dupla, e a ideia principal é permitir que os alunos busquem os conhecimentos prévios, consigam montar estratégias e chegar a resposta com autonomia, uma vez que, nesse caso, a dificuldade não é considerada como uma barreira, mas um elemento importante da competição.
Vale lembrar, professora e professor, que o melhor é que você realize perguntas em vez de mostrar dicas, com intuito de o aluno tomar o problema para si e conseguir desenvolver a solução. Outro ponto importante, colegas, é quando o aluno erra, não solicite que o mesmo refaça a tarefa sem antes pedir que ele descreva e explique o raciocínio que teve ao desenvolver proposta de solução. Observar e discutir erro pode ajudá-lo a encontrar o caminho correto.
Jogo dos discos
Esse jogo pode ser feito com a utilização de cartolina, ou até mesmo no piso da escola. O foco é estudar o conceito de probabilidade por meio da experimentação com o lançamento de discos. Na cartolina, sugiro moedas e botões e, no piso, podem ser utilizados discos maiores construídos em material que permita o lançamento ou a reutilização de CDs. A cartolina precisa ser recortada com a mesma medida, bem como o quadriculado desenhado. Observe um exemplo:
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Veja, colegas, a figura acima é uma simulação do jogo, que por sua vez, tem como objetivo relacionar a probabilidade de ganho com a utilização de determinado disco.
No exemplo, considere que foram lançados seis discos com mesmo diâmetro, sendo que três deles são favoráveis por não tocar as linhas do quadriculado, e os outros três não são favoráveis porque tocaram ou interceptaram alguma linha do quadriculado.
A partir desse momento, é possível fazer relação da probabilidade de ganho, considerando os eventos favoráveis, tamanho do diâmetro do objeto lançado, lembrando que é necessário registrar os dados obtidos nos lançamentos de cada experimento e organizá-los em tabela, para que seja feito o cálculo da probabilidade de ganho.
Todas essas sugestões, professora e professor, permitem valorizar a postura de alunos protagonistas no processo de ensino-aprendizagem em Matemática, com autonomia por meio da mediação docente, característica indispensável no processo educativo. Escolher um tipo de aula que tem como proposta o engajamento da turma é uma forma de diminuir o temor pela Matemática, contribuindo com a realização de uma prática pedagógica contextualizada. Abraços e até breve!
Rosiane Prates é professora de Matemática dos Anos Finais do Ensino Fundamental, atua há mais de dez anos na rede pública e já integrou o Comitê de Avaliação do Município de Pinheiros (ES). Em 2022, participou da quarta edição do Mulheres na Ciência e Inovação, programa de formação para pesquisadoras no Brasil realizado pelo Museu do Amanhã e o British Council. Também foi professora-autora no projeto Planos de Aula de Matemática, realizado pela Associação NOVA ESCOLA. Além disso, tem participação como voluntária em projetos socioeducacionais e de empreendedorismo. É licenciada em Matemática e Pedagogia, graduada em Administração e especialista em Ensino e Currículo e em Matemática na Prática.
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