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Gestão escolar: dicas para o trabalho no primeiro mês do ano

A administração das escolas não pode parar: planejamento, organização e criatividade são as chaves para vencer nosso período mais solitário

POR:
José Marcos Couto Júnior
Foto: Getty Images

A escola não é lugar para se gerir sozinho. Ao longo do ano passado, em meio às reflexões aqui na coluna sobre diversos temas, como espaços diversificados de aprendizagem, o momento do conselho de classe, a necessidade de atualizar e revisar constantemente o Projeto Político-Pedagógico (PPP), entre outros assuntos, havia sempre um ponto comum: a necessidade de diálogo e construção coletiva junto aos membros da comunidade escolar.

Essa máxima vale para 11 dos 12 meses do ano. A exceção? Justamente janeiro, no qual estamos entrando agora. Isso porque só aqueles que conhecem as dores e as delícias de dirigir uma escola podem compreender a solidão (e a carga de trabalho) dos primeiros 31 dias do ano. Ao mesmo tempo que acompanhamos pelas redes sociais nossos professores e alunos viajando, descansando e se divertindo nas férias, nos vemos correndo em meio a um estranho silêncio no pátio e nas salas.

A lista de tarefas é grande: múltiplas demandas administrativas, organização dos horários das turmas, antecipar a solução de problemas iminentes, criar estratégias para possíveis carências de pessoal e outras ações que viabilizarão um bom retorno das aulas em fevereiro. E, se não tomarmos certos cuidados, deixaremos abertas algumas demandas que nos acompanharão (e atormentarão) ao longo dos próximos meses. Então, mão na massa, porque para nós o ano letivo já começou!

Organização, planejamento e execução de tarefas

Conheço pessoas altamente produtivas enquanto estão trabalhando sozinhas. No entanto, penso que, exceto por atividades muito específicas, essa não tende a ser uma característica de gestores escolares, talvez pela própria falta de prática. Em pleno 2023, é difícil imaginar aquele antigo estereótipo de diretores enclausurados em seus gabinetes.

Não à toa, ao menos para mim, estar em um ambiente sem barulho recorrente (lá na escola somos apenas três funcionários este mês), sem a necessidade de atender alunos ou professores e com pouquíssimas interações pessoais ao longo do dia, é um tormento – a ponto de fazer com que eu me perca e corra o risco de deixar de produzir se não me organizar muito.

Logo, começar o dia elencando com clareza os afazeres diários é algo imprescindível de fevereiro a dezembro, mas em janeiro essa ação pode ser a diferença entre o cumprimento das demandas e passar um dia zapeando sites de notícias, com serviços realizados pela metade.

Assim como eu, você, amiga diretora e amigo diretor, deve estar nesse momento elaborando estratégias para o atendimento de alguma turma sem professor, organizando sua prestação de contas, pesquisando preços para comprar materiais que serão utilizados já no início de fevereiro, fazendo matrículas na Secretaria, reformando alguma parte da escola que seria inviável com a presença de alunos ou mesmo respondendo a e-mails.

Então, é importante separar um tempo para pontuar e anotar o que precisa ser realizado naquele dia e/ou semana, com sobreavisos para as ações que não podem ser postergadas. Ter um quadro de planejamento em sua sala, ou mesmo apelar para os post-its, quase sempre viabiliza e mesmo salva nossa rotina neste começo de ano. É importante ter em mente que estar sozinho na escola não tem qualquer relação com diminuição ou falta de trabalho.

Parceria e criatividade na gestão escolar

Além disso, a solidão pode até limitar nossas ideias, mas não as elimina. De fato, sem a contribuição de diferentes olhares, é difícil pensar em ações para um espaço coletivo – só que nada impede de esboçar projetos que poderão ser debatidos com o grupo maior um pouco mais à frente.

Por exemplo: em 2019, quando inauguramos a EM Professora Ivone Nunes Ferreira, houve quase um mês em que a “escola” era composta apenas por mim e pelo Paulo Vitor, meu diretor-adjunto. Assim, iniciamos fevereiro com um planejamento escrito a quatro mãos, mas que foi sendo validado pela comunidade escolar ao longo de todo aquele ano.

Ainda assim, se você é inquieto e precisa ver gente, por que não organizar algum mutirão em sua unidade? Pequenas reformas, a organização de espaços pouco ou nada utilizados, ou mesmo a realização de uma ação social, podem fomentar desde já a presença da comunidade na escola. Essa dica até pode te trazer mais trabalho, mas com certeza a solidão não vai mais ser um problema.

Particularmente, lembro o quanto foi estranho o mês de janeiro de 2020, em que novamente estávamos só eu e o Paulo Vitor após o primeiro ano letivo completo. Não vou mentir: certamente preferíamos não estar trabalhando enquanto todos descansavam, mas os dias renderam! Termino esta primeira coluna de 2023 com a foto do nosso pátio antes e depois daquele mês, na esperança de ajudar a inspirar vocês.

Pátio da escola EM Professora Ivone Nunes Ferreira, no Rio de Janeiro (RJ), antes e depois da pintura. Foto: Acervo pessoal/José Couto Júnior


Em tempo, nós dois pintamos tudo sozinhos!

Abraços e até a próxima!          

 

José Couto Júnior é licenciado em História, tem mestrado em Educação pela Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e é doutorando em Educação pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Em 2018, foi eleito Educador do Ano no Prêmio Educador Nota 10. Servidor da Prefeitura do Rio de Janeiro há 13 anos, atua desde 2019 como diretor na EM Professora Ivone Nunes Ferreira, no Rio de Janeiro (RJ).