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Veja como trabalhar espaço, tempo e quantidade na Educação Infantil

O campo de experiência Espaços, Tempos, Quantidades, Relações e Transformações ajuda as crianças a interpretar o mundo em seus aspectos físico, simbólico, social e cultural

POR:
Paula Sestari

Os campos de experiência não são áreas isoladas e estão atrelados às práticas pedagógicas que primeiro contemplam os direitos de aprendizagem. Foto: Fernanda Luz/NOVA ESCOLA

Queridas professoras e queridos professores! No campo de experiência definido na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) da Educação Infantil como Espaços, Tempos, Quantidades, Relações e Transformações, as crianças desde muito pequenas se movimentam na tentativa de criar interpretações sobre o mundo que as cerca, seja nos aspectos físicos, materiais e imateriais ou simbólicos, sociais e culturais. Nesse sentido, o espaço da Educação Infantil visa promover situações para que as crianças possam realizar múltiplas descobertas em seu processo de aprendizagem e desenvolvimento.

Gostaria de compartilhar algumas sugestões a partir de estratégias de interação diária com variedade de objetos e situações explorando alguns objetivos desse campo. Para que a intencionalidade e a finalidade educativa da prática estejam garantidas, é importante que o professor defina objetivos de acordo com a faixa etária.

Nessas situações, quero apresentar sugestões a partir dos dois primeiros objetivos de cada grupo etário e mostrar como eles não se concretizam de maneira isolada dos demais campos. Não existe uma hierarquia de contemplação, tampouco o esgotamento de um poderia ser colocado como pré-requisito para o alcance de outros. Tem-se em vista também que cada criança tem seu próprio tempo e forma de relacionar-se com os objetos. Desse modo, os objetivos estão em constante retomada e se interpondo de maneira independente.

Vivências para os bebês:

Nessa etapa, a exploração é a grande ação executora do bebê e deve nortear o planejamento do professor. 

(EI01ET01) Explorar e descobrir as propriedades de objetos e materiais (odor, cor, sabor, temperatura)

Boas opções de atividade são o preparo de sachês com essência, a inserção de brinquedos no banho e explorar a consistência da comida conversando com o bebê e nomeando os alimentos. Entre muitas possibilidades, está a brincadeira com tecidos, esponjas e outras texturas confortáveis e seguras.

(EI01ET02) Explorar relações de causa e efeito (transbordar, tingir, misturar e mover) na interação com o mundo físico

Nessa perspectiva, é possível propor a brincadeira de encher e esvaziar potes de água; propiciar a exploração de tintas com elementos naturais e comestíveis para pintura corporal; tingimento em tecidos, sentindo a textura do material e a mudança no seu estado pela ação do bebê; brincadeiras de vai-e-vem de objetos; e rolagem de materiais de diferentes tamanhos e espessuras.

Brincadeiras para crianças bem pequenas:

Vejam que, nesta etapa, o verbo explorar se mantém como principal ação, mas pode, e deve, ser ampliado.

(EI02ET01) Explorar e descrever semelhanças e diferenças entre as características e propriedades dos objetos (textura, massa, tamanho)

É importante oportunizar brincadeiras com elementos de consistências diferentes, como geleca e massinha de modelar; encher e esvaziar potes de diferentes tamanhos; alterar a cor de substâncias com diferentes corantes; e realizar mistura para a formação de novas cores.

(EI02ET02) Observar, relatar e descrever incidentes do cotidiano e fenômenos naturais (luz solar, vento, chuva etc.)

No objetivo que se segue, o ato de observar é acrescentado para a ampliação da busca pelo que se passa na vida da criança bem pequena. Desse modo, pergunte às crianças como estava o tempo no caminho para a escola e amplie a curiosidade sobre o tema trazendo bons questionamentos e características. Leve-os para sentir o vento, o calor do sol, o frescor da sombra e a brisa do mar, para passear na chuva e pular nas poças de água que se formam pelo terreno.

LEIA MAIS: Brincadeiras sensoriais: entre descobertas e desenvolvimento

Crianças pequenas e investigações

Nessa etapa, além de explorar e sentir, as crianças têm a oportunidade de fazer investigações em situações de transformação dos materiais.

(EI03ET01) Estabelecer relações de comparação entre objetos, observando suas propriedades

Uma dica são vivências envolvendo o estado físico da água, que evidenciam diferentes processos. Quais sensações desencadeiam no corpo a partir do contato físico?

(EI03ET02) Observar e descrever mudanças em diferentes materiais, resultantes de ações sobre eles, em experimentos envolvendo fenômenos naturais e artificiais

Entre os fenômenos naturais, poderíamos sugerir o acompanhamento de geminação de uma planta e seu enraizamento. É possível observar, descrever e criar compreensão para uma infinidade de transformações, como as que ocorrem com os vulcões e o dia e noite, utilizando-se de recursos simples e seguros para as crianças pequenas.

Nessas experiências, as crianças também se deparam com conhecimentos matemáticos como contagem, relação entre quantidades, medida e comparação de pesos e comprimentos. Foto: Getty Images

Dentre essas possibilidades, a BNCC reforça que “nessas experiências e em muitas outras, as crianças também se deparam, frequentemente, com conhecimentos matemáticos (contagem, ordenação, relações entre quantidades, dimensões, medidas, comparação de pesos e de comprimentos, avaliação de distâncias, reconhecimento de formas geométricas, conhecimento e reconhecimento de numerais cardinais e ordinais etc.) que igualmente aguçam a curiosidade”. Inclusive, eu já trouxe aqui um texto bem bacana com sugestões sobre a resolução de problemas.

Outros campos de experiência 

Já mencionei aqui também propostas trazendo os outros campos. Aproveitem, caros colegas, para ampliar as possibilidades de aprendizagem de diferentes linguagens nas experiências que as crianças realizam todos os dias em meio a encantadora aventura de viver:

Um abraço e até breve!

Paula Sestari é professora da Educação Infantil da rede municipal de ensino de Joinville (SC), com dez anos de experiência nessa etapa, e mestra em Ensino de Ciências, Matemática e Tecnologias. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, e foi eleita Educadora do Ano com um projeto com crianças pequenas na área de Educação Ambiental. 

 

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