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Educação Infantil: dicas para o uso de tecnologias

Parecer do Ministério da Educação sinaliza possibilidades de trabalho com as crianças nessa etapa

POR:
Paula Sestari
Foto: Getty Images

Queridas professoras e queridos professores, nesta conversa de hoje quero compartilhar algumas sugestões de propostas pensando no uso das tecnologias a favor da aprendizagem. Gostaria de começar falando sobre o Parecer CNE/CEB 2/2022, homologado no ano passado pelo Ministério da Educação (MEC) e que trata das normas que definem o ensino de computação na Educação Básica de todo o país – incluindo a etapa da Educação Infantil. 

O parecer, que pode ser entendido como um complemento à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), enfatiza que a computação permite explorar e vivenciar experiências, sempre movidas pela ludicidade ao criar e testar algoritmos brincando com objetos do ambiente e com movimentos do corpo, de maneira individual ou em grupo. 

Objetivos do uso das tecnologias na Educação Infantil 

É importante considerar que os objetivos para esse trabalho se relacionam com os campos de experiência da Educação Infantil e, de acordo com o documento do MEC, devem considerar premissas como: reconhecimento de padrõesrelações mediadas pelas tecnologiasconhecer o conceito de algoritmo por meio das interações e resolução de problemas

Desse modo, as propostas devem se basear tanto em atividades plugadas, ou seja, com artefatos tecnológicos, quanto desplugadas, que consistem em trazer o pensamento computacional a partir de atividades do cotidiano, com jogos e materiais físicos e, no caso da Educação Infantil, a partir de brincadeiras e do movimento do próprio corpo

A princípio, aqueles mais avessos às tecnologias podem achar difícil falar sobre esse tema, mas com as dicas que vou apresentar a seguir, junto com cada eixo de trabalho, você vai ver que muitas das propostas já são desenvolvidas e que é a intencionalidade do professor que promoverá momentos desafiadores para as crianças, englobando essas aprendizagens. 

Quais são os três eixos da Computação nessa etapa?

  1. Pensamento Computacional 

Refere-se à aplicação de fundamentos como pensamento lógico, linguagem de programação e algoritmos, tudo para alavancar o pensamento criativo e crítico nas diversas áreas do conhecimento. Como sugestão de propostas, podemos pensar em brincadeiras com cantigas que trazem sons corporais, incluindo sequências e repetições a serem reconhecidas pelas crianças, como nesse exemplo do Grupo Triii.  

Além disso, outras boas ideias são organizar a agenda do dia na escola; relembrar com detalhes as ações que os pequenos realizaram desde que acordaram até a chegada à escola, para reconhecer padrões e divergências no relato de cada um; fazer o passo a passo da elaboração de uma receita culinária ou de uma dobradura, ou ainda organizar, de maneira sequenciada, as imagens de uma história. 

Mais uma sugestão é brincar com percursos a partir de desenhos no chão ou maquetes, como jogos de labirinto, amarelinha e sequências de números e de cores. Por fim, brincadeiras como “morto-vivo, “verdadeiro ou falso e “encontre o erro são boas sugestões para esse eixo trazendo propostas desplugadas. O site da NOVA ESCOLA possui uma seleção de planos de atividades que podem apoiá-los no planejamento dessas ações. 

  1. Mundo Digital

Diz respeito às aprendizagens sobre artefatos digitais, de forma segura e confiável. Entre práticas que podem ser realizadas, estão colocar as crianças estão o contato com calculadoras; ligar e desligar equipamentos como televisores, computadores, rádios e tablets; diferenciar dispositivos eletrônicos de não eletrônicos; explorar o uso do touch em telas, teclas e mouse; e ainda atividades com comando de voz como uma pesquisa no Google usando essa funcionalidade. 

Outra possibilidade interessante é planejar brincadeiras relativas ao estado de ativo e inerte, como “estátua, “pega-geloe “o mestre mandou”, e até, caso seja viável, apostar em jogos eletrônicos de dança como o Just Dance

Cultura Digital

Eixo que pressupõe a compreensão dos impactos da revolução digital e dos seus avanços na sociedade contemporânea. A ideia é que as crianças utilizem artefatos tecnológicos para questões cotidianas, como fazer uma pesquisa na internet ou mesmo participar de registros e da construção de portfólios fazendo fotos, vídeos e áudios, de maneira concomitante aos seus desenhos e criações gráficas.

Outra dica é que os pequenos conheçam mecanismos de interação de forma segura, enviando e-mails e mensagens de áudio e de texto, para que entendam a relevância da comunicação por correspondências desse tipo. 

Uma questão muito importante aqui é a possibilidade de organizar momentos de discussão com familiares sobre tempo de acesso a telas e qualidade do material consumido, como os jogos digitais. Sobretudo, deve-se identificar como os filhos deles se sentem nesse momento de contato com tecnologias, com relação a efeitos físicos e emocionais como a ansiedade e a própria agitação. 

Com isso, queridas professoras e queridos professores, concluo reforçando que vale a pena estudar esse parecer do MEC. E espero que as sugestões de atividade que listei aqui contribuam para a compreensão de que o pensamento computacional vai além de iniciativas em salas informatizadas – ele está presente nas situações reais oportunizadas às crianças desde pequenas, quando contemplamos em nossos planejamentos essas premissas do campo da computação. 

Um abraço e até breve, 

 

Paula Sestari é professora da Educação Infantil da rede municipal de ensino de Joinville (SC), com dez anos de experiência nessa etapa, e mestre em Ensino de Ciências, Matemática e Tecnologias. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, e foi eleita Educadora do Ano com um projeto com crianças pequenas na área de Educação Ambiental.

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