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Avaliação: como aproveitar os resultados a favor da aprendizagem

Reflexão pode ser realizada com provas externas ou internas, e contribui para garantir a aprendizagem de todos os estudantes

POR:
Selene Coletti
Com apoio da gestão escolar, é importante que os professores entendam as avaliações como instrumentos formativos e sejam aproveitadas no planejamento das aprendizagens. Foto: Getty Images

Estamos em fase de avaliações externas. No Ensino Fundamental, alunos do 2º, 5º e 9º ano se preparam para realizar o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB)

Os resultados da prova, que avalia as aprendizagens em Língua Portuguesa e Matemática, são utilizados para calcular o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), o qual impacta a distribuição do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). 

Na escola, o desempenho dos estudantes nessa e em outras avaliações deve ser aproveitado para construir um diagnóstico do que os alunos já sabem e o que é necessário continuar trabalhando, colaborando com o planejamento das atividades do dia a dia durante todo o ano.

As semanas que antecedem o SAEB são marcadas pela preparação para a avaliação e pela realização de simulados. No entanto, precisamos refletir até que ponto isto contribui para um melhor desempenho. É evidente que os alunos precisam estar familiarizados com esse estilo de prova, porém, acima de tudo, devem apropriar-se do conhecimento e ter a oportunidade de realmente aprender. 

O que fazer com os resultados das avaliações?

Espera-se que toda a equipe pedagógica conheça os resultados da escola no SAEB para analisá-los e utilizá-los em sala de aula. Compreender o que esses dados significam e como eles podem contribuir para a prática de sala de aula é algo que deve fazer parte da rotina e ser pauta dos encontros formativos na escola. 

Em minha escola, realizamos um simulado com as turmas de 2º ano para diagnosticar o que os alunos sabiam. Tabulamos os resultados para identificar as questões com maior quantidade de erros. Em seguida, procuramos atividades ligadas aos descritores do SAEB que cada turma teve mais dificuldade. Esta curadoria de sequências didáticas da NOVA ESCOLA, nos auxiliou muito. 

O próximo passo será realizar um novo simulado para verificar se as propostas permitiram desenvolver as aprendizagens que necessitavam ser reforçadas. 

Este mesmo movimento pode ser feito com as avaliações internas. Com apoio da gestão escolar, nós, professores, temos que desenvolver uma cultura avaliativa, em que as avaliações sejam vistas como um instrumento formativo

Estabeleça conexões com as avaliações internas

Para começar, o primeiro passo é ter clareza das habilidades que estão sendo colocadas em jogo naquela avaliação. Depois da aplicação, é hora de se debruçar sobre os dados para buscar novas estratégias que permitam garantir as aprendizagens esperadas. 

Diante dessas informações, pergunte-se:

  • O que os resultados dizem sobre a minha turma?
  • O que meus alunos conseguem fazer?
  • Quais estudantes ainda não atingiram as habilidades previstas? Estes estudantes são os que necessitam de uma atenção diferenciada para pensar em novas formas que permitam garantir a aprendizagem. 

Esse diagnóstico possibilitará elaborar um plano de ação de curto, médio e longo prazo. Esse planejamento precisa ser acompanhado e monitorado para verificar os avanços e, quando necessário, recalcular a rota. 

Aprofunde a análise dos resultados

A reflexão pode seguir pelas especificidades dos diferentes componentes curriculares. Por exemplo, na Matemática: como as práticas estão acontecendo? Os materiais manipuláveis são acessíveis a todos e estão sendo trabalhados a fim de permitir a compreensão dos conceitos? 

Nas aulas de Ciências, as propostas permitem que os alunos protagonizem a aprendizagem, experimentem, registrem, socializem e sistematizem as descobertas?

Outro ponto é pensar a respeito dos resultados alcançados pelos projetos em desenvolvimento. Por exemplo, se estiver com um envolvendo leitura: as atividades estão permitindo o contato prazeroso com a literatura, o desenvolvimento da fluência e compreensão leitora de todos? Os recursos disponíveis na escola estão sendo bem utilizados? Faltam recursos? Como é possível resolver?

Avaliação da própria prática

Muitas vezes, é necessário (re)pensar a forma como faz as intervenções em sala de aula, rever práticas pedagógicas para promover mais protagonismo dos alunos, investindo em momentos de socialização e sistematização dos saberes, do que está sendo ensinado e aprendido. 

Por isso, durante a análise dos resultados das avaliações (sejam internas ou externas), questione-se:

  • O que preciso manter que vem dando certo?
  • O que preciso rever? Quais estratégias preciso mudar para conseguir o resultado esperado?

Nesse exercício, olhe para sua prática sem culpabilização ou justificativas. O principal objetivo é encontrar aspectos de melhoria. O coordenador pedagógico pode auxiliar a enriquecer e a ampliar o olhar para fazer essa transformação. 

Implementar a cultura avaliativa, tanto para aproveitar os dados obtidos no SAEB quanto às informações coletadas pelas avaliações internas, é fundamental para aprimorar o processo de ensino e aprendizagem e garantir uma Educação de qualidade e com mais equidade. 

Você tem feito este movimento em sua escola? 

Um abraço e até a próxima!

Selene

Selene Coletti é professora há 41 anos na rede pública. Atuou na Educação Infantil e foi alfabetizadora por 10 anos, lecionando do 1º ao 5º ano. Em 2016, foi uma das ganhadoras do Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, com o projeto “Mapas do Tesouro que são um tesouro”, na área de Matemática. Foi diretora de escola e recebeu, em 2004, o Prêmio “Gestão para o Sucesso Escolar”, do Instituto Protagonistes/Fundação Lemann. Atuou como coordenadora do Núcleo de Formação Continuada e também como formadora da Educação Infantil na Prefeitura de Itatiba (SP). Atualmente é vice-diretora da EMEB Philomena Zupardo, em Itatiba.

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